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Commodities: Em dia de realização de lucros, grãos recuam em Chicago

Após uma sequência de cinco altas seguidas, a soja passou por realização de lucros na sessão desta terça-feira na bolsa de Chicago. O contrato para janeiro, o mais negociado atualmente, caiu 0,48% (6 centavos de dólar), a US$ 12,5125 o bushel, e a segunda posição, para março, encerrou em baixa de 0,43% (5,50 centavos de dólar), para US$ 12,6325 por bushel.

A correção ocorreu em um dia morno no mercado de farelo de soja, depois de a commodity atingir patamares recorde na semana passada. Conforme a Dow Jones Newswires, os estoques de farelo e óleo de soja estão baixos na China, mas o país está com soja assegurada até o fim de janeiro e início de fevereiro.

Nem mesmo um registro feito pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de venda de 161 mil toneladas para destinos desconhecidos trouxe fôlego para os contratos. O mercado entende que essas vendas são para a China.

Ontem, a Associação Nacional dos Processadores de Óleo Vegetais (Nopa, na sigla em inglês) informou que os estoques de óleo de soja nos EUA chegaram a 1,84 bilhão de libras em outubro. O volume ficou no limite superior das projeções da consultoria StoneX.

Os estoques subiram mais de 150 milhões de libras em relação ao mês anterior e quase 350 milhões de libras em relação ao ano passado, o que os operadores veem como um ponto de pressão sobre os futuros de óleo de soja.

Além disso, a colheita nos EUA caminha para a reta final, segundo o USDA. Até domingo, 92% da área já foi colhida no país, ritmo pouco inferior à média das últimas quatro semanas, de 93%, e aos 95% do mesmo período do ano passado.

No Brasil, maior produtor e exportador mundial de soja, os embarques do grão renderam US$ 1,72 bilhão no mês passado, quase o dobro registrado em outubro de 2020. O preço médio da soja exportada atingiu US$ 522 por tonelada, um aumento de 42,9% na comparação anual. O volume dos embarques, por sua vez, cresceu 36%, a 3,3 milhões de toneladas.

Ainda no país, o preço da soja está em queda no Paraná, com o rápido avanço do plantio da safra 2021/22, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). Em Paranaguá, o preço da saca foi de R$ 159,17 na última sexta-feira, queda de 2,18% em relação à semana anterior. Já o indicador para o Estado caiu 2,13% nesse intervalo, a R$ 156,39 por saca de 60 quilos.

Os pesquisadores do Cepea afirmam, em nota, que o clima tem favorecido os trabalhos de campo e o desenvolvimento das lavouras, o que deve aumentar a produtividade média. Diante dessa perspectiva, os produtores estão negociando o restante da temporada anterior para liberar os estoques.

Depois de renovar seguidamente sua máxima desde dezembro de 2012, o trigo entrou em rota de correção em Chicago. Hoje, os lotes com entrega março, os mais ativos no momento, caíram 2% (16,75 centavos de dólar), a US$ 8,200 o bushel.

O cereal vinha acumulando uma sequência de altas históricas sob o temor do mercado de que a Rússia, maior exportadora global, aumentasse o imposto sobre as exportações para manter o cereal no país e assegurar a oferta no mercado interno após a quebra de safra ocorrida neste ano. Porém, a sensação do mercado é de que os preços estavam tornando a demanda pelo cereal inviável.

“O mercado de trigo encontrou com sucesso um nível de preço que racionaria a demanda”, disse Arlan Suderman, da StoneX, à Dow Jones Newswires. “Agora, os preços estão caindo para encontrar aquele nível que restabelece a demanda”.

O USDA informou que o plantio de trigo de inverno nos EUA já ocorreu em 94% da área prevista, número que está dentro da média dos últimos cinco anos, mas abaixo do observado no mesmo período do ano passado (96%). Até o momento, 81% das plantas já emergiram, pouco abaixo dos 84% de 2020, mas acima da média de cinco anos, que é de 83%. Desse total, 46% estão em boas ou excelentes condições, patamar idêntico ao registrado no mesmo período de 2020. Na semana passada, a fatia estava em 45%.

Na Ucrânia, um dos grandes produtores mundiais de trigo, a estimativa da consultoria russa SovEcon é de que o país colherá 27,1 milhões de toneladas, sendo 26,4 milhões no inverno e o restante na primavera. A consultoria espera um recuo de 100 mil hectares na área de plantio de inverno, para 6,8 milhões de hectares, provocado pelas necessidades de gastos dos produtores diante de um solo seco.

“As condições das safras de inverno são as piores dos últimos anos devido à falta de chuva e à elevada secura do solo. Algumas precipitações leves registradas recentemente ajudaram um pouco as plantas, mas no geral o cinturão do trigo está entrando em péssimo estado”, disse o analista Andrey Sizov, da SovEcon, em relatório.

Por fim, o milho acompanhou o desempenho de soja e trigo na sessão e também caiu na sessão em Chicago. O contrato para março, o mais líquido, recuou 1,11% (6,50 centavos de dólar), para US$ 5,7750 o bushel.

O mercado segue preocupado com a baixa demanda por exportação do cereal. Além disso, o bom andamento da safra na América do Sul e a reta final da dos Estados Unidos seguem pressionando os futuros.

A perda dessa demanda de exportação está sendo, pelo menos parcialmente, compensada pela elevada demanda no mercado interno. Uma das principais fontes de alta produção doméstica são os combustíveis renováveis, com a produção de etanol e biodiesel em ascensão”, disse, em relatório, o analista Karl Setzer, da AgriVisor.

Ontem, o USDA informou que a colheita de milho no país chegou a 91% da área prevista, abaixo do ritmo registrado no mesmo período do ano passado (94%), mas acima da média dos últimos cinco anos, de 86%.

No Brasil, o movimento de liberação dos armazéns também continua pressionando o milho. O indicador do Cepea com base em Campinas (SP) caiu 4,46% em uma semana, para R$ 82,75 por saca de 60 quilos na sexta-feira. Também pesa sobre as cotações do cereal o fato de os compradores estarem ausentes no mercado spot.

Já a Ucrânia, principal concorrente dos EUA no mercado de milho da China e um dos principais fornecedores de milho para a União Europeia, deve ter uma safra recorde de milho em 2021/22, estimada pela SovEcon em 39,9 milhões de toneladas.

Esse volume, 1,5 milhão de toneladas superior ao inicialmente previsto pela consultoria russa, subiu devido à percepção de aumento da produtividade nas lavouras. O USDA estima que a Ucrânia vá colher 38 milhões de toneladas do cereal. No ciclo 2020/21, a produção de milho do país somou 30,3 milhões de toneladas.

A colheita chegou a 73% da área estimada para a temporada na última semana.

Fonte: Valor Econômico.

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