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Como escolher as áreas onde será iniciada a adubação?

Um dos principais fatores de sucesso da adubação de pastagens, senão o principal deles, é a escolha correta das áreas que serão inicialmente adubadas na propriedade. É muito comum verificar que o produtor, na tentativa de melhorar ou recuperar determinada área menos produtiva ou em início de degradação, inicia erroneamente as atividades de melhoria da fertilidade do solo nas piores áreas da fazenda. Essa decisão, no entanto, certamente não é a mais adequada, uma vez que plantas forrageiras mais debilitadas são menos responsivas à adição de fertilizantes do que aquelas mais bem estruturadas e/ou manejadas. Nesse sentido, buscando-se a melhor eficiência produtiva e econômica de utilização do fertilizante aplicado, as melhores pastagens da propriedade devem ser prioritariamente adubadas.

Um dos principais fatores de sucesso da adubação de pastagens, senão o principal deles, é a escolha correta das áreas que serão inicialmente adubadas na propriedade. É muito comum verificar que o produtor, na tentativa de melhorar ou recuperar determinada área menos produtiva ou em início de degradação, inicia erroneamente as atividades de melhoria da fertilidade do solo nas piores áreas da fazenda (Figura 01).

Essa decisão, no entanto, certamente não é a mais adequada, uma vez que plantas forrageiras mais debilitadas são menos responsivas à adição de fertilizantes do que aquelas mais bem estruturadas e/ou manejadas. Nesse sentido, buscando-se a melhor eficiência produtiva e econômica de utilização do fertilizante aplicado, as melhores pastagens da propriedade devem ser prioritariamente adubadas (Figura 02).

Como pode ser observado na Figura 01, apesar da baixa incidência de plantas invasoras, as pastagens encontram-se com pequena área foliar remanescente após o pastejo, o que retarda de maneira considerável a velocidade de rebrote após a aplicação do fertilizante. Caso tenha sido imposto manejo inadequado à planta forrageira por períodos prolongados de tempo, certamente seu sistema radicular, assim como as reservas de carboidratos e compostos nitrogenados encontram-se aquém do ideal, o que reforça ainda mais a baixa eficiência de absorção e utilização dos nutrientes pela planta forrageira.


Figura 01. Caracterização visual de áreas comumente eleitas pelo pecuarista para iniciar as atividades de adubação na propriedade

Já no caso da Figura 02, apesar de nunca terem sido adubadas, as pastagens foram bem manejadas ao longo do tempo, proporcionando assim melhor estrutura de coroa, maior área foliar remanescente pós pastejo, e provavelmente sistema radicular mais bem estruturado, com maior teor de carboidratos de reserva e compostos nitrogenados. Nessa condição, as repostas da pastagem a adubação são mais eficientes e rápidas.

Uma vez adubadas as pastagens da propriedade cuja aparência sejam semelhantes as da Figura 02, rapidamente sua capacidade de suporte (já maior que aquelas semelhantes as da Figura 01 antes mesmo das adubações) será alavancada, e com isso ocorre a absorção dos animais das áreas mais debilitadas, no sentido de consumir total ou parcialmente a maior produção de forragem decorrente da adubação.


Figura 02. Caracterização visual de áreas que devem ser escolhidas preferencialmente pelo pecuarista para se iniciar as adubações da propriedade

Permanecendo sem animais, pastagens semelhantes as da Figura 01 vão gradativamente se recuperando, sendo capazes de formar ao longo do tempo estrutura mínima suficiente para serem futuramente introduzidas de maneira eficiente no programa de adubação da propriedade, ou seja, áreas semelhantes às da Figura 01 devem ser vedadas ao acesso dos animais até que migrem, de maneira independente, sem adição de nutrientes ao sistema, dessa condição para aquela semelhante a da Figura 02.

Além do aumento da eficiência do uso de fertilizantes em pastagens de baixa capacidade de suporte após períodos consideráveis de vedação, no caso das pastagens adubadas, quanto maior o período que essa atividade vem sendo realizada, maior a resposta da planta forrageira. Dessa forma, avaliando duas áreas em uma propriedade, por exemplo, sendo que as duas estão aptas a receberem fertilizantes, porém uma delas nunca foi adubada e a outra vem sendo adubada sistematicamente com baixas doses de fertilizante nos últimos três anos, caso se pretenda trabalhar intensivamente em um dos pastos, aquele que vem sendo adubado é o que deve receber as maiores doses de nutrientes, enquanto que aquele recém recuperado deve ser adubado com as doses até então aplicadas na área já adubada.

Em resumo, existe uma seqüência de intensificação das pastagens, que se inicia na recuperação da estrutura dos pastos debilitados através de vedações prolongadas, passando por pastagens adubadas inicialmente com doses mais modestas de fertilizantes, e terminando em pastagens manejadas intensivamente, recebendo altas doses de adubo. Essa seqüência deve ser respeitada de modo que a relação custo:beneficio do processo de adubação seja a melhor possível.

Pastagens bem manejadas e adubadas de maneira intensiva, além de serem altamente eficientes no aproveitamento do fertilizante aplicado ao sistema, são capazes de promover acúmulos consideráveis de massa seca (MS) de forragem em curtos espaços de tempo. A figura 03 tenta retratar tal cenário, onde em primeiro plano está um piquete recém pastejado pelos animais (1) e ao fundo o piquete para o qual os animais foram transferidos (2). O intervalo de tempo em que a pastagem saiu da situação 1 e atingiu a situação 2 é de cerca de 33 dias, enquanto que o período de pastejo de cada piquete é de 3 dias.


