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26 de novembro de 2008
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28 de novembro de 2008

Com escalas mais folgadas frigoríficos voltam a pressionar e indicador recua R$ 1,71 na semana

Os frigoríficos conseguiram alongar as escalas e iniciaram a última semana de novembro com pouquíssimo interesse pelas compras. Com escalas para o final da semana que vem, os compradores voltaram a pressionar por preços mais baixos e muitos permaneceram fora das compras.

Os frigoríficos conseguiram alongar as escalas e iniciaram a última semana de novembro com pouquíssimo interesse pelas compras. Com escalas para o final da semana que vem, os compