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Commodities: Soja sobe em Chicago, com mercado à espera do USDA

A soja fechou em leve alta nesta terça-feira na bolsa de Chicago, com os operadores fazendo os últimos ajustes de posições antes da divulgação do relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que será publicado no início da tarde desta quarta-feira (horário de Brasília). O contrato para março, que é o mais negociado atualmente, subiu 0,15% (1,75 centavo de dólar), para US$ 13,8650 o bushel.

Para o relatório, a expectativa de analistas consultados pelo jornal “The Wall Street Journal” é de que o USDA eleve sua estimativa para estoques domésticos de soja e trigo e reduza os de milho ao fim da temporada 2021/22. Para os estoques mundiais, a previsão indica que o USDA deve reduzir as estimativas para a soja e para o milho e aumentar as de trigo.

“Em sua maioria, o mercado espera que a projeção para a colheita se mantenha estável para os EUA, com pequenas mudanças na demanda. Também não seria surpresa ver mais mudanças nos balanços sul-americanos do que nos domésticos”, disse o analista Karl Setzer, da AgriVisor, em relatório.

A expectativa para o USDA fez com que o mercado deixasse de lado os números divulgados na manhã de hoje pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira de grãos em 2021/22. A avaliação é de que, diante das previsões de consultorias privadas, a estatal fez um corte tímido nas previsões para a soja.

A projeção da Conab agora é de uma colheita recorde de 140,5 milhões de toneladas de soja, inferior às 142,8 milhões do mês passado, mas 2,3% superior à de 2020/21. Segundo a estatal, a projeção deve-se à elevação de 3,8% na área plantada, que abriu espaço para uma compensação na quebra estimada nos Estados do Sul.

Para o IBGE, a safra em 2022 será de 138,3 milhões de toneladas, também um recorde. Já consultorias privadas estimam quebra de mais de 10 milhões de toneladas, o que renderia uma colheita pouco acima dos 130 milhões de toneladas.

“A redução de produção da Conab não foi tão agressiva quanto as de algumas estimativas privadas”, reforçou o analista Doug Bergman da RCM Alternatives, à Dow Jones Newswires.

O diretor presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, destacou que os números divulgados para a soja não relataram todo o cenário de perdas no campo, já que o levantamento foi feito entre os dias 12 e 18 de dezembro de 2021.

Técnicos da Conab foram a campo na semana passada para atualizar as informações sobre o milho. O mesmo será feito na próxima semana nas lavouras de soja do Paraná e Mato Grosso do Sul, para buscar números mais “reais” na estimativa da colheita da oleaginosa.

“Independentemente disso, nos próximos 30 a 60 dias, haverá cerca de 190 milhões de toneladas de grãos sul-americanos disponíveis no mercado mundial, o que praticamente tira os EUA do cenário para muitos possíveis compradores”, disse o analista Dan Hueber, lembrando que essa situação poderá exercer pressão de baixa em Chicago.

No mercado dos EUA, exportadores relataram a venda de 100 mil toneladas de soja para o México, segundo o USDA. No Brasil, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estima que as exportações da oleaginosa chegará a 4,27 milhões de toneladas em janeiro, um crescimento de 79 vezes em relação ao registrado em 2021, quando a colheita da safra atrasou, represando os embarques para os meses seguintes.

Também sob expectativa para o USDA, o milho registrou avanço tímido. O contrato para março, o mais ativo, subiu 0,21% (1,25 centavo de dólar), a US$ 6,010 o bushel. A posição seguinte, para maio, também teve alta de 0,21% (1,25 centavo de dólar), a US$ 6,0250 o bushel.

Sem grandes novidades nos fundamentos, o mercado não teve força para uma alta mais expressiva. A tendência é de que o USDA reduza sua previsão para os estoques globais do cereal, especialmente com ajustes na Argentina.

No Brasil, a Conab cortou em 14,7% sua projeção para a primeira safra de milho, para 24,8 milhões de toneladas – se confirmado o resultado, será uma alta de apenas 0,3% em relação a 2020/21. No mesmo relatório, a estatal afirmou que a colheita de milho nos três Estados do Sul do país deverá ser 9,1% menor que a da temporada anterior.

Ao contrário do Sul, as demais regiões do país apresentam “ótimas condições”, relata a Conab. A expectativa de recuperação é maior com a segunda safra de milho, que será instalada depois da colheita da soja. A estatal estima que a produção seja 42% maior que na temporada 2020/21, com mais de 86 milhões de toneladas.

Ainda no país, a Anec apontou que a previsão é que o Brasil exporte 2,65 milhões de toneladas em janeiro, o que representaria uma alta de 22,4% sobre o mesmo período de 2021.

Por fim, o trigo continuou sua recuperação de preços na sessão desta terça-feira em Chicago. O contrato com entrega para março, o mais negociado, subiu 1,08% (8,25 centavos de dólar), a US$ 7,7025 o bushel. Já a posição seguinte, para maio, avançou 1,28% (9,75 centavos de dólar), a US$ 7,7325 por bushel.

Os investidores aguardam a atualização de safra nos EUA, que o USDA divulgará amanhã. Nela, o mercado poderá ter uma real noção dos efeitos do tempo seco em importantes Estados produtores.

No entanto, o analista Jack Scoville, do Price Futures Group, alerta que a fraca demanda pelo cereal americano poderá limitar altas expressivas no mercado em Chicago. “A ideia era de que os EUA teriam uma boa demanda por trigo, já que o resto do Hemisfério Norte está com pouca produção neste ano, mas até agora a demanda tem sido média ou menor em relação aos anos anteriores”, disse ele, em relatório.

Fonte: Valor Econômico.

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