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Confira o debate sobre boi inteiro x castrado

O BeefPoint iniciou a seguinte discussão: Boi inteiro x castrado – o que podemos aprender e refletir com o Uruguai, a discussão gerou um debate de alto nível, com participação de pecuaristas, representantes de frigorífico e também do varejo, confira os principais comentários:

Esta questão de boi castrado x inteiro lembra a história do ovo e da galinha… não castro porque não recebo a mais ou não recebo a mais porque não castro? Quem vem primeiro? A conclusão que chego é que a cadeia da carne bovina não é madura o suficiente para que os elos possam conversar. Deveria haver os dois produtos, o inteiro e o castrado. Afinal de contas está claro que são produtos diferentes para consumidores diferentes. Sem esta conversa, todos os elos perdem! Rodrigo Albuquerque

Discussão importante. O fato é que temos disponibilizado, por problemas de cobertura e pH, uma mercadoria que não atende às exigências de mercado. Para encaixá-la, portanto, temos que mexer (pra baixo) em preço; é por isso que as carnes do Uruguai, da Argentina, da Austrália, etc. valem mais que a do Brasil no mercado internacional (é carne de touro do Brasil vs carne de boi dos concorrentes). Essa desvantagem em termos de precificação afeta a cadeia toda.

Não estamos falando de nichos, de mercados premium, para os quais cabem premiações. Estamos falando da tal “carne commodity” que, ao contrário do que alguns pensam, não é sinônimo de porcaria. Qualquer commodity tem um padrão definido, que é aquele demandado pelo mercado. O boi parece ser a exceção.

Em 2013, na Minerva, 60% dos animais abatidos tiveram cobertura ausente ou escassa e tivemos 30% de ocorrência de pH acima de 5,9 (sendo que alguns mercados, como Chile e UE, exigem no máximo 5,8, o que aumenta o nosso problema). Se fossemos portanto discutir uma tabela de premiação, o que envolve também penalização (se de um lado eu vou premiar o bom, tenho de outro que penalizar o ruim, para equilibrar a balança), a maior parte dos animais teria que ser penalizada. A realidade é essa.

Lá atrás a indústria frigorífica começou a aceitar animais inteiros porque tinha que encher as fábricas; esse é o grande desafio quando se tem um parque industrial para abater 60-65 milhões de cabeças/ano (expansão mal planejada??) diante de uma oferta de 40-45 milhões. Agora arcamos com as consequências.

Tecnologia ajuda. O confinamento corrige boa parte dos problemas dos animais inteiros, principalmente no que diz respeito a cobertura (pH ainda incomoda, mas também aí há um efeito positivo, mesmo porque as unidades de confinamento tendem a ser próximas das fábricas. Mas o boi inteiro de safra é mercadoria “complicada”; via de regra, é ruim. Acho que é aí que as discussões – castrado x inteiro, nutrição, manejo, bem estar animal, etc. – têm que se concentrar. Fabiano Tito Rosa

A cozinheira sabe , a dona de casa sabe, o açougueiro sabe e o frigorifico sabe. Não pense que o produtor ignora que a qualidade da carne do boi castrado é muito melhor, tanto pelo acabamento como pelo PH.
A questão é , quanto cada um deles esta disposto a pagar por isso?
Eu não vou repetir as contas que já fiz mais de uma centena de vezes na fazenda antes de tomar a decisão , vou apenas me basear nos números citados na conversa com o Roberto.

Se o ” boi inteiro” que aliás se é inteiro é touro e não boi, tem um desempenho 10% melhor. O boi castrado deveria valer pelo menos 10% a mais (isso fazendo conta de padaria).

