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Commodities: Milho e trigo têm queda expressiva em Chicago

O milho fechou o dia em forte queda na bolsa de Chicago, acompanhando a migração dos investidores para os contratos da soja, o avanço da colheita da safrinha no Brasil e a desvalorização do trigo. Os contratos futuros do milho para setembro, os mais negociados, caíram 3,15% (21,50 centavos), a US$ 6,6125 por bushel.

A pressão sobre os contratos do milho foi reflexo principalmente de um movimento de venda desses papéis para a compra de futuros de soja, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. A colheita na segunda safra brasileira também pressiona as cotações porque o rendimento tem ficado acima das previsões iniciais.

Cerca de 20% da safrinha já foi colhida, projetou hoje a consultoria AgRural. Os trabalhos estão bastante adiantados em relação aos 5,3% registrados em igual período do ano passado. Problemas de umidade no Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás limitam o avanço, mas isso pode mudar nesta semana.

A desvalorização do trigo também exerceu influência sobre as cotações do milho porque os dois produtos são “concorrentes” na indústria de rações animais.

As chuvas no Meio-Oeste dos Estados Unidos durante o fim de semana e previstas para os próximos dias também reforçam a tendência de baixa para os preços do milho em Chicago. “O sentimento de risco está relacionado à perspectiva de melhora no clima dos EUA”, diz a AgResource em nota mencionada pela Dow Jones Newswires.

Até quinta-feira, o mercado deve continuar se posicionando para o relatório do Departamento de Agricultura americano (USDA) sobre a área de cultivo. Karl Setzer, da AgriVisor, afirma que não há consenso sobre o que o órgão deve indicar. “A questão não é tanto sobre se veremos uma mudança, mas de quanto será. Os EUA não podem se dar ao luxo de perder produção em nenhuma safra neste ano devido aos [baixos] volumes dos nossos estoques atuais”, disse.

Trigo

No caso do trigo, o avanço da colheita nos Estados Unidos e os desdobramentos da guerra na Ucrânia seguem pressionando as cotações. Os contratos do cereal para setembro, os de maior liquidez, recuaram 2,03% (19 centavos de dólar), a US$ 9,1750 por bushel.

O avanço da colheita americana e o aumento da umidade nos EUA pressionam o mercado internacional de trigo, segundo Jack Scoville, analista do Price Futures Group. “A região das Grandes Planícies recebeu alguma chuva, que caiu nas áreas que mais precisavam [de umidade]”, destacou, em relatório.

O consultor Vlamir Brandalizze, afirma que o mercado também especula sobre a liberação dos embarques de trigo da Ucrânia a partir de julho. Mas Luiz Carlos Pacheco, analista sênior da T&F Consultoria Agroeconômica, acredita que a guerra não acabará tão cedo. Com a continuidade do conflito, o preço do trigo em Chicago deve seguir na casa dos US$ 10 por bushel.

“Mesmo que um corredor de exportação pelo Mar Negro fosse liberado, a retirada as minas instaladas na região demoraria seis meses. Apesar disso, a notícia da abertura desse corredor de exportação causaria um efeito de baixa nos preços em Chicago”, disse Pacheco.

O mercado também acompanhará os dados de intenção de plantio nos EUA, que o USDA divulgará nesta quinta-feira. “Em março, o USDA previu 47,4 milhões de hectares de trigo. Desde então, vimos condições climáticas menos favoráveis e que provavelmente reduzirão a área plantada com o cereal”, afirmou Karl Setzer, da AgriVisor.

Soja

A soja, por sua vez, encerrou o dia em alta em Chicago. Os contratos para julho, os de maior liquidez, subiram 1,23% (19,75 centavos de dólar), a US$ 16,3050 o bushel, e os papéis de segunda posição, para agosto, avançaram 0,58% (8,75 centavos de dólar), a US$ 15,2950 por bushel.

Para Vlamir Brandalizze, a soja acompanhou o bom humor do mercado financeiro no início desta semana. “Após o ‘susto’ da semana passada, o mercado começa a semana no tom positivo, com o aceno de que a recessão, se acontecer, pode ser mais amena. As informações de que a China está saindo do lockdown e pode retomar as importações em breve também são um fator positivo para os investidores”, afirmou.

Sobre o relatório de intenção de plantio do USDA, Brandalizze diz que os dados tendem a mexer com o mercado, já que podem trazer uma área de soja para EUA abaixo do inicialmente projetado.

“Os EUA podem plantar uma área de 36,8 milhões de hectares. Caso se confirme, essa será a primeira vez que os americanos plantam mais soja do que milho, que tem uma projeção de área com 36,2 milhões de hectares. No entanto, algumas empresas e consultorias apostam em um número de área menor para a soja”, diz.

Segundo Karl Setzer, da Agrivisor, com a indicação de um plantio de soja menor nos EUA, a oferta do grão pode ser prejudicada. “Mesmo com 91 milhões de acres plantados (36,8 milhões de hectares), os estoques para uso de novas safras ainda estão muito apertados. Se começarmos a reduzir hectares, isso pode levar os EUA a uma posição de racionamento do grão, mesmo que os rendimentos sejam favoráveis”, disse, em nota.

Fonte: Valor Econômico.

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