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Com oferta curta indicador tem forte valorização

Na semana passada a arroba do boi gordo apresentou forte valorização. No mercado físico os negócios se desenvolveram com lentidão, compradores comentaram que as compras seguiam difíceis e as escalas pouco evoluíram, num claro sinal de que o pecuarista não concorda com novos recuos neste momento.

Na semana passada a arroba do boi gordo apresentou forte valorização. No mercado físico os negócios se desenvolveram com lentidão, compradores comentaram que as compras seguiam difíceis e as escalas pouco evoluíram, num claro sinal de que o pecuarista não concorda com novos recuos neste momento.

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 79,04/@ na última sexta-feira, com valorização de 2,21% na semana. O indicador a prazo registrou variação ainda maior, alta de 3,31%, sendo cotado a R$ 80,85/@ no dia 25 de setembro.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Com os pecuarista evitando vender nos preços propostos pelos frigoríficos e a oferta de animais para abate curtas, a maioria dos compradores se viu obrigado a reajustar os preços para conseguir manter as escalas e atender a demanda do mercado de carne.

Outro fator tem aumentado a cautela dos produtores é o movimento de consolidação dos frigoríficos que ganhou força nos últimos dias com a fusão dos frigoríficos JBS e Bertin e arrendamento de 11 plantas do Margen e do Mercosul pelo Marfrig. Ainda é cedo para definir quais serão os impactos dessas ações na pecuária brasileira e no mercado internacional de carnes, assim mesmo muitos pecuaristas se retraíram após o anúncio e preferem agir com cautela nesse momento.

Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), o estado vem passando por uma transformação na sua estrutura industrial frigorífica, que desde o início do ano assistiu ao fechamento de 15 plantas e à concentração dos abates em poucas unidades industriais. Alterações em relação à indústria, a estabilidade de preços mesmo na época de entressafra, a diminuição de 7% no número de animais confinados no estado e a diminuição das exportações de carne do Mato Grosso, mesmo com um aumento de exportação para o Oriente Médio e a China, vêm ditando estas transformações vistas no setor. Para a Famato, esta situação merece atenção por parte dos produtores.

O copresidente do conselho de administração da BRF Brasil Foods, Luiz Fernando Furlan, acredita que o movimento de consolidação do mercado de carnes no Brasil não deve se encerrar no curto prazo. Para ele, esse processo “deve durar mais algum tempo”, até que marcas mundiais do setor comecem a ser criadas. “Na área de carnes ainda não existe uma marca mundial, e a BRF é uma candidata a ter essa marca”, disse.

O arrendamento pela Marfrig Alimentos de quatro unidades do frigorífico Mercosul no Rio Grande do Sul preocupa pecuaristas, já que apenas uma planta exportadora no Rio Grande do Sul (Frigorífico Silva, em Santa Maria) não ficará sob a batuta da gigante paulista, o que significa menos opções de venda.

O pecurista César Monteiro, com propriedade rural em Alegrete e Uruguaiana, se diz apreensivo. “A Marfrig deve se abastecer no mercado que for mais vantajoso. Isso pode ser no Uruguai, na Argentina ou até no Norte do país”. Para Pedro Pífero, vice-presidente do Sindicato Rural de Alegrete, o arrendamento é visto como negativo, “agora, as exportações estão mais fracas. O produtor talvez sinta o prejuízo quando esquentarem novamente. Qualquer monopolização é ruim”, comenta Pífero.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados no Estado, Ronei Lauxen, o processo prejudicaria pequenas e médias empresas.

Na semana passada a Abrafrigo divulgou uma carta onde expõe sua opinião sobre as últimas fusões, aquisições e arrendamentos. Associação se diz contrária a concentração industrial no ramo de frigoríficos e ressalta que não concorda com a injeção de recursos públicos nas empresas, via BNDES, os quais têm sido a fonte maior da concentração industrial no nosso segmento.

Porém a Abrafrigo reconhece “que o país eventualmente poderá se beneficiar, uma vez que estas empresas terão maior poder de competitividade nos mercados externos, colaborando para a nossa balança comercial”.

Na carta assinada pelo presidente da associação, Péricles P. Salazar, a entidade deposita um crédito de confiança nestas fusões, mas esclarece que não hesitará em tomar as medidas administrativas, legais e judiciais caso algum mínimo sinal de irregularidade no campo comercial seja detectado.

Você acredita que o processo de consolidação do frigoríficos trará mais vantagens ou desvantagens para o pecuarista brasileiro? Dê sua opinião enviando um curto e rápido comentário através do box de cartas do leitor, ao final do artigo.

Acesse a tabela completa com as cotações de todas as praças levantadas na seção cotações.

A BM&FBovespa seguiu o movimento do indicador e fechou a semana com variação positiva para os contratos com vencimento mais próximo. Setembro/09, que será liquidado na próxima quarta-feira, fechou a R$ 79,20 na sexta-feira. Os contratos que vencem em outubro/09 registraram valorização de R$ 0,46 na semana, fechando a R$ 82,02/@.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 18/09/09 e 25/09/09

No atacado paulista, apenas a cotação do traseiro (R$ 6,40) teve alta, com variação de +1,59%, enquanto os preços do dianteiro e da ponta de agulha permaneceram estáveis. Assim o equivalente físico foi calculado em R$ 76,89/@, com valorização de 0,95% na semana. O spread (diferença) entre indicador e equivalente ficou em R$ 2,15/@, ficando abaixo da média dos últimos 12 meses que é de R$ 4,29/@.

Tabela 2. Atacado da carne bovina

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista x equivalente físico

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 603,59/cabeça, com desvalorização de 1,56%. Em relação ao mesmo período do ano passado, quanto esse indicador valida R$ 719,59/cabeça, a queda é de 16,12%.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista x relação de troca (boi gordo por bezerros)

A alta no preço do boi gordo boi somada a desvalorização do indicador de bezerro proporcionou uma melhora na relação de troca que subiu para 1:2,16.

Uma boa notícia veio da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que afirma que a produção de alimentos terá que crescer 70% até 2050 para suprir as crescentes necessidades da população mundial.

A entidade estima que haverá 2,3 bilhões de pessoas a mais para alimentar em 2050. “A produção anual de cereais terá que crescer quase um bilhão de toneladas, de 2,1 bilhões de toneladas atuais; e a oferta de carne terá que ser elevada em 200 milhões de toneladas para 470 milhões de toneladas em 2050”, disse a FAO, que estima que 72% da produção de carne do mundo serão consumidos pelos países em desenvolvimento, ante 58% nos dias atuais.

Boa parte do aumento da produção de alimentos terá que ocorrer por meio do aumento da produtividade, mas a FAO também prevê que mais 120 milhões de hectares de terra serão necessários para isso. A maior parte dessa área será cultivada na África subsaariana e na América Latina, advertiu a FAO.

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