O produtor não castra o boi não é porque gosta de produzir um produto de pior qualidade, ele faz isso porque tem que pensar na sua sobrevivência, em uma atividade onde as margens são tão pequenas e onde a conversa com a indústria é inexistente. O que manda na relação é apenas o interesse inediato daquele que está comprando, se precisa comprar paga muitas vezes o mesmo preço por uma mercadoria AAA e uma C, nivela por baixo o mercado e desestimula aquele que precisa de tempo, planejamento e investimento. Quando o mercado remunerar o custo e a perda de produtividade da castração, o produtor vai correr para atender a esta demanda. Ricardo Viacava

São evidentes as vantagens do boi inteiro, principalmente em relação ao ganho de peso, rendimento, e peso final. Penso que podemos ter as duas opções, objetivando mercados bem definidos. Rogerio Zart

Esse é um bom assunto para ser tratado por grupos de produtores. E dali sair com uma proposta para a indústria, objetivando a classificação das carcaças e a avaliação do rendimento dos cortes comerciais. E obter subsídios para valorizar os cortes nobres, com etiqueta que ateste a qualidade e a veracidade do corte e do animal de onde provém. Como nossos produtores encontram dificuldades para tratar de assuntos importantes para si mesmos, eles precisam evoluir, desenvolver abertura até para receberem sugestões técnicas, e encara uma verdade que ótima para eles, e para quem adquire seus produtos. Quando nosso pecuaristas entenderão a mensagem” do pasto ao prato?” Gerzy Ernesto Maraschin

Creio, que realmente é interessante primarmos pelo boi castrado, mas desde que este tenha alguma vantagem econômica e retorno ao pecuarista que compense tal procedimento dentro da propriedade. Este procedimento além de perda de peso na carcaça final também requer alguns gastos a mais no próprio manejo interno da propriedade.
Mais uma vez entramos naquele velho impasse entre os “parceiros”, frigoríficos e pecuaristas.
Falando do lado do pecuarista, pelo menos da minha parte, queremos produzir o que o consumidor final quer e deseja, desde que exista uma remuneração para tal produto, que não fique apenas na mãos dos nossos “parceiros” frigoríficos. Parceria é tudo que é bom para ambas as partes. Manoel Vaz

Bom dia, engordo boi e minha opção é pelo boi castrado pelo fato dos animais, ficarem mais calmos e melhor acabamento de carcaça. Quanto a diferença de ganho de peso, procuro compensar com mais rapidez na sua terminação. João Bittencourt Neto

Para nós da Associação Wagyu, não tem questionamento, o boi tem que ser castrado e ser castrado antes da desmama. Já tivemos resultados suficientes para afirmar que quando castrado precoce a qualidade da carne melhora e muito. É só conseguir agregar mais valor pelo produto nobre que com certeza a qualidade supera quantidade. Rogério Uenishi

Observação: conforme as ilustrações, o ganho de peso vivo dos bois castrados é de 470kg -103 kg = 367kg e para os inteiros de 520kg -105kg = 415 kg. Isso representa uma vantagem de ganho de peso vivo no período de 48 kg para o boi inteiro. Ou como você disse, a perfomance é praticamente 10% maior para o inteiro.

Questão: se existe, qual é a remuneração adicional para o boi castrado e se a mesma compensa, financeiramente, o menor ganho de peso em relação ao boi inteiro ? Paulo Cesar Bastos

Não tenho dúvida da qualidade superior da carne de animais castrados.O problema está na diferença paga pela indústria frigorífica que não cobre o melhor desempenho do animal inteiro. Nós ainda vendemos peso e não qualidade. Adilson Dias

Acho que deveriam partir dos frigoríficos, mais incentivos e programas diferenciados para os produtores que ofertarem animais nestas condições, já que para o produtor brasileiro, tudo caminha para não se fazer mais uso da castração, principalmente em animais precoces e de melhor qualidade. Não vejo outro caminho para qualquer atitude a não ser resultado financeiro, nós produtores devemos aprender com o restante da cadeia, ou a medida resulta em lucro ou não vai passar de ideia. Lembremos da questão dos cuidados com a pele dos nossos animais, qual foi o benefício que nos ofertado até hoje a não ser para a própria indústria? Fabiano Milanezi

Porque não há incentivo para se produzir boi castrado?
Todos sabem que há um diferencial de custo na produção de um boi inteiro e um castrado. Porque não remunerar esse diferencial? Caberia ao produtor suporta-lo?
No exemplo do café, já existe uma boa diferencia de preço para os cafés ditos “gourmet”. O consumidor paga um pouco mais pela qualidade mas se sente compensado. De vinho, nem se fala.
A carne vendida nos balcões dos supermercados e açougues precisa deixar de ser uma simples commodity (carne de vaca!) e passar a ser escolhida por marca, qualidade, origem… Marcos de Carvalho Dias

Após ler esses comentários e pontos de vista, que mostram que o pecuarista brasileiro está pronto para atender qualquer demanda de qualidade da carne, conclui que chegamos novamente no velho gargalo da cadeia produtiva de carne bovina no Brasil: o não entendimento, em regulamentação técnica e de preços dos produtos entre indústria e pecuaristas, que abasteceriam o mercado com as opções de produtos e preços ao consumidor. Ado Albuquerque

Sou adepto do boi castrado e em todo tempo que engordei sempre foram castrados. Não mudei sistema pelo ganho maior com boi inteiro. Opinião própria, e com isso tive sim alguns privilégios do frigorífico que abatia, falo isso de 2007 para trás. Acredito que hoje manteria minha posição. As pessoas com quem trabalho deixo a livre escolha. Gosto da opinião do Sr. Ricardo Viacava acima. Beto Zillo

Um dos problemas que eu vejo, e que trabalhamos, nós produtores x frigoríficos, como adversários, onde os frigoríficos querem sempre o melhor boi, sem que paguem mais por isso . Um exemplo foi a briga pela qualidade do couro, queriam que todos nós produtores trocassemos os arames farpados por liso para evitar riscar os animais. Pergunto algum produtor recebeu algum dia alguma ajuda ou prêmio por isso? Então precisamos ser coerentes com o que rege o nosso setor, pararmos com achismo e tratarmos o setor produtivo como um parceiro que também precisa de maior rentabilidade para se manter ativo. Cleudir Machado 

Produtor x indústria: e a saga continua. Acho que a solução para quem quer receber mais é prestar atenção em quem já está recebendo.

Nestes dias conheci e conversei com produtor paulista com terra no MT. Ele abate gado comercial no JBS pelo programa No Ponto (castrado ou inteiro jovem). Além disso, produz para o programa TAEQ do Pão de Açúcar e para a Bonsmara Beef.

Ou seja, se programou e planejou sua produção para aproveitar o que há disponível por aí.

Há cooperativas no PR, a Associação dos Produtores do Vale do Araguaia-GO (Aprova), programas de carne de qualidade no interior de SP e MT, produção orgânica no Pantanal-MS, e por aí vai neste Brasil afora. O fácil sempre é simples, mas o simples muitas vezes não é fácil. Marcelo Alcantara Whately

Muito Obrigado a todos que elogiaram o artigo, o BeefPoint agradece a participação de todos, pois é possível ver na maioria dos comentários que a pecuária de corte irá evoluir ainda mais com a comunicação clara e efetiva e com confiança realmente estabelecida entre pecuaristas e frigoríficos, é muito importante que discussões como essa aconteçam com frequência, pois assim serão esclarecidos o ponto de vista das duas partes, e com o tempo e muito trabalho a pecuária brasileira poderá ser equiparar á pecuária do Uruguai no que diz respeito à boa articulação da cadeia da carne bovina.

2 Comments

  1. ALFREDO TEIXEIRA LOUZEIRO FILHO disse:

    Junto a Boi inteiro x Castrado, temos que analisar os seguintes temas: Idade, sexo,manejo,nível de acabamento, nutrição e bem estar animal. Não esqueçam que a carne de novilha é a melhor e os frigoríficos não remuneram.

  2. Moacir Müller disse:

    Boi Inteiro não é Touro. Conforme o Aurélio, Touro é o reprodutor bovino. O MA em suas classificações no novilho precoce aqui no MS também tem colocado no romaneio em animais inteiros de 24-36 messes com Touro. Deveria chamar de MI (macho inteiro).

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