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Como anda o abate de fêmeas?

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pesquisa Trimestral de Abates, referentes aos últimos três meses de 2010. Segundo a pesquisa do IBGE, em 2010 foram abatidas nos frigoríficos brasileiros, com algum tipo de inspeção, 10.566.631 de fêmeas (vacas + novilhas), que foram responsáveis pela fatia de 36,11% do abate total de bovinos. Em 2009 esta participação foi de 37,37% e em 2008 de 39,00%, evidenciando que está sim existindo um movimento de retenção de matrizes na pecuária brasileira que deve se refletir na oferta de animais para abate nos próximos anos.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados da Pesquisa Trimestral de Abates, referentes aos últimos três meses de 2010. No 4º trimestre do ano passado, foram abatidas 7,183 milhões de cabeças de bovinos, uma queda de 3,0% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 3,8% em relação ao mesmo período em 2009.

Segundo dados do IBGE, em 2010 foram abatidas 29,265 milhões de cabeças de bovinos, representando aumento de 4,3% em relação ao ano anterior e o abate de bovinos tem mostrado recuperação após período de crise internacional (4º trimestre de 2008 ao 2º trimestre de 2009).

Mas a pergunta de todos é: como está a evolução do abate de fêmeas? É interessante analisar estes dados para termos uma noção de qual fase do ciclo pecuário estamos.

As constantes altas que vêm sendo observadas nos preços da arroba do boi gordo podem ser creditadas, principalmente, ao aumento da demanda mundial por carnes e a oferta reduzida de animais para o abate.

A primeira está relacionada ao aumento da população mundial, da renda desta população – que com mais dinheiro no bolso opta por comprar mais este tipo de proteína, em especial o brasileiro que tem experimentado uma melhor distribuição de renda e assim o mercado interno segue aquecido.

O segundo fator não é exclusividade do Brasil. Está claro que existem menos animais sendo disponibilizados no mercado, por aqui isso acontece devido ao intenso aumento no abate de matrizes que ocorreu de 2003 a 2006, em consequência dos preços reduzidos da arroba, que desestimularam investimentos na atividade produtiva e forçaram os criadores a abater um número maior de fêmeas para fazer caixa. Assim a oferta de bezerros diminuiu e posteriormente os reflexos apareceram no mercado do boi gordo também. Outro ponto que deve ser levado em conta e que agravou ainda mais o desequilíbrio entre oferta e demanda, é que há alguns anos a indústria frigorífica investiu no aumento e modernização do parque industrial brasileiro, promovendo a expansão da capacidade de abate, no entanto a produção não acompanhou esta expansão e o resultado todos nós conhecemos, boi “caro” em praticamente todo o país.

Segundo a pesquisa do IBGE, em 2010 foram abatidas nos frigoríficos brasileiros, com algum tipo de inspeção, 10.566.631 de fêmeas (vacas + novilhas), que foram responsáveis pela fatia de 36,11% do abate total de bovinos. Em 2009 esta participação foi de 37,37% e em 2008 de 39,00%, evidenciando que está sim existindo um movimento de retenção de matrizes na pecuária brasileira que deve se refletir na oferta de animais para abate nos próximos anos.

Gráfico 1. Participação de machos e fêmeas nos abates totais

Como isto vai influenciar nos preços da arroba já é outra história. É preciso acompanhar além da intensidade desta retenção, como será o comportamento do mercado interno – que vem ganhando importância nos últimos anos e segue aquecido apesar do aumento nos índices de inflação -, das exportações de carne bovina brasileira – que tem sofrido com a variação cambial desfavorável – e dos custos de produção; como estão sendo realizados os investimentos no setor; como irão evoluir os preços das outras proteínas de origem animal, principalmente frangos e suínos; como estará a saúde financeira do frigoríficos nos próximos anos; entre outros fatores que influenciam direta e indiretamente o mercado do boi gordo.

0 Comments

  1. José Roberto Puoli disse:

    Bom dia André,
    Gostaria de expandir um pouco mais sobre estas informações. Tenho mantido estas informações do IBGE bem atuaizadas, desde 97, quando começam as estatísticas deles.
    Se vc olhar a quantidade efetivamente abatida e não porcentagens, verá que as quantidades de boi e vacas abatidos em 2009 e 2010, é praticamente a mesma.
    Vaca Boi
    2009 8,720,174 19,158,577
    2010 8,760,880 19,122,483

    De 97 até 2002 (dezembro) o abate de fêmeas era aprox 4 milhões por ano, chegou no pico de 11 milhóes em 2006, e agora está aí, nos 8,7 milhões por ano.
    Enfim, a única coisa que penso, como já escrevi no último artigo, é que nossa pecuária está mudando, para um rebanho sem aqueles crescimentos enormes que tínhamos antes. E, consequentemente, teremos um abate de fêmeas em termos percentuais, maior que a média histórica.
    Por estes números do IBGE, não acredito que a retenção de fêmeas esteja acontecendo tão intensamente como vc colocou. Acredito muito mais em estabilidade e talvez uma pequena oscilação.
    Forte abraço
    limão

  2. Paulo Cesar Bassan Goncalves disse:

    O abate de femeas diminuiu ou o rebanho real diminuiu? Estes números do IBGE sempre foram por aproximação estatística e são de fonte “oficial”. Vamos avaliar com cuidado. Quem vive o dia a dia da pecuária sabe do que estou falando. Os bois estão sendo abatidos cada vez mais cedo e com peso um pouco menor, como consequencia o volume de carne esta menor apesar do abate ter se mantido em número de animais. Será que só eu vejo isto?

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    André,

    Até certo ponto vejo da mesma forma que o Sr José Roberto Puoli.

    A fase de forte expansão do rebanho brasileiro passou. Grande parte em decorrência das dificuldades de abertura de novas áreas por causa das pressões ambientais. Pastagens em áreas virgens possuem alta fertilidade inicial e baixo custo. Expandir o rebanho de cria de maneira sustentável economicamente sem esta contribuição de novas áreas tem se mostrado uma tarefa árdua.

    Com a redução do crescimento do rebanho de cria diminui-se a necessidade de retenção de femeas. E assim alterou-se o percentual histórico de abate de femeas no abate total. Este percentual agora será sistemicamente maior do que antes.

    Só que acho a comparação correta não entre 2009 e 2010 e sim entre 2005 / 2006 e 2009 / 2010. E por esta comparação não sei com tanto segurança se estamos retendo femeas apenas para repor o plantel ou para amplia-lo. Mas também tendo a achar que seja uma retenção de equilibrio e não de ampliação do rebanho.

    Por outro lado a intensificação da produção, especialmente a ampliação dos confinamentos, reduziu a idade de abate dos animais. Ou seja, somado com um percentual maior de “descarte” de femeas, temos cada vez mais produção de carne com um mesmo rebanho. Na verdade estamos elevando o “desfrute” e com isto diminuindo a pressão por ampliação do rebanho. Lógico que este movimento tem um limite, mas ainda temos muito para avançar.

    Precisamos considerar tudo isto, mais o crescimento da demanda interna e externa, na hora de projetarmos o cenário econômico para os próximos anos. Minha aposta é de preços firmes ainda por um bom tempo.

    Att,

  4. Manoel Terra Verdi disse:

    Sabemos que o mercado informal de gado para abate é composto quase que exclusivamente de femeas.
    Sabemos tambem que nas fazendas, enquanto o homem não mudar isto artificialmente, nascem metade machos, metade femeas.
    Se compararmos os abates registrados pelo IBGE, com o número de couros processados pela industria de cortume, teremos uma diferença no ano passado de aproximadamente 8 milhões, numero igual à diferença para menor de abates de femeas em relação aos de machos.
    Se este raciocinio estiver correto, tivemos no ano passado, equilibrio entre os abates de machos e de femeas, o que indica um rebanho estavel.

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