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Commodities: USDA surpreende, e soja e milho recuam em Chicago

O relatório de oferta e demanda mundial de grãos, divulgado nesta terça-feira pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), surpreendeu o mercado e gerou forte pressão sobre os contratos da soja e do milho na bolsa de Chicago. Por outro lado, os dados abriram terreno para a valorização do trigo.

O mercado já esperava que o USDA indicasse estoques mais confortáveis e aumento da produção americana, dados que pesariam sobre as cotações. No entanto, os números superaram, e muito, as expectativas dos investidores, que seguiram liquidando os papéis assim que o documento foi publicado.

A soja liderou as quedas em Chicago. O papel de maior liquidez, para novembro, caiu 2,44% (30 centavos de dólar), a US$ 11,9825 o bushel, e a posição seguinte, para janeiro, recuou 2,40% (29,75 centavos de dólar), para US$ 12,100 por bushel. Esse é o menor valor do contrato de segunda posição neste ano. Segundo o Valor Data, os papéis não fechavam nesse patamar desde 17 de dezembro de 2020.

O USDA elevou para 385,14 milhões de toneladas sua estimativa para a safra mundial 2021/22 de soja; no relatório de setembro, a projeção foi de 384,42 milhões de toneladas. Segundo o órgão, a safra americana da oleaginosa deverá somar 121,06 milhões de toneladas (a previsão anterior era de 119,04 milhões.

No documento, o USDA também reduziu sua projeção para a demanda global, que passou de 378,37 milhões para 377,27 milhões de toneladas. Assim, a previsão de estoques globais, que era de 98,89 milhões de toneladas, subiu para 104,57 milhões. O mercado trabalhava com expectativa de 101 milhões de toneladas.

“A soja surpreendeu com uma revisão para cima nos estoques finais, ainda maior do que o previsto”, disse Sal Gilbertie, presidente e diretor de investimentos da Teucrium Trading, à Dow Jones Newswires.

O relatório deste mês reforçou uma percepção do mercado que se formou no fim de setembro, quando o USDA reportou estoques de soja maiores do que o previsto no fim da safra 2020/21. Desde então, os investidores têm se posicionado seguindo a leitura de que o aperto no quadro de oferta e demanda global tende a diminuir, entrando em um período de recuperação.

Porém, com a safra da América do Sul apenas no início, especialmente no Brasil, maior produtor mundial, o mercado ainda terá de acompanhar a evolução das lavouras da região para definir uma direção mais firme aos preços.

O milho para dezembro, o mais negociado, caiu 1,97% (10,50 centavos de dólar) em Chicago, a US$ 5,2250 o bushel. O papel de segunda posição, para março, por sua vez, desvalorizou-se 1,89% (10,25 centavos de dólar), a US$ 5,320 o bushel.

O USDA aumentou sua expectativa para a produção global de milho – a projeção, que era de 1,197 bilhão de toneladas em setembro, passou a ser de 1,198 bilhão. A estimativa para a demanda global, por sua vez, recuou de 1,187 bilhão para 1,186 bilhão de toneladas, enquanto a previsão para os estoques iniciais cresceu para 290 milhões de toneladas, acima da expectativa do mercado, de 287,4 milhões de toneladas.

A previsão para os estoques finais do ciclo 2021/22 passou de 297,6 milhões de toneladas para 301,7 milhões, número superior à média prevista por analistas consultados pelo jornal “The Wall Street Journal”, que estimavam 298,4 milhões de toneladas. A relação estoque uso também subiu, de 0,24 para 0,25.

A estimativa de produção nos EUA, onde a colheita do cereal está em andamento, subiu de 380,9 milhões para 381,5 milhões de toneladas; a projeção para a demanda caiu de 313,1 milhões para 311,9 milhões de toneladas; e a expectativa de exportações do país subiu de 62,9 milhões para 63,5 milhões de toneladas.

A projeção para os estoques iniciais de 2021/22 no país saiu de 30,1 milhões para 31,4 milhões de toneladas, enquanto os estoques de passagem ao fim da temporada deverão ser de 38,1 milhões de toneladas, acima das 35,8 milhões de toneladas previstas em setembro.

Embora o mercado aguardasse aumento nos estoques e na produção americanas, a alta maior que o esperado surpreendeu. Segundo o analista Charlie Sernatinger, da ED&F Man Capital, o cereal começa a perder fundamentos que o têm sustentado em patamares acima de US$ 5 por bushel.

“Agora que esses dados foram divulgados, o mercado voltará rapidamente sua atenção aos relatórios de demanda e colheita. Já há apostas de que o USDA precisará ajustar os números de demanda nos EUA para baixo, especialmente se a América do Sul continuar a pressionar o mercado mundial”, disse em relatório o analista Karl Setzer, da Agrivisor.

Após acumular três baixas seguidas, o trigo a subir na bolsa de Chicago, sustentado por perspectivas mais pessimistas para a safra global 2021/22. O vencimento para dezembro, o mais ativo no momento, subiu 0,31% (2,25 centavos de dólar), a US$ 7,340 o bushel, e o contrato de segunda posição, para março, avançou 0,23% (1,75 centavo de dólar), para US$ 7,4725 o bushel.

O USDA cortou suas estimativas para a colheita de trigo na América do Norte em meio aos problemas climáticos na região, o que afetou as perspectivas para a produção global. O órgão projeta agora uma produção mundial de 775,87 milhões de toneladas, uma redução de 4 milhões de toneladas em relação à estimativa de setembro. Apesar da forte redução nas projeções, ainda se trata de um volume maior que a colheita estimada da safra passada, de 774,74 milhões de toneladas.

No documento, o USDA estimou a produção dos Estados Unidos em 44,79 milhões de toneladas, ou 1,4 milhão de toneladas a menos que o cálculo anterior e quase 5 milhões de toneladas a menos do que a colheita da safra passada. Apesar do corte na previsão de oferta, o órgão manteve sua estimativa para as exportações americanas em 23,81 milhões de toneladas.

O USDA também alterou a estimativa para os estoques de passagem da safra internacional anterior (2020/21) para a atual. Saíram da conta 4,2 milhões de toneladas, o que impactou a estimativa para os estoques finais da safra corrente. A nova projeção é de que haverá 277,18 milhões de toneladas de trigo no fim deste ciclo, 6 milhões de toneladas a menos que o projetado em setembro.

Os estoques finais nos EUA foram estimados em 15,79 milhões de toneladas, cerca de 1 milhão de toneladas a menos que o calculado anteriormente. Apesar de números que poderiam oferecer suporte para uma alta mais consistente, a forte queda da soja e do milho limitou a valorização do trigo, disse Doug Bergman, da RCM Alternatives.

Fonte: Valor Econômico.

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