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Commodities: À espera do USDA, soja e milho recuam em Chicago

Na véspera da divulgação do relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os operadores mantiveram as apostas de que o órgão ajustará para cima a previsão da produção americana de soja e milho na safra 2021/22. Com isso, os preços de ambos recuaram na bolsa de Chicago na sessão de hoje (8/11).

No caso da soja, o vencimento para janeiro, o mais negociado, cedeu 1,41% (17 centavos de dólar), a US$ 11,8850 o bushel. Já a posição seguinte, que vence em março, caiu 1,38% (16,75 centavos de dólar), para US$ 12,0075 por bushel.

Preocupações com a demanda também pressionaram as cotações do grão. Dados preliminares divulgados hoje pela Administração Geral das Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) mostram que, em outubro, o volume das importações de soja do país, que é o maior comprador mundial do grão, foi o menor desde março de 2020.

As importações somaram 5,11 milhões de toneladas, ou 41,2% a menos que em outubro de 2020. No acumulado do ano até outubro, as compras chinesas foram de 79,08 milhões de toneladas, volume 5% menor que o do mesmo período do ano passado.

Durante a sessão, o USDA informou que os Estados Unidos embarcaram 2,65 milhões de toneladas de soja na semana encerrada em 4 de novembro, segundo as inspeções feitas nos portos americanos. O volume é 1,5% maior que o da semana anterior, mas representou uma queda de 7,2% em relação à mesma semana do ano passado, quando os embarques foram de 2,85 milhões de toneladas.

No ano safra 2021/22, iniciado em 1º de setembro, os americanos embarcaram 13,8 milhões de toneladas, um declínio de 30,8% em comparação com o mesmo período da temporada passada, quando somaram 20 milhões de toneladas.

O bom ritmo de plantio da safra brasileira também segue no radar do mercado. Segundo relatório divulgado hoje pela consultoria AgRural, os trabalhos alcançaram 67% da área estimada. No mesmo período do ano passado, o plantio havia ocorrido em 52%.

Os seguidos recuos da soja no mercado internacional também se refletiram nos preços no mercado brasileiro, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Levantamento da instituição mostra que as cotações da soja estão em seu menor patamar desde julho, o que não costuma acontecer nessa época do ano.

A saca de 60 quilos da oleaginosa valia R$ 162,72 na última sexta-feira, montante 4,9% menor que o da semana anterior, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa, com base no porto de Paranaguá, no Paraná. Já o indicador Cepea/Esalq baseado na média do Estado estima a saca a R$ 159,80, também 4,9% abaixo do registrado uma semana antes.

Os pesquisadores do Cepea dizem, em nota, que os agricultores estão liberando os armazéns para a chegada da safra 2021/22, que pode ser recorde e elevar os estoques. Com clima favorável, o plantio já entrou na reta final nas principais regiões produtoras.

O milho acompanhou a direção da soja na bolsa de Chicago, em um pregão com poucas novidades antes do USDA. O contrato para dezembro, o mais líquido, caiu 0,27% (1,50 centavo de dólar), para US$ 5,5150 o bushel. A segunda posição, para março, por sua vez, desvalorizou-se 0,22% (1,25 centavo de dólar), a US$ 5,610 por bushel.

Embora o relatório do USDA de novembro não costume atrair muita atenção, a tendência é de que o documento deste ano seja uma exceção, diz Karl Setzer da AgriVisor. “Espera-se que este ano seja diferente, já que tivemos um interesse considerável em todos os relatórios de oferta e demanda, dadas as previsões de quadro ainda apertado”, afirma.

Também pressionou os contratos do cereal hoje uma possível sobrecompra dos fundos nos últimos dias, o que teria deixado as cotações com pouco espaço para subir. Na sexta-feira, a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) informou que os gestores de fundos aumentaram a aposta de alta no milho em 32,6%, com posição líquida de 324.560 contratos comprados.

“Depois de ver um movimento impressionante de alta há duas semanas, o mercado de milho desmoronou na semana passada. O movimento de compra feito pelos fundos, que impulsionava o mercado duas semanas atrás, secou”, diz Doug Bergman, da RCM Alternatives, à Dow Jones Newswires.

O USDA informou nesta segunda que os embarques de milho dos EUA caíram 16,1% na semana encerrada em 4 de novembro, para 563,2 mil toneladas. Na comparação com a mesma semana de 2020, a queda é de 18,7%. No ano-safra 2021/22, também iniciado em 1º de setembro, os americanos exportaram 6 milhões de toneladas, 20,6% menos do que no mesmo período do ciclo passado, quando as vendas foram de 7,6 milhões de toneladas.

Por outro lado, um aviso diário de venda de 150 mil toneladas de milho dos Estados Unidos para a Colômbia no ano safra 2021/22 ajudou a limitar a queda do cereal.

No Brasil, plantio de milho verão chegou a 75% plantada da área para 2021/22, ritmo superior aos 63% da semana anterior e aos 68% de um ano atrás, segundo a AgRural. As condições climáticas para o milho também têm garantido bom ritmo de plantio e condições adequadas ao desenvolvimento das lavouras, mas áreas já em pendoamento no Rio Grande do Sul poderão ser prejudicadas caso falte umidade e as temperaturas subam neste mês de novembro.

Ainda no mercado brasileiro, os valores do cereal no porto de Paranaguá (PR) superaram as cotações no interior, com base na praça paulista de Campinas. Segundo o Cepea, isso não acontecia desde outubro de 2020 e está ligado, em parte, à baixa liquidez no mercado interno.

Assim como as da soja, as cotações do milho caíram na sexta-feira também como reflexo da desvalorização da commodity em Chicago e da queda do dólar em relação ao real. A saca de 60 quilos do cereal estava cotada a R$ 86,61 em Campinas no último dia útil da semana passada, recuo de 0,26% em relação ao registrado uma semana antes. Nos portos de Paranaguá e de Santos (SP), as baixas foram de 1,8% e 2%, a R$ 85 e R$ 85,89, respectivamente.

Segundo os pesquisadores do Cepea, os compradores domésticos estão afastados do mercado spot, o que indica que há estoques no curto prazo. Além disso, com as projeções de safra de verão volumosa, os estoques devem ficar confortáveis, refletindo-se em exportações menores.

Por fim, o trigo destoou de soja e milho e fechou o dia em leve alta. O papel para dezembro, o mais ativo no momento, avançou 0,20% (1,50 centavo de dólar), a US$ 7,680 o bushel, e a segunda posição, para março, subiu 0,19% (1,50 centavo de dólar), para US$ 7,8125 o bushel.

O cereal vive um período com fundamentos sólidos, em que há sinalizações de aperto no quadro de oferta e demanda mundial para 2021/22. Entretanto, a baixa demanda pelo trigo americano poderá ser um ponto de pressão sobre os futuros nas próximas sessões.

Mais cedo, o USDA informou que os embarques de trigo somaram 231,8 mil toneladas na semana até 4 de novembro, volume 77,4% maior que o dos sete dias anteriores. No ano-safra, iniciado em 1º de junho, as exportações foram de 9,9 milhões de toneladas, 15,4% menos do que em igual período da temporada anterior (11,7 milhões de toneladas).

Fonte: Valor Econômico.

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