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Commodities: À espera do USDA, soja e milho sobem na bolsa de Chicago

Na véspera da divulgação do relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), soja e milho encontraram apoio na demanda para encerrar o pregão da bolsa de Chicago no campo positivo nesta quarta-feira.

No entanto, a previsão é que o documento, que será divulgado na tarde desta quinta-feira, seja “baixista”, com revisões nos números de procura por grãos. “Normalmente, os balanços de dezembro recebem pouca atenção comercial, mas este ano tem sido tudo menos típico”, escreveu Karl Setzer, da AgriVisor, em relatório.

Sob este cenário, a soja registrou leve recuperação, após duas baixas seguidas. O contrato para janeiro, o mais negociado, subiu 0,86% (10,75 centavos de dólar), a US$ 12,610 o bushel. A segunda posição, março, avançou 0,83% (10,50 centavos de dólar), para US$ 12,6875 por bushel.

A oleaginosa iniciou a sessão pressionada pela decisão da Agência de Proteção Ambiental americana (EPA, na sigla em inglês) de reduzir o mandato da mistura de biocombustíveis aos combustíveis fósseis em 2020 e 2021, além de um aumento considerado tímido para 2022. Esse cenário fez o óleo de soja, base do biodiesel americano, despencar na sessão, caindo mais de 2,7%.

No entanto, no decorrer da sessão, a soja foi passando por correção, um dos apoios veio do anúncio do USDA de uma venda de 130 mil toneladas de soja para a China ainda na safra 2021/22 – volume que se juntou a avisos de mais de 500 mil toneladas desde a semana passada.

Para o relatório desta quinta, a expectativa é de os números de demanda sejam revisados. “Os números da produção nacional permanecerão inalterados, mas a demanda será alterada. Isso pode ser mais um caso para a soja, onde as exportações não foram até os níveis esperados. Isto é, principalmente por falta de demanda chinesa”, lembrou Setzer.

Um ponto reforçado pelo analista foi a perda de mercado da soja americana frente à brasileira nos últimos meses, muito em função dos problemas causados pela passagem do furacão Ida nos EUA. Com isso, o Brasil aproveitou a oportunidade de mercado e bateu recorde nos embarques um mês antes do fim do ano.

“O Brasil é hoje um exportador perpétuo de soja, e isso vai alterar toda a dinâmica mundial do comércio de soja daqui para frente”, acrescentou.

Também no campo positivo, o milho conseguiu emendar sua segunda alta seguida em Chicago. O contrato para março, o mais ativo no momento, subiu 0,21% (1,25 centavo de dólar), a US$ 5,8725 o bushel.

Em dia de forte pressão para a soja e o milho por conta da decisão da EPA, o cereal também encontrou apoio em dados positivos de demanda. Durante o pregão, o USDA informou que o México comprou 1,84 milhão de toneladas de milho americano. Desse total, 1,09 milhão de toneladas foram vendidas para entrega na safra 2021/22, com o restante para entrega em 2022/23.

Além disso, a produção de etanol nos Estados Unidos subiu 5,3% na semana encerrada em 3 de dezembro, para 1,09 milhão de barris por dia, segundo a Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês). O número ficou acima do esperado por analistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal”, que projetavam até 1,06 milhão de barris por dia.

Já os estoques do biocombustível também registraram incremento, de 160 mil barris, segundo a EIA, para 20,46 milhões de barris. Na semana passada, o índice era de 20,3 milhões de barris. O dado ficou dentro da projeção dos analistas, que esperavam algo 20,33 milhões e 20,9 milhões de barris.

O mercado americano acompanha a produção de etanol como importante medida da demanda por milho. Nos EUA, a produção do biocombustível consome cerca de 80 milhões de toneladas da safra doméstica (estimada em 382,6 milhões de toneladas para 2021/22).

“O mercado tem uma opinião mista sobre demanda. As exportações têm sido estáveis e poderiam ser mais altas. O mesmo acontece com a demanda por etanol. A verdadeira incógnita em todas essas possibilidades é se o USDA fará alguma mudança este mês”, acrescentou Karl Setzer.

Por fim, o trigo passou por realização de lucros em Chicago depois de duas altas seguidas. O contrato com entrega março, o mais negociado hoje, caiu 1,73% (14 centavos de dólar), a US$ 7,9450 o bushel.

A baixa também pode ser explicada por um posicionamento dos traders para o relatório do USDA. Apesar disso, a médio prazo, os fundamentos indicam solidez para os futuros do cereal. A oferta global segue restrita diante da quebra de grandes produtores, como o Canadá e a Rússia, especialmente pela escassez de trigo de qualidade para moagem.

Outro componente no radar do mercado está na tensão militar na fronteira entre Rússia e Ucrânia, que fez Estados Unidos e União Europeia ameaçarem os russos com sanções econômica, o que poderia afetar ainda mais a oferta de trigo no mundo, uma vez que a Rússia é a maior exportadora do cereal.

Fonte: Valor Econômico.

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