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Confinamento goiano vai utilizar animais originados em um único rebanho de seleção

No município de Nova Crixás, em Goiás, está um dos maiores confinamentos de gado em área única do País. Na fazenda Conforto, de 12 mil hectares, dos quais oito mil hectares são de pastos, 90 mil bois serão abatidos, neste ano, com engorda finalizada no sistema intensivo. A produção pode chegar a 28,4 mil toneladas de carcaças, volume que corresponde a 2,1% da exportação de carne bovina no ano passado.

“Somos uma fábrica de fazer carne que trabalha 365 dias por ano”, diz o produtor Alexandre Funari Negrão, 63 anos, empresário que já foi o dono do laboratório farmacêutico Medley, vendido para a Sanofi por R$ 1,5 bilhão, em 2009.

Mesmo já produzindo em larga escala na Conforto, Negrão não quer parar. Agora, o plano é engordar 100 mil bois em um modelo inédito no País: abater todos os animais provenientes de uma mesma base genética. Isso vai permitir uma melhor eficiência na engorda dos animais, o que significa gado de mesmo padrão de idade, peso e conformação de carcaça.

Cláudio Braga, diretor-executivo da Conforto, afirma que o projeto é se­­melhante ao sistema de integração de abate de aves e suínos. “Acredito que, até 2021, a fazenda já esteja toda nesse modelo de qualidade genética. Mas, ao contrário do que ocorre com os pequenos animais, nós que abatemos não seremos os donos da genética.”

O fornecedor na parceria, fechada no início deste ano, é o grupo paulista Adir, que pertence a Adir do Carmo Leonel e seu filho Paulo Leonel, com propriedades em Ribeirão Preto (SP) e em Nova Crixás. Adir é reconhecido no setor da pecuária como um dos maiores especialistas em genética de nelore do País, principalmente na busca por um gado uniforme.

A ideia de Negrão é comprar bezerros ou garrotes para o confinamento somente de criadores que tenham utilizado na vacada touros selecionados por Leonel, ou sêmen desses touros. Negrão paga, inclusive, um prêmio de 20% sobre o preço da região, cotado pelo Cepea/USP.

No final do mês passado, um bezerro valia R$ 1,3 mil para a Conforto, com a arroba cotada a R$ 140.

Na Conforto, a receita esperada em 2017 é de R$ 245 milhões.

Para dar conta de encher o confinamento, Negrão compra cerca de 50 mil animais de fazendas vizinhas. São de cerca de 120 criadores, cada um com seu padrão de gado. É para deixar o modelo de compra pulverizada que ele fez a parceira com a família Leonel. Isso porque, de todo o gado comprado, o criador considera que apenas 10% possui genética superior.

Com a parceria fechada, Negrão se apoia em um trabalho de seleção genética de 57 anos.

Na fazenda Barreiro Grande, em Nova Crixás, está o núcleo de melhoramento do gado. São 400 fêmeas pu­­ras nelore e um grupo de 21 touros em coleta de sêmen. Eles produzem cerca de 80 mil doses por ano, com um crescimento de 15% ao ano. Além disso, são vendidos 140 touros por safra.

“O que nós fazemos é conectar quem utiliza o sêmen dos nossos touros e os compradores de bezerros”, diz Paulo. “No caso, ligamos os criadores com a Conforto.”

Hoje, a receita com a venda de touros e de sêmen é de R$ 4 milhões por ano, cerca de 46% do faturamento da fazenda, que também cria gado de corte. Somente na região de São Miguel do Araguaia (GO), 21 projetos de criação de bezerros já utilizam sêmen dos touros. Em geral, são pecuaristas que compram de 100 até mil doses. Para atender a Conforto, o projeto é integrar outros 12 produtores nos próximos quatro anos.

Fonte: Dinheiro Rural, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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