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Commodities: Grãos voltam a subir em Chicago, com mercado à espera do USDA

Os grãos negociados na bolsa de Chicago encerraram a quarta-feira em campo positivo. O posicionamento dos traders tendo em vista a divulgação do relatório trimestral de estoque de grãos nos Estados Unidos, que mostrará a situação do inventário no fim da safra 2020/21, norteou as negociações. O documento será publicado pelo Departamento de Agricultura do país (USDA) às 13h (horário de Brasília) desta quinta-feira.

Sob esse cenário, o milho liderou as altas na bolsa americana. Após recuar 1,3% na véspera, o contrato para dezembro, o de maior liquidez, subiu 1,22% (6,50 centavos de dólar), a US$ 5,390 o bushel. O papel de segunda posição, março, avançou 1,20% (6,50 centavos de dólar), a US$ 5,470 o bushel.

Para o cereal, a previsão de analistas consultados pelo “The Wall Street Journal” indica que os estoques de milho dos EUA no fim da safra 2020/21 ficaram bem abaixo do visto no ano passado. A média estimada é de 29,64 milhões de toneladas, na comparação com a 48,74 milhões de toneladas em 1º de setembro de 2020.

Um dado que limitou a alta foi a queda no consumo de etanol nos EUA, onde o biocombustível é majoritariamente feito de milho. A Administração de Informação de Energia do país (EIA, na sigla em inglês) informou que a produção de etanol recuou 1,3% na semana encerrada em 24 de setembro, para 914 mil barris por dia. A projeção ficou abaixo do esperado por analistas, que previam 946 mil barris diários.

Já a previsão de estoques do biocombustível avançou em 109 mil barris, segundo a EIA, para 20,22 milhões de barris. Na semana passada, o índice era de 20,11 milhões de barris. A alta foi na contramão do mercado, que esperava uma redução para 19,96 milhões de barris.

Ademais, a preocupação com a alta dos fertilizantes, especialmente diante da crise energética na Europa e na China, ofereceu suporte extra aos contratos. O custo do insumo pode fazer com que o agricultores optem por culturas que necessitem menos dos nutrientes — e isso afetaria especialmente milho e trigo, de acordo com analistas ouvidos pela agência Bloomberg.

Segundo a Dow Jones Newswires, o preço do insumo chegou a seu nível mais alto desde 2008, em quase US$ 900 por tonelada, criando preocupações no mercado sobre o investimento para a próxima safra diante de um aperto no quadro de oferta e demanda mundial de grãos.

No caso do Brasil, os importadores de fertilizantes olham com mais atenção para a China, visto que os rumores de que o governo do país asiático adotará novas medidas para restringir as exportações se fortalecem.

Há meses o governo local vem estabelecendo medidas com o fim de “dificultar” os embarques de nutrientes, visando combater a inflação de alimentos em seu mercado interno, comenta Marcelo Mello, da consultoria StoneX. Os movimentos contribuíram para a valorização de preços ao longo do ano no mercado internacional.

O país asiático é o maior produtor mundial de nitrogenados e fosfatados, fundamentais para as lavouras de grãos. Por outro lado, o “fator China” ainda não refletiu em peso nas altas mais recentes, explica o especialista. Mas os fertilizantes já estão em patamares valorizados em 2021.

A tonelada da ureia (nitrogenado) subiu US$ 90 em apenas uma semana, principalmente em decorrência da alta do gás natural (matéria-prima utilizada na produção), e foi cotada ontem a US$ 630 no Brasil, segundo a consultoria. Já a tonelada do MAP (fosfatado de alto teor mais utilizado pelos produtores brasileiros) está a US$ 720, enquanto a do fósforo é avaliada em US$ 715 — ambos com pouca variação recente.

Ainda no Brasil, as exportações de milho deverão somar 2,53 milhões de toneladas em setembro, segundo relatório da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) baseado nas programações dos portos. Na semana passada, a previsão era de embarques de 2,78 milhões de toneladas. Se confirmada a nova estimativa, será uma queda de 56,2% em relação ao mesmo período de 2020, quando 5,76 milhões de toneladas foram enviadas ao exterior.

Já os embarques americanos começam a ganhar ritmo novamente na região do Golfo do México, principal rota de exportação de grãos nos EUA. “A retomada das operações em vários terminais do Golfo também foi positiva, embora ainda deva algum tempo até que os carregamentos estejam em plena capacidade”, disse o analista Karl Setzer, da AgriVisor, em relatório. Nesta quinta, o USDA divulga os números de exportação, e isso deverá também observado pelo mercado.

Também sob a expectativa dos números de exportação e estoques nos EUA, a soja subiu em Chicago. O contrato para novembro, o mais negociado, avançou 0,53 (6,75 centavos de dólar), a US$ 12,8375 o bushel. Na posição seguinte, para janeiro, a alta foi de 0,51% (6,50 centavos de dólar), para US$ 12,9350 por bushel.

Os avanços foram limitados, porém, por rendimentos melhores do que o esperado em várias partes dos EUA à medida que a colheita progride, além de um ritmo de plantio mais rápido na América do Sul. A falta de confirmação sobre os rumores de compras chinesas também limitou os ganhos diários, assim como a resistência técnica, ressalta Setzer.

Para os estoques americanos no fim da safra 2020/21, a estimativa de analistas aponta que o país tinha disponível 4,68 milhões de toneladas no dia 1º de setembro, frente a 14,21 milhões de toneladas um ano antes.

“Quase todas as estimativas são de estoques menores do que há um ano, a questão é quanto menor”, disse Karl Setzer. “Não está fora de questão que poderíamos ver estoques menores de milho, soja e trigo, mas um relatório neutro a pessimista se os estoques forem surpreendentemente altos vai mudar os preços.”

No Brasil, analistas internacionais começam a projetar a safra brasileira, que apenas começou a ser plantada. Com base nas estimativas de empresas brasileiras, o mercado trabalha com uma média de 144 milhões de toneladas, uma alta de 5,8% sobre o recorde do ciclo anterior.

Já as exportações brasileiras de soja deverão chegar a 4,73 milhões de toneladas em setembro, segundo dados da Anec. Na semana passada, a previsão para o mês era de 5,04 milhões de toneladas. Se confirmado o resultado, será uma alta de 20,9% em relação ao mesmo período de 2020, quando as exportações somaram 3,91 milhões de toneladas.

Já os embarques de farelo poderão chegar a 1,52 milhão de toneladas em setembro, também de acordo com a Anec. Caso a previsão se concretize, a exportação do subproduto será 15,4% maior do que o visto em setembro de 2020 (1,32 milhão de toneladas).

Ainda em Chicago, o trigo registrou uma fraca reação nas suas cotações. Após cair 2,2% ontem, o vencimento para dezembro, o mais ativo no momento, subiu 0,53% (3,75 centavos de dólar), a US$ 7,1025 o bushel. No segundo contrato, março, a alta foi de 0,45% (3,25 centavos de dólar), para US$ 7,2225 o bushel.

Além do relatório de estoque trimestral nos EUA, outro levantamento do USDA chama a atenção dos traders, o de produção de culturas de inverno. A expectativa é que o departamento deverá reduzir sua estimativa para a produção de trigo no país em 2021.

A média das apostas é de 45,75 milhões de toneladas, na comparação com a previsão de 46,18 milhões feita em agosto. No ano passado, a estimativa é que a produção tenha somado 49,80 milhões de toneladas.

Para o relatório de estoques, a previsão do mercado é que o número seja menor do que o visto há um ano, e isso deu suporte aos preços. Analistas apontam que o inventário de trigo foi de 50,54 milhões de toneladas em 1º de setembro, ante 58,73 milhões no ano passado.

Fonte: Valor Econômico.

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