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Como o consumo de carne deve reagir com o avanço da vacinação contra Covid-19

Depois de uma retração no consumo de carne bovina no mercado interno, a instituição financeira holandesa Rabobank projeta que o desempenho do setor apresente uma melhora para o segundo semestre de 2021. Nesta segunda, dia 26, a engenheira agrônoma esaqueana Anna Carolina Fett, analista do Rabobank, falou sobre o assunto.

“A gente tem percebido uma retração no consumo de carne bovina e desde o ano passado, na verdade, em 2020, a gente teve uma retração maior, principalmente pela questão da queda na renda da população. Com essa queda na renda, a gente encontra muitas vezes a substituição da proteína consumida, como a gente já viu antes em outros períodos de restrição da produção pecuária, como em 2014, 2016, por exemplo”, comparou.

De acordo com a analista, ao passo que o mercado interno sofre oscilação significativa, o mercado externo acabou compensando, mas existem variáveis para o setor continuar atento. “Teve um aumento das exportações, principalmente pelo consumo, pela demanda de carne da China. Desde o ano passado essa exportação do Brasil para a China tem se mantido, mas a China tem aumentado as origens de exportação. No começo desse ano, a China autorizou e certificou algumas plantas mais nos EUA e em outros países, mas as exportações no Brasil continuam”, constatou.

Na sequência, Anna apontou a projeção do Rabobank para a retomada do desempenho do consumo interno. “A previsão é que tanto a vacinação quanto o auxílio emergencial suportem um aumento do consumo de carne. Isso acontece porque com o brasileiro voltando a ter uma renda mais estável ou voltando a ter uma rotina de poder fazer seus churrascos, que a gente tanto gosta, a gente consiga ter um escoamento e consumo melhor dessa carne”, confirmou.

A retomada, de acordo com a analista, não será homogêneo. “Espera-se que em regiões diferentes (a retomada) siga enquanto a economia for se estabilizando. A gente sabe que muitas regiões foram muito afetadas pela questão do turismo ou então por a vacinação não estar tão avançada, mas espera-se que isso acompanhe a estabilização econômica dessas regiões”, disse.

Anna afirmou que a queda do consumo interno tem relação com a diminuição do poder de compra do brasileiro, e não com uma mudança de hábitos. “Com certeza, não. O Brasil tem a cultura do churrasco e a gente tem muito forte essa ligação com a pecuária e com a proteína, no geral. Não é que o brasileiro parou de comer carne. No momento, teve uma substituição por questão de valores, mas com certeza o consumo de carne bovina logo retorna”, estimou.

“A previsão para 2021 era de um pouco de queda em relação a 2020, mas fica em torno de 96 kg (de carnes) por habitante por ano. Isso é próximo de um pico que a gente teve em 2013. Na verdade, em 2013 a gente teve um pico e a previsão é de 5% menos, esses 96 kg por habitante, quase 97, essa é a previsão”, quantificou.

Para compensar a queda no consumo interno, o país mudou o mix de comercialização, conforme lembrou a agrônoma. “O Brasil continua sendo o maior exportador de carne do mundo. No ano passado foram exportadas mais de dois milhões de toneladas e com a continuação das exportações para a China, a gente teve uma pequena mudança. Então em 2020 a gente teve 74% (da produção destinados) para o mercado interno e 26% para exportação. Esses foram dados do IBGE no ano passado. Acredita-se que essa proporção siga nessa linha para esse ano”, complementou.

Anna ponderou que o bom desempenho da pecuária de corte depende não só do comportamento do mercado, mas também do próprio pecuarista. “Eu enxergo a intensificação como uma realidade para o pecuarista, sim. Por muito tempo a pecuária foi considerada vilã de consumo de água, de consumo de insumos como milho, terras. […] Mas isso leva tempo. Depois de tanto tempo como vilã, a pecuária começa a enxergar outras formas, outras estratégias de produção e também de aumentar o lucro. Esse aumento no peso médio da carcaça (4% no primeiro trimestre de 2021) pode ser uma demonstração disso, com a fase do ciclo pecuário que a gente está vivendo agora, muita retenção de fêmeas nas propriedades e, consequentemente, menos machos prontos para o gancho, para o abate. Essa estratégia de aumentar um pouquinho o volume de cada animal no gancho pode ser, sim, uma estratégia para intensificação. O produtor pode e deve fazer uso dessas estratégias conforme a sua situação porque se a gente pensar em alguns anos atrás, a gente tinha algumas inovações e tecnologias que mal eram comentadas. Há algum tempo atrás, nem inseminação era considerada rotina e hoje em dia já faz parte do dia a dia de muitas fazendas. Então tudo que o produtor puder usar para tirar uma pequena vantagem para a produção pecuária, eu acredito que vai ser cada vez mais forte”, respaldou.

“A pecuária é apaixonante, o Brasil tem uma história muito grande, muito longa com a pecuária. Então, apesar de a gente estar vivendo em um momento difícil agora, a previsão é de melhora e mais uma vez a gente acredita, batalha, corre atrás e a pecuária vai se recuperar, o mercado de carne vai se recuperar”, concluiu Anna.

Fonte: Canal Rural.

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