Figura 03. Caracterização visual de pastagem de capim Tanzânia manejada intensivamente, com elevada adição de fertilizantes ao sistema

Além da “escada” de intensificação que deve ser respeitada, outro detalhe importante merece destaque no momento da escolha das áreas a serem adubadas inicialmente na propriedade, já que o mesmo pode confundir o profissional encarregado por tal escolha, levando-o a optar pela pior área. A tabela 01 apresenta a análise química de solo de duas áreas pertencentes a uma mesma propriedade, localizada no município de Ilha Solteira-SP.

Tabela 1. Análise química de solo dos pastos 01 e 11 da Fazenda Santa Gertrudes, em Ilha Solteira-SP

Caso apenas a análise de solo seja levada em conta na tomada de decisão de qual pasto deve ser adubado inicialmente, certamente o pasto 01 será o escolhido, visto que sua fertilidade natural é consideravelmente superior à do pasto 11. Por outro lado, ao se observar a real condição das pastagens em ambas as áreas (Figura 04), verifica-se que ao contrário do que a análise de solo indica, o pasto 11 está muito mais receptivo a adubação que o pasto 1, mostrando que a análise química de solo não deve ser o primeiro fator a ser analisado, mas sim uma ferramenta secundária. Supondo que os dois pastos se apresentassem bem estruturados para receber a adubação, e apenas um deles será adubado, a análise de solo seria então o critério de desempate.


Figura 04. Caracterização visual dos pastos 01 (A) e 11 (B) da Fazenda Santa Gertrudes, em Ilha Solteira-SP

Em resumo, nunca se deve basear apenas na análise de solo para recomendar a adubação de determinada pastagem, e também nunca se deve proceder a recomendação de adubação sem conhecer pessoalmente a área a que ela se refere.

Este texto é parte do módulo 1 do Curso Online Adubação de Pastagens: conceitos essenciais, que será ministrado por Ricardo C. D. Goulart, M.Sc., engenheiro agrônomo e doutorando em Ciência Animal e Pastagens, graduado pela Esalq/USP, onde realizou seu mestrado orientado pelo professor Moacyr Corsi, do Departamento de Zootecnia.

O curso terá início no dia 17 de fevereiro de 2011. Clique aqui para ver a programação completa e faça sua inscrição.

0 Comments

  1. Marcelo Augusto Barbosa Figueiredo Alves disse:

    Prezado Ricardo C. D. Goulart,

    A respeito da eleição de áreas para iniciar o processo de recuperação da fertilidade dos solos e intensificação do manejo das pastagens, concordo pelnamente contigo. Já há algum tempo venho repetindo essa idéia, que aliás gera desconfiança por parte dos pecuaristas, que tendem a iniciar a “reforma” nas áreas mais degradadas. Até que enfim deparei-me com um artigo que corrobora os meus pensamentos.

    Se me permite, gostaria de agregar aos seus comentários apenas mais dois conceitos, a saber.

    Nas áreas de menor fertilidade, aonde a decisão seja de colocá-la em descanso ou pousio e retardar o início dos procedimento de adubação, eu sempre sugiro avaliar a viabilidade de se fazer calagem nessas áreas, aplicando o calcário em cobertura mesmo, sem revolvimento do solo. Claro que existem diversos fatores a serem analisados para a tomada dessa decisão, mas a correção da acidez, ainda que superficial, pode contribuir para a recuparção da pastagem a ser melhorara e já ir preparando o terreno para as adubações.

    Com relação às duas análises de solo expostas, dos pastos 1 e 11, gostaria ainda de exercitar o seguinte: não é o caso, mas, supondo que as condições das duas áreas fossem as mesmas, o solo do pasto 11 possui uma CTC a ph 7 menor que a do pasto 1. A diferança de CTC talvez possa ser explicada pela diferença entre os teores de matéria orgânica entre os solos e, embora não apareça nas análises, também dos teores de argila. O fato é que, para uma CTC menor, as quantidades efetivas de corretivos e fertilizantes para atingir a saturação desejada da CTC serão menores. Desta forma, na área 11, com menores quantidades desses insumos se consegue elevar a quantidade de bases aos níveis desejados, o que implicará em menor investimento nas operações de correção da fertilidade. Por outro lado, também precisa ser considerada a expressiva diferença no teor de fósforo das duas áreas, que poderá determinar pela a escolha de uma delas. Não se esqueça que para esse exercício estou considerando que a condição das duas áreas fosse a mesma.

    Bem, é isso, espero estar contribuindo para o crescimento de todos os amantes da bovinocultura, como eu.

    Atenciosamente,

    Marcelo Augusto B. F. Alves
    Engenheiro Agrônomo
    Cuiabá/MT

  2. fernando bueno torres megiani disse:

    BOM DIA, caso optem em adubar a area 11, de momento havera a resposta, mas durante a seca com as raizes 95 % estão de 0 – 25 cm, abaixando a umidade o pasto secrá primeiro podendo até morrer.

    – corrijo o ph p/ 5,5 ( caso aumente muito haverá inibição pela planta de micros)
    – elevo o P p/ 15 ppm;
    – elevo o K P/ 1,3;

    Apartir disso inicio a adubação nitrogenada, caso contrario se adubar sem correção, o pasto só ficará verde, sem crescimento e na proxima safra, terei que reformalo.

    ABRAÇOS.
    FERNANDO MEGIANI

  3. Carlos Magno Pereira disse:

    Excelente artigo…pois sempre imaginei que somente à análise química de solo seria o suficiente para tomadas de decisões, quanto à adubação da pastagem.
    Ótimo comentário Marcelo; contribuiu bastante…

    Sucessos à todos!!

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