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Commodities: Grãos recuam em Chicago, em dia de aversão ao risco

Os grãos negociados na bolsa de Chicago caíram nesta segunda-feira, em dia de aversão ao risco no mercado. Cautelosos, os investidores aguardam a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), marcada para esta semana, e acompanham os desdobramentos de um possível calote da incorporadora chinesa Evergrande, que tem dívidas estimadas em cerca de US$ 300 bilhões. Caso ela não honre seus pagamentos, há risco de instabilidade na economia chinesa, uma grande consumidora de commodities.

A soja para novembro, o contrato mais negociado, caiu 1,67% (21,5 centavos de dólar), a US$ 12,6250 o bushel. O vencimento seguinte, para janeiro, por sua vez, recuou 1,64% (21,25 centavos de dólar), para US$ 12,7175 o bushel.

Nas negociações da oleaginosa, a divulgação dos primeiros números da colheita nos Estados Unidos exerceu pressão adicional sobre os preços. O Departamento de Agricultura do país (USDA) publica os dados referentes à nova safra ainda nesta segunda.

O USDA informou também que os embarques de soja cresceram 42,3% na semana encerrada em 16 de setembro em comparação com os sete dias anteriores, para 275,2 mil toneladas. O desempenho mostra uma retomada dos embarques após o furacão Ida prejudicar a navegação no Golfo do México, rota importante de exportação do país.

Mas, na comparação com a mesma semana de 2020, as exportações caíram 80,2%. No ano-safra 2021/22, iniciado em 1º de setembro, os americanos enviaram 498,9 mil toneladas ao exterior, 86,5% menos do que no mesmo período do ciclo passado (3,71 milhões de toneladas).

O problema nos EUA criou uma boa oportunidade no Brasil, onde os prêmios pagos pela soja para exportação dispararam nos últimos dias. Com a interrupção nos embarques americanos, que se estendeu do fim de agosto até a semana passada, a China precisou recorrer ao mercado brasileiro para novas compras.

No porto de Paranaguá (PR), o prêmio subiu 228,7%, passando de US$ 0,73 por bushel no dia 23 de agosto, data do furacão, para US$ 2,40 por bushel na última sexta-feira, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP. Esse é maior valor desde novembro de 2018.

No porto de Rio Grande (RS), o prêmio, que estava em US$ 0,18 por bushel, passou a US$ 1,93, um aumento de 972%. E, em Santos (SP), o prêmio cresceu 1.211%, passando de US$ 0,18 a US$ 2,45 por bushel, segundo levantamento da consultoria T&F.

Com a demanda americana caindo a zero no porto de New Orleans, as cotações também recuaram em Chicago. Segundo o analista Luiz Pacheco, da T&F, a elevação dos prêmios nos portos brasileiros apenas compensou a desvalorização em Chicago, sem melhorar significativamente os preços recebidos pelos vendedores brasileiros.

No mês passado, a China importou 9,04 milhões de toneladas de soja brasileira, volume 10,9% maior que as 8,15 milhões de toneladas de agosto de 2020, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas (GACC, na sigla em inglês). Já as compras chinesas de soja americana somaram 17,6 mil toneladas no mês passado, baixa de 89,4% em relação a agosto de 2020. Ao todo, a China importou 9,49 milhões de toneladas de soja, abaixo das 9,6 milhões de toneladas de um ano atrás.

Nesta segunda, também o milho fechou em queda. O contrato para dezembro, o de maior liquidez, recuou 1,04% (5,5 centavos de dólar), a US$ 5,2175 o bushel, enquanto o papel de segunda posição, para março, caiu 0,84% (4,5 centavos de dólar), a US$ 5,2975 o bushel.

Os futuros do cereal foram pressionados por relatos de que o fim de semana foi produtivo para os trabalhos de colheita nos EUA. Além disso, as indicações são de produtividade acima do esperado nessas lavouras.

“O foco das negociações em Chicago nas próximas semanas será nos resultados combinados, à medida que o comércio tenta descobrir se o rendimento dos EUA é tão bom quanto o USDA tem indicado”, disse Tomm Pfitzenmaier, da Summit Commodity Brokerage, segundo à Dow Jones Newswires. “Há muita apreensão sobre o potencial da colheita e incerteza da demanda após o fraco relatório de vendas de exportação na quinta-feira passada”, acrescentou.

Mais cedo, o USDA informou que as inspeções de embarques de milho no país cresceram 152,8% na semana encerrada em 16 de setembro na comparação com os sete dias anteriores, para 403,1 mil toneladas. Apesar da melhora, o número ainda ficou 47,5% abaixo do registrado na mesma semana do ano passado, quando foram os embarques somaram 768,1 mil toneladas.

No ano safra 2021/22, iniciado em 1º de setembro, os americanos embarcaram 602 mil toneladas, 69,8% menos do que no mesmo período da temporada passada (1,99 milhão de toneladas).

As importações chinesas de milho cresceram 221,2% em agosto em comparação com o mesmo mês de 2020. segundo a GACC. As compras, de 3,23 milhões de toneladas, foram 12,9% maiores que as de julho. Segundo a Agricensus, a demanda firme no segmento de rações puxou o aumento.

No Brasil, o plantio do milho verão chegou a 22% da estimativa de área para o Centro-Sul até a última quinta-feira, segundo a AgRural. Na semana passada, o índice era de 16% e, há um ano, de 23%.

Na soja, a baixa umidade limitou os trabalhos, que alcançaram apenas 0,1% da área estimada; o plantio ocorreu no Paraná e em Mato Grosso. “A movimentação das máquinas ainda é lenta em todos os Estados onde o plantio começou. Apesar das chuvas recentes, a umidade ainda é insuficiente para iniciar os trabalhos na maior parte das áreas produtoras”, diz a consultoria, em nota.

Por fim, o trigo acompanhou soja e milho e manteve sua trajetória de correção de preços. O vencimento para dezembro, o mais ativo no momento, caiu 1,13% (8 centavos de dólar), a US$ 7,0075 o bushel. O segundo contrato, para março, recuou 1,15% (8,25 centavos de dólar), para US$ 7,1150 o bushel.

Apesar disso, os fundamentos ainda são consistentes para o trigo. Há muita incerteza sobre o quadro de oferta e demanda global, especialmente em relação à quantidade e qualidade o cereal produzido na Europa. Sob esse cenário, a volatilidade deverá seguir até que haja sinalizações mais claras sobre a verdadeira oferta para 2021/22.

Fonte: Valor Econômico.

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