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Como uma notícia tendenciosa pode atrapalhar o setor?

Notícia publicada pelo site Meatingplace.com, especializado em mercado de carne, citando um estudo publicado no periódico The Lancet especializado em medicina é um exemplo de como informações incompletas podem prejudicar o setor produtivo de carne bovina. A notícia e o artigo não levam em conta uma série de fatores e dão como verdade a relação direta entre o consumo de carne bovina e doenças do coração. Esquece por exemplo que consumir carne bovina não é sinônimo de consumir muita gordura, pois existe carne magra, especialidade do Brasil.

Notícia publicada pelo site Meatingplace.com, especializado em mercado de carne, citando um estudo publicado no periódico The Lancet especializado em medicina é um exemplo de como informações incompletas podem prejudicar o setor produtivo de carne bovina. A notícia e o artigo não levam em conta uma série de fatores e dão como verdade a relação direta entre o consumo de carne bovina e doenças do coração. Esquece por exemplo que consumir carne bovina não é sinônimo de consumir muita gordura, pois existe carne magra, especialidade do Brasil.

Veja a notícia traduzida, abaixo:

Dietas mais saudáveis representam ameaça a produtores de carne

O consumo de alimentos com pouca gordura para reduzir os riscos de doenças crônicas pode ser uma ameaça a países em desenvolvimento cujas economias dependem da produção de carne, de acordo com um estudo publicado na sexta-feira no The Lancet.

A redução no consumo de carnes e produtos lácteos reduziria mortes prematuras por doença cardíaca isquêmica em 3% ao ano no Reino Unido, comparado com 2% no Brasil, informou o estudo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as pessoas obtenham menos de 10% de sua energia da dieta de gorduras saturadas.

Entretanto, o impacto econômico seria maior no Brasil, por causa da necessidade de mudar a produção agrícola e o comércio global, disseram os pesquisadores Karen Lock e Richard Smith, da Lond School of Hygiene and Tropical Medicine.

“O Reino Unido acumularia benefícios substanciais e associados baixos custos da adoção de uma dieta pobre em gorduras saturadas de origem animal”, escreveram os pesquisadores. “O Brasil teria poucos benefícios para a saúde, mas muito mais grandes custos econômicos com essa política”.

O conselheiro sênior da OMS, Badara Samb, foi citado como dizendo que cerca de sete em 10 mortes no mundo todo em 2030 resultarão de doenças não transmissíveis, como doenças cardíacas e diabetes. A maioria dessas doenças é crônica, disse Samb. Cerca de 80% dessas mortes ocorrerão em países de média e baixa renda, disse Samb.

O que o setor pode fazer para se proteger e lidar melhor com situações como essa? O que o setor pode fazer para fortalecer o trabalho do SIC, que opera com pouquíssimos recursos? Participe, sugerindo ações pró-ativas para a cadeia da carne. Obrigado.

0 Comments

  1. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Como engenheiro, fico perplexo com a mania dos médicos em tratar uma “função de múltiplas variáveis” como uma função de uma única variável, a ingestão de proteína animal.

  2. Juliana Santin disse:

    Eu acho que é necessário que a indústria de carne trabalhe para esclarecer mitos e informações errôneas sobre a carne vermelha junto ao consumidor, usando, para isso, veículos de mídia que tenha grande alcance junto à população em geral. Existem, a meu ver, muitos mitos e ideias errôneas relacionadas à carne. Por exemplo, a ideia de que toda carne vermelha é rica em gordura. Isso a torna um produto que não pode ser incluído em uma dieta saudável, o que não é verdade. Outras ideias muito difundidas entre as pessoas: – as carnes comerciais são cheias de hormônios e antibióticos; – os animais de produção são maltratados; – a produção pecuária é prejudicial ao meio-ambiente.
    Percebe-se uma tendência muito clara em direção à busca por uma dieta saudável atualmente. Se antes, quase não existiam refrigerantes light ou diet, hoje, existe uma infinidade de produtos com zero calorias no mercado. O mesmo ocorreu, por exemplo, no mercado de salgadinhos “chips”, que atualmente oferece várias opções de produtos assados, sem gordura trans, enriquecidos com nutrientes. Outro exemplo: a grande quantidade de produtos lácteos com pouca gordura, sem açúcar, com frutas. Tem também os cereais matinais, que, em alguns casos, passaram a ser feitos com grãos integrais.
    Eu acho que a carne magra tem potencial para ter um papel importante nas dietas saudáveis que se busca cada vez mais, por ser rica em nutrientes, como ferro, zinco, vitamina B, e também por ser uma excelente fonte de proteína de alta qualidade. Por isso, é importante que as pessoas saibam disso.

  3. José Arnaldo Favaretto disse:

    Caro Humberto, sou médico e pecuarista, e concordo apenas parcialmente com sua observação. Ao efetuar um ensaio clínico, tomamos o cuidado de definir com clareza os espaços amostrais e isolarmos adequadamente as variáveis, de maneira a podermos identificar os efeitos de cada uma delas isoladamente. No caso em questão, a associação apontada foi entre a ingestão de “gorduras saturadas de origem animal”, e não de “proteína animal”. Não há mais o que se discutir sobre a associação assinalada; o que nós, pecuaristas brasileiros, precisamos fazer com competência é dissiciar os dois fatores. Ou seja, uma dieta balanceada, nutritiva e pobre em gorduras saturadas pode, sim, contemplar a ingestão de carne bovina de qualidade, como nós produzimos. Se formos capazes de tornar o assunto claro para a população, diminuiremos os impactos de mitos e notícias mal fundamentadas.
    Cordialmente,
    José Arnaldo Favaretto
    3M Agropecuária & Florestal

  4. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Caro José Arnaldo,

    Uma pessoa de 50 anos de idade que consuma diariamente 100 g de carne, com 4% de gordura saturada, terá ingerido mais de 70 kg de gordura ao longo deste tempo. É bem verdade que a gordura não passa diretamente ao sangue, mas ainda assim os depósitos coronarianos não pesam mais que algumas gramas.

    Parece-me que cortar pela metade este consumo de gordura animal não iria fazer muita diferença. Assim, as causas destes depósitos coronarianos talvez possam ser melhor explicadas pela propensão genética, por exemplo.

    Tenho certeza de que os cientistas já devem ter analisado a incidência de problemas coronarianos em grupos familiares, mas estranhamente tais estudos encontram escassa, ou nula, divulgação na imprensa popular, tão fartamente “alimentada” com sugestões como esta dos srs. Lock e Smith.

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