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Commodities: Soja ‘ignora’ China e sobe mais de 2% em Chicago

Os preços da soja fecharam em alta na bolsa de Chicago nesta quarta-feira, acompanhando a valorização de seus derivados e refletindo também as incertezas climáticas nas áreas de cultivo da América do Sul. O contrato com vencimento em março, o mais negociado atualmente, valorizou-se 2,33% (32,75 centavos de dólar), fechando a US$ 14,440 o bushel, e a posição seguinte, para maio, subiu 2,19% (31 centavos de dólar), a US$ 14,470 o bushel.

O mercado está optando por ignorar a demanda fraca na China para se concentrar no que percebe como riscos de produção, como a previsão para as próximas semanas na América do Sul”, disse Arlan Suderman, da StoneX, à Dow Jones Newswires. Há previsão de chuvas esparsas no Brasil e na Argentina durante o fim de semana, de acordo com a DTN.

A forte demanda por matéria-prima do setor de biocombustíveis fez com que o óleo e o farelo de soja subissem mais de 2% na sessão. A valorização dos dois produtos ofereceu suporte adicional às cotações do grão.

No Brasil, a Safras & Mercado cortou em 4,5 milhões de toneladas – de 90 milhões para 85,5 milhões de toneladas – a sua previsão para as exportações de soja em 2022. A mudança, explica a consultoria, decorre de sua projeção de quebra de safra no país, causada pela estiagem que atinge principalmente a Região Sul. Caso a estimativa de embarques se confirme, o volume será 1% menor que o do ano passado, quando as vendas ao mercdo externo somaram 86,1 milhões de toneladas.

Segundo a Safras & Mercado, a oferta total (estoques, colheita e importação) de soja no país neste ano deverá ser de 139,1 milhões de toneladas, ou 2% a menos que em 2020. A demanda, por sua vez, deverá repetir as 136,6 milhões de toneladas do ano passado.

Depois de leve correção técnica na véspera, o milho voltou a subir na bolsa de Chicago. O contrato para março, o mais ativo, avançou 1,13% (7 centavos de dólar), a US$ 6,270 o bushel. Já a posição seguinte, que vence em maio, fechou em alta de 1,05% (6,50 centavos de dólar), a US$ 6,250 o bushel.

No momento, o tamanho da área destinada ao cereal na próxima safra americana é uma das principais preocupações dos operadores. Os Estados Unidos são o maior produtor e exportador de milho do mundo, mas, com o forte aumento dos custos no campo, em especial os de fertilizantes, alguns produtores podem acabar migrando para outras culturas.

“Vários fatores terão impacto sobre a área [de plantio] da próxima primavera, incluindo a demanda local, o clima e as rotações das culturas. Historicamente, os agricultores não alteram suas rotações, independentemente da economia”, disse o analista Karl Setzer, analista da AgriVisor. Ele ressaltou que o trigo, que emendou uma sequência de altas em Chicago recentemente, é um dos produtos com potencial de “roubar” hectares do milho.

A valorização da soja na sessão ofereceu suporte extra às cotações do milho, assim como a demanda firme por matéria-prima para a produção de biocombustíveis. Nos EUA, o etanol americano é majoritariamente feito de milho.

Nem mesmo a queda na produção na produção americana de etanol foi suficiente para derrubar os preços do cereal. Segundo a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês), a produção do biocombustível caiu 1,2% na semana encerrada em 21 de janeiro, para 1,04 milhão de barris por dia. O número ficou dentro da expectativa de analistas ouvidos pelo jornal “The Wall Street Journal”, que projetavam um volume entre 1,01 milhão e 1,09 milhão de barris.

Já os estoques do biocombustível atingiram seu maior patamar desde maio de 2020 – com acréscimo 890 mil barris, o inventário de etanol no país é agora de 24,48 milhões de barris. Os analistas de mercado previam estoques na faixa entre 23,7 milhões e 24,49 milhões de barris.

Por fim, o trigo passou por uma forte realização de lucros. O vencimento para março, o mais negociado atualmente, recuou 2,81% (23 centavos de dólar), a US$ 7,950 o bushel. A posição seguinte, para maio, encerrou em baixa de 2,61% (21,50 centavos de dólar), a US$ 8,0075 o bushel.

Ainda sob o clima tenso entre Rússia e Ucrânia, o mercado optou pela venda dos futuros após o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) apresentar, durante a tarde, uma direção mais clara sobre a política de juros do país para os próximos meses. A autoridade monetária decidiu manter sua taxa básica de juros, que está entre 0% e 0,25% ao ano.

O impasse entre russos e ucranianos segue no radar dos investidores e deverá ter influência sobre os negócios nas próximas sessões. A AgResource afirmou nesta quarta que a queda das cotações do trigo prosseguirá até que surjam novidades sobre o cereal.

Fonte: Valor Econômico.

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