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Commodites: À espera do USDA, milho avança em Chicago

A perspectiva de corte nas projeções para a colheita de milho nos Estados Unidos deu impulso às cotações do cereal na bolsa de Chicago na sessão desta terça-feira. O contrato para julho subiu 1,95% (14,50 centavos de dólar), a US$ 7,57 por bushel, e o papel para setembro avançou 1,61% (11,50 centavos de dólar), a US$ 7,2575 por bushel.

O plantio de milho avançou nos EUA nas últimas semanas, mas os investidores estão apostando que o Departamento de Agricultura do país (USDA) reduzirá sua projeção para a safra no relatório que divulgará nesta sexta-feira. Segundo a Dow Jones Newswires, analistas consultados pelo jornal “The Wall Street Journal” esperam um corte de 500 mil toneladas, reduzindo a estimativa de 367,3 milhões para 366,8 milhões de toneladas.

Ontem, o USDA informou que a semeadura já ocorreu em 94% da área prevista para 2022/23, desempenho dois pontos percentuais superior à média das últimas cinco safras.

Os preços do cereal devem continuar firmes na bolsa de Chicago, segundo Daniel Flynn, analista do Price Futures Group. “Permaneço firmemente otimista, mas esse mercado é como qualquer outro e é vulnerável a reduções [de estimativas]”, ponderou, em relatório.

A guerra na Ucrânia também continua sendo um fator de sustentação dos preços. Segundo a Dow Jones Newswires, o país tem 20 milhões de toneladas de grãos armazenadas que não podem ser escoadas por causa do bloqueio aos portos. O viceministro ucraniano, Dmytrasevych Markiyan, afirma que a Ucrânia exportou apenas 1,7 milhão de toneladas de grãos em maio, registrou a agência. “Agora temos um problema de falta de capacidade de armazenamento e precisaremos de anos para exportar todos os nossos grãos”, afirmou.

Trigo

Os contratos futuros de trigo para julho, os de maior liquidez no momento em Chicago, encerraram o pregão em queda de 1,94% (21,25 centavos de dólar), a US$ 10,7175 por bushel. Os papéis da segunda posição, com vencimento em setembro, recuaram 1,81% (20 centavos de dólar), a US$ 10,845 por bushel.

O cereal terminou o dia em queda após subir mais de 5% na véspera, quando as cotações refletiram os novos ataques russos à Ucrânia. Doug Bergman, analista da RCM Alternatives, disse que o mercado de trigo segue muito volátil em virtude da indefinição sobre os embarques de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro.

“O mercado está à mercê das últimas manchetes sobre os desdobramentos do conflito. No entanto, se ignorarmos o efeito da guerra sobre as cotações e olharmos para os gráficos, veremos um cenário de baixa nos preços, apesar das valorizações recentes”, disse Bergman à Dow Jones Newswires.

Para a AgResource, após os novos ataques russos, ficou claro que um acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro é improvável.

Analistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal” acreditam que o USDA reduzirá suas estimativas para os estoques mundiais de trigo 2021/22. O número esperado é de 278,9 milhões de toneladas, volume inferior às 279,7 milhões da estimativa de maio. Para a safra 2022/23, a previsão média dos analistas é de estoques de trigo de 267,6 milhões de toneladas, pouco maior que as 267 milhões de toneladas previstas no mês passado.

Soja

Os contratos de soja para julho, os de maior liquidez na bolsa de Chicago, fecharam o dia em alta de 1,71% (29 centavos de dólar), a US$ 17,2825 o bushel. Os papéis de segunda posição, para agosto, subiram 1,1% (18 centavos de dólar), a US$ 16,5375 por bushel.

Segundo o Zaner Group, o mercado seguiu na expectativa com o relatório de oferta e demanda do USDA. As incertezas sobre as exportações de grãos da Ucrânia também continuam no radar.

“O mercado da soja encontrou apoio na solidez de trigo e milho. As tensões entre Ucrânia e Rússia parecem estar aumentando, e não diminuindo, como as negociações indicavam”, disse o Zaner, em relatório.

Ainda de acordo com a consultoria, no curto prazo, o clima dos EUA parece favorável para o início da safra, o que pode ter limitado o avanço dos preços.

O USDA deve prever a produção de soja de 126,23 milhões de toneladas (4,64 milhões de bushels) nos EUA em 2022/23, segundo analistas ouvidos pelo “The Wall Street Journal”. No mês passado, a estimativa foi de 120,7 milhões de toneladas.

Na segunda-feira, o órgão mostrou atraso no plantio da oleaginosa nos Estados Unidos. A semeadura alcançou 78% da área, um avanço de 12 pontos percentuais em relação à semana anterior. O ritmo está bem atrás do observado no ano passado (89%) e próximo da média dos últimos cinco anos, de 79%.

Fonte: Valor Econômico.

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