Pressão pela prorrogação da desoneração do milho
8 de dezembro de 2021
Sete segmentos do agro criam o ProBrasil – Proteínas do Brasil
8 de dezembro de 2021

Commodities: Com política de biocombustíveis dos EUA no radar, milho avança em Chicago

Em um pregão “misto” e volátil, o milho liderou a alta dos grãos negociados na bolsa de Chicago nesta terça-feira, diante de informações que davam conta que os EUA aumentariam o mandato da mistura de biocombustíveis em combustíveis fósseis em 2022. Com isso, o contrato para março, o mais ativo no momento, subiu 0,43% (2,50 centavos de dólar), a US$ 5,860 o bushel.

Depois do fechamento do pregão, a Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, na sigla em inglês) de fato até propôs um aumento do mandato de biocombustíveis para 2022, mas foi considerado tímido

Segundo a AgResource, o aumento previsto para o ano que vem pode ser benéfico para o milho, uma vez que a demanda por etanol nos EUA tenderá a aumentar — o biocombustível americano é feito do cereal. Mas o setor esperava mais.

No Brasil, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) informou que o país exportou 2,72 milhões de toneladas de soja em grão em novembro, queda de 44,9% em relação ao mesmo mês do ano passado Os envios do cereal do país ao exterior até novembro somaram 17,3 milhões de toneladas, 41,6% menos que no mesmo período de 2020.

Para dezembro, as exportações de milho deverão chegar a 3,47 milhões de toneladas, redução de 9,2% ante o mesmo mês do ano passado. Caso esse volume se confirme, o Brasil terá embarcado 20,7 milhões de toneladas em 2021, com queda de 37,9% sobre o total de 2020.

Outra preocupação surge no Rio Grande do Sul, onde o La Niña já afeta o regime de chuvas no Estado, causando estragos nas lavouras de milho verão. As perdas ainda são consideradas pontuais, de acordo com a Emater-RS, mas um período ainda maior sem precipitações regulares poderá ampliar os prejuízos. Os gaúchos são um dos líderes na oferta do cereal na primeira safra — ciclo consideravelmente menor que a safrinha.

Também no campo positivo, o trigo emendou sua segunda alta seguida na bolsa de Chicago, com apoio dos fundamentos e da tensão que ocorre na fronteira entre Rússia e Ucrânia, dois grandes exportadores do cereal. O contrato com entrega março, o mais negociado hoje, subiu 0,28% (2,25 centavos de dólar), a US$ 8,0850 o bushel.

O temor do mercado é que um conflito entre russos e ucranianos faça os Estados Unidos aplicarem sanções à Rússia, o que poderia afetar ainda mais a já restrita oferta mundial de trigo.

Mais cedo, os americanos afirmaram que pretendem responder de forma firme a qualquer ação militar da Rússia contra a Ucrânia. O alerta foi feito pelo presidente americano, Joe Biden, em uma videoconferência com o líder russo, Vladimir Putin.

“[Biden] deixou claro que os EUA e nossos aliados [europeus] responderiam com fortes medidas econômicas e outras no caso de uma escalada militar”, afirmou a Casa Branca no comunicado.

Enquanto Biden e Putin conversavam, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também ameaçou hoje aplicar novas sanções contra Moscou em caso de invasão da Ucrânia.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, já havia advertido na semana passada que uma invasão levaria a sanções mais duras contra Moscou do que as impostas até o momento pelo governo americano.

Por fim, a soja caiu pelo segundo pregão seguido na bolsa de Chicago, com o mercado já se posicionando para o relatório de oferta e demanda que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgará na quinta-feira. O contrato para janeiro, o mais negociado, caiu 0,89% (11,25 centavos de dólar), a US$ 12,5025 o bushel. A segunda posição, março, recuou 0,65% (8,25 centavos de dólar), para US$ 12,5825 por bushel.

A expectativa dos traders é de que o reporte do USDA seja “baixista” para os futuros da oleaginosa. Analistas consultados pelo “The Wall Street Journal” preveem que o departamento vá elevar as previsões de estoque de soja e trigo. Para Tomm Pfitzenmaier, analista da Summit Commodity Brokerage, as duas quedas seguidas neste início de semana já demonstra “início do posicionamento” dos investidores.

“A volatilidade nas commodities tem sido elevada nos últimos meses e não mostra sinais de desaceleração. Isso foi elevado pelo aumento do volume de fluxo de dinheiro gerenciado nos mercados”, disse o analista Karl Setzer, da AgriVisor, em relatório.

Durante a sessão, empresas americanas informaram a venda de 123 mil toneladas de soja para destinos não revelados, segundo o USDA, mas a notícia surtiu pouco efeito nos contratos. Outra notícia que teve mais força foram os dados de importação da China, maior compradora mundial do grão.

Segundo a agência Reuters, os chineses importaram 8,57 milhões toneladas de soja em novembro, segundo dados preliminares da Administração Geral de Alfândegas (GACC, na sigla em inglês). O volume representa alta de 68,03% em relação a outubro. No entanto, no acumulado do ano, as compras chinesas somaram 87,65 milhões de toneladas, com queda de 5,5% em relação ao mesmo período de 2020.

Com a safra americana praticamente finalizada, as atenções dos traders se concentram na América do Sul e na falta de chuvas que deverá seguir, para partes do Sul do Brasil e da Argentina, e que pode prejudicar a safra de soja e milho verão.

“O aumento do interesse climático na América do Sul e a necessidade de uma grande produção global de grãos para satisfazer a demanda também causaram um aumento na volatilidade do mercado”, acrescentou Setzer.

No Brasil, as exportações soja já garantiram, de janeiro a novembro, um novo recorde anual. Segundo dados divulgados pela Anec, no período os embarques somaram 84,2 milhões de toneladas, quase 1 milhão a mais que o total de 2020 — que atingiu 82,3 milhões de toneladas, nos cálculos da entidade. A melhor marca até agora era a de 2018 (83,3 milhões de toneladas).

Somente em novembro, os embarques de soja no Brasil somaram 2,22 milhões de toneladas, alta de 188% em relação ao mesmo mês do ano passado (770,3 mil toneladas). Para dezembro, a expectativa da Anec é que as exportações alcancem 2,58 milhões de toneladas, 16 vezes mais que no fim de 2020. Se confirmado esse volume, o Brasil vai exportar um total de 86,7 milhões de toneladas em 2021.

Segundo a Associação Brasileiras das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), os embarques deverão somar 86 milhões de toneladas, ante 83 milhões em 2020, e render US$ 38,7 bilhões, com aumento de 35%.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress