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Commodities: Possível retomada de embarques da Ucrânia volta a pressionar trigo em Chicago

A possível retomada das exportações de itens alimentícios produzidos na Ucrânia voltou a pressionar as cotações do trigo, que mais uma vez fecharam em forte queda na bolsa de Chicago. Os contratos do cereal para julho, os de maior liquidez no momento, caíram 4,25% (46,25 centavos de dólar), a US$ 10,4125 por bushel, e os papéis da segunda posição, para setembro, recuaram 4,12% (45,25 centavos de dólar), a US$ 10,975 por bushel.

Os embarques ucranianos via portos do Mar Negro estão paralisados desde fevereiro, quando a Rússia invadiu o país. Segundo relatório do analista Jack Scoville, do Price Futures Group, o mercado do trigo ainda digere as informações sobre as tratativas que podem abrir um corredor para a exportação de alimento.

O mercado espera que um aumento de produção na União Europeia compense, ao menos em parte, a queda da oferta ucraniana, diz Scoville. A guerra comprometeu a safra de trigo da Ucrânia. O Sindicato de Comerciantes de Grãos do país estima colheita de 19,2 milhões de toneladas em 2022, segundo a Reuters, volume 41,8% menor que o do ano passado.

Desse total, os ucranianos conseguirão embarcar 10 milhões de toneladas, desde que a capacidade de tráfego nas fronteiras seja duas vezes maior que a atual, afirmou a entidade.

Em outro importante fornecedor, os Estados Unidos, há preocupações com a safra, que continua atrasada. A colheita de trigo de inverno nos EUA está 4 pontos percentuais abaixo da média histórica (76%), informou hoje o Departamento de Agricultura americano (USDA). Já o plantio da safra de primavera chegou a 73% da área total de cultivo, ou 19 pontos percentuais a menos que a média para o atual estágio dos trabalhos.

“A seca também afeta outras regiões, como Europa, Índia e Paquistão, que estão registrando grandes ondas de calor”, disse o analista Jack Scoville, em relatório.

Recentemente, o USDA reduziu suas estimativas de produção de trigo vermelho de inverno nos EUA por causa da falta de chuvas nas Grandes Planícies ocidentais. O órgão também cortou sua projeção de colheita de trigo de primavera devido ao atraso no plantio.

Milho

As notícias sobre a possível abertura de um corredor que permita à Ucrânia exportar alimentos também pesaram sobre as cotações do milho. O contrato mais negociado em Chicago, que vence em julho, caiu 2,95% (22,25 centavos de dólar), para US$ 7,3125 por bushel. Já o papel que vence em setembro recuou 2,93% (21,25 centavos de dólar), a US$ 7,0375 por bushel.

“Uma embaixadora dos EUA na ONU disse que poderia existir um acordo [para a abertura do corredor de comércio], e o mercado já ficou tenso. Ontem, também soube-se que a Turquia vai se reunir com a Rússia para tentar fechar esse acordo”, comentou o analista Enio Fernandes, da Terra Agronegócios.

O avanço do plantio do cereal nos EUA também ofereceu sustentação aos preços, segundo Fernandes. “Praticamente eliminaram o atraso, o que indica que o plantio acontecerá dentro da janela ideal. Então, a tendência é de mais produtividade”, afirma. Até o último domingo, 86% da área prevista havia sido semeada, quase igualando a média dos últimos cinco anos, de 87%, informou o USDA.

Outro ponto em discussão no momento, diz o analista, é a possibilidade de o milho ocupar uma área maior do que a que o USDA tem previsto até agora. “O cereal tem uma margem três vezes maior que a da soja, então o mercado se pergunta se o cereal vai mesmo perder 4% da área, como o USDA previa. Maior área, maior oferta”, finaliza.

Em outra frente, a agência Reuters noticiou que o governo Biden provavelmente aumentará os mandatos de mistura de etanol na gasolina em 2021 de forma retroativa. Isso poderia fortalecer a demanda pelo biocombustível americano, que é produzido principalmente a partir de milho.

Os contratos de soja para julho encerraram o pregão em alta de 0,42% (7 centavos de dólar), a US$ 16,9025 o bushel. Os papéis de segunda posição, para agosto, subiram 0,29% (4,75 centavos de dólar), a US$ 16,25 por bushel. Caso a área de milho de fato fique acima das previsões do USDA, a de soja acabaria sendo menor que as estimativas que o órgão apresentou até o momento.

Caso o corte de área se confirme, a produção da oleaginosa também seria menor que as projeções até agora, afirma o analista Enio Fernandes.

A semeadura da soja está próxima à média histórica, indicou o USDA. Até o último domingo, os produtores haviam concluído os trabalhos em 66% da área, apenas 1 ponto percentual abaixo da média dos últimos cinco anos.

“As chuvas recentes serão benéficas para o desenvolvimento das culturas, já que o plantio tardio pode ser um empecilho para o rendimento das lavouras. Mas é preciso analisar qual será o comportamento do clima”, disse Craig Turner, analista da Daniels Trading, em nota à Dow Jones Newswires.

No Brasil, a Stonex aumentou sua estimativa para a safra 2021/22 de soja em 0,8% em relação à previsão divulgada em maio, para 124,4 milhões de toneladas. Segundo a consultoria, o ajuste decorre de um desempenho “surpreendentemente positivo” das lavouras tardias no Rio Grande do Sul e de pequenos aumentos de área e produtividade na Bahia.

Com demanda doméstica de 47,8 milhões de toneladas e exportações de 77 milhões neste ciclo, os estoques finais deverão chegar a 3,57 milhões de toneladas e relação estoque/uso, a 2,85%, estima a StoneX. Esse saldo indica um balanço de oferta e demanda bastante ajustado na oleaginosa.

Fonte: Valor Econômico.

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