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Com terra mais disputada, carne bovina será mais cara no Brasil

Com o aumento nos custos de produção, a carne ficará mais cara, havendo um realinhamento nesse setor. Os brasileiros, apesar de o país ser um dos maiores produtores de carne no mundo, vão pagar bem mais pelo produto e reduzir o consumo.

Um dos segmentos mais afetados será o de carne bovina, pois o Brasil terá um padrão de consumo de países de produção reduzida. O consumo da proteína não estará presente todos os dias nos lares brasileiros e a carne de melhor qualidade será para ocasiões especiais.

Esse cenário se concretizará com mais intensidade no médio prazo, mas já começa a ser sentido. O preço médio anual da carne bovina gira próximo de R$ 100/@ há três anos, mas ninguém ganha com o produto nesse patamar: o pecuarista não consegue uma margem de lucro satisfatória. O resultado é uma estabilidade do consumo anual próximo de 34 quilos por pessoa nos últimos anos.

A avaliação é de José Vicente Ferraz, diretor técnico da Informa Economics FNP, consultoria que faz um balanço anual do setor há 20 anos por meio da publicação Anualpec, especializada na pecuária.

Ferraz diz que o brasileiro não ficará sem carne, mas haverá um realinhamento no consumo, com crescimento do frango e, com menor intensidade, do suíno que, apesar disso, não estarão isentos da alta dos custos, que passam o grande inimigo do setor. O desafio é colocar um produto competitivo no mercado e não diminuir a demanda.

A pastagem, um fator de pouco custo no passado para a pecuária, perde terreno para outras atividades agrícolas, como grãos, cana-de-açúcar e reflorestamento. Nos últimos dez anos, a pecuária perdeu 7 milhões de hectares e deverá perder outros 13 milhões nos próximos dez, aponta o estudo.

Com isso, o valor dos pastos subiu 451% na última década em Rondonópolis, cidade localizada em Mato Grosso, principal estado produtor do país. Grande parte dos pecuaristas saem do setor e vão para outras atividades com melhores lucratividades.

A saída é um aumento da produtividade por hectare, o que exige investimentos. Para voltar à margem de lucro da década de 1970, os pecuaristas deveriam produzir dez arrobas por hectare por ano. Atualmente, produzem quatro.

Luciano Vacari, da Acrimat, afirma que o pacote tecnológico existente é bom, mas que o produtor não tem renda para adquiri-lo. Além disso, ao contrário do que ocorre na agricultura, onde o crédito é farto, a pecuária não tem linhas de financiamentos de cinco anos ou mais, como exige a atividade.

O setor agropecuário passa por rápidas mudanças e em breve as fazendas, incluindo máquinas e meios de produção, serão controladas diretamente de centros de operação instalados nas grandes cidades, segundo Ferraz.

Esses novos tempos exigem dinheiro e conhecimento, o que vai retirar boa parte dos pequenos e médios produtores do campo. Quanto ao capital, ele poderá vir de fundos de investimentos. No caso do conhecimento, no entanto, não será fácil para o país, tendo em vista o patamar de educação atual, afirma ele.

A matéria é de Mauro Zafalon, colunista da Folha, publicada no jornal Folha de São Paulo, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

3 Comments

  1. Leonardo Alencar disse:

    Não concordo que esse view de carne bovina como um produto de luxo. Sem dúvida por ter um ciclo maior, necessitar de mais área, mais insumos, etc., o risco não é nulo, mas nossos níveis de produtividade são ainda muito baixos e, portanto, ainda podemos aumentar muito nossa produção.

    Se a média do Brasil é de pouco mais de 1 cab./ha, temos um gap enorme até as propriedades de produtividade mais alta, com 2, 3 até 5-6 cab./ha. Esse aumento de produtividade permitiria aumento de produção mesmo perdendo área para a agricultura.

    Mesmo na cria, onde há um limite na produção de bezerros por fêmea, é possível aumentar a produção melhorando os índices de natalidade.

    Além disso, quando falamos em consumo de carne bovina sempre pensamos em cortes de traseiro e alguns poucos de dianteiro. Entretanto, o consumidor brasileiro está aprendendo e desenvolvendo novos padrões de consumo.

    No tradicional churrasco, além da picanha agora entram outros cortes menos tradicionais. No consumo do dia-a-dia, o melhor aproveitamento do dianteiro cria oportunidades também.

    Ainda que a elasticidade para cortes de dianteiro seja baixa, para cortes de traseiro é média-alta (>0,6), indicando que o aumento da renda da população é positivo para o consumo de carne bovina.

  2. Ronaldo Rogoni Bononi disse:

    Parabéns pelo artigo, mas a mudança do preço da carne está mais ligada ao monopólio da industria em não repassar os lucros obtidos. Obrigado! Veterinario no MT.

  3. Danilo J S Santos disse:

    Concordo com você Ronaldo Rogoni, com o principal fiador do Brasil BNDeS apoiando alguns poucos frigorificos o setor está quase entrando em crise pois os pequenos não estão conseguindo lucrar pq tem que concorrer com grandes monopolios da carne, no estado de MATO GROSSO, ano passado podemos observar que um grupo muito forte comprou varios frigorificos em pontos estrategicos do estado, o que deu a eles o poder na queda de braço pela arroba do boi daquela região, lembro muito bem de ouvir boatos de que pecuaristas que tem suas propriedades em divisa com o estado de Rondônia Estavam procurando preços melhores e mais justos no estado vizinho, e muitos deles falavam que o MT estava Passando por um momento dificil pois seus maiores frigorificos tinham caido nas mãos de um grande grupo. Acho que se houver mesmo um aumento no preço da carne seria em parte culpa da pessima visão Politico-financeira do pais, pois se tivessem estudado melhor e investido não em só uma rede de frigorificos mais naquelas que vinhão apresentando um resultado satisfatório a economia não teriam criado um desequilibrio tão forte no setor, o que nos leva a essa situação que nos encontramos hoje.

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