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Commodities: Soja avança pelo terceiro dia seguido em Chicago

Nesta quarta-feira, a soja fechou em alta na bolsa de Chicago pelo terceiro dia consecutivo. O contrato com vencimento em maio, o mais negociado atualmente, subiu 1,31% (22,25 centavos de dólar), a US$ 17,1875 o bushel, enquanto a posição seguinte, julho, avançou 1,18% (19,75 centavos), a US$ 16,9850 o bushel.

A oleaginosa foi influenciada pelo desempenho de farelo e óleo de soja, que subiram 1,1% e 1,5% na sessão, respectivamente. Além de a guerra na Ucrânia ter tido alguns efeitos negativos sobre a cadeia de soja, como a redução da oferta do óleo de girassol ucraniano, a Argentina restringiu suas vendas ao exterior de óleo e farelo de soja, dos quais os argentinos são grandes exportadores. Esses elementos ofereceram sustentação aos preços.

Outro ponto de sustentação da oleaginosa foi o declínio do dólar em relação ao real. A desvalorização da moeda americana reduz as margens de exportação dos agricultores do Brasil, maior produtor mundial, o que obriga o mercado internacional a aumentar sua remuneração pela soja.

Os investidores também monitoraram a possibilidade de mudança nas perspectivas de plantio nos Estados Unidos para a safra 2022/23. Em um período de “disputa” por área entre soja e milho, o mercado tem elevado os preços ofertados pela oleaginosa para que ela não perca espaço para o cereal, que teve forte valorização desde o início da guerra na Ucrânia.

Milho

Nas negociações do milho, os contratos para maio, que ontem haviam recuado 0,4%, avançaran 0,63% (4,75 centavos de dólar) nesta quarta, a US$ 7,5775 o bushel. A posição seguinte, para julho, subiu 0,69% (5 centavos de dólar), para US$ 7,3475 por bushel.

O cereal segue oscilando nas negociações diante da falta de perspectiva de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. O mercado já absorveu os primeiros efeitos da guerra sobre o quadro de oferta e demanda global. No entanto, caso o conflito se estenda, o cenário poderá ficar mais apertado do que o que se previa inicialmente.

Durante o pregão, a consultoria francesa Strategie Grains reduziu para 12 milhões de toneladas sua previsão para as exportações remanescentes de milho da Ucrânia na safra 2021/22 e para 13 milhões de toneladas a projeção para o trigo. Antes da guerra, a expectativa para ambas as commodities era de 17 milhões de toneladas.

Ontem, o ministro da Agricultura ucraniano, Roman Leshchenko, já havia dito à Reuters que a área destinada ao plantio de grãos no país poderá cair pela metade nesta primavera, para cerca de 7 milhões de hectares. Para o Commerzbank, essa redução deverá afetar mais o milho que o trigo.

Nos Estados Unidos, a produção diária de etanol subiu 1,6% na semana encerrada em 18 de março, para 1,042 milhão de barris por dia, informou a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês). O número ficou acima do esperado por analistas ouvidos pelo jornal “The Wall Street Journal”, que previam volume de 1,02 milhão a 1,035 milhão de barris diários.

Os estoques do biocombustível também cresceram, renovando seu maior nível desde abril de 2020. Com incremento de 200 mil barris, o estoque etanol no país agora é de 26,15 milhões de barris. Esperava-se que o inventário ficasse entre 26 milhões e 26,2 milhões de barris nesta semana.

Trigo

Por fim, o trigo foi na direção contrária dos outros grãos negociados em Chicago e caiu. O contrato para maio, o de maior liquidez no momento, encerrou em queda de 1,12% (12,50 centavos de dólar), a US$ 11,0575 o bushel, enquanto a posição seguinte, para julho, recuou 0,89% (9,75 centavos), para US$ 10,9125 o bushel.

O analista Arlan Suderman, da StoneX, avaliou que o mercado do cereal segue com forte pressão por realização de lucros, apesar de a guerra na Ucrânia seguir como um grande ponto de preocupação dos investidores.

“O trigo segue lutando para manter todos os ganhos [registrados desde o início do conflito], com o mercado pressionando [as cotações] para baixo. A bolsa de Chicago, onde a negociação dos fundos é maior, está liderando o caminho da desvalorização”, reforçou ele à Dow Jones Newswires.

Movimento técnico à parte, o prolongamento do conflito no Leste Europeu ter novos efeitos sobre a oferta global especialmente de trigo e milho, commodities das quais a Ucrânia é grande fornecedora.

Segundo estimativa da consultoria APK-Inform divulgada à Reuters, a colheita de grãos na Ucrânia deverá recuar 54,6% em 2022, para 38,9 milhões de toneladas. A exportação de grãos na safra 2022/23 poderá cair 32%, para cerca de 30 milhões de toneladas, sendo 10 milhões de toneladas de trigo e 19 milhões de milho, segundo a consultoria.

Fonte: Valor Econômico.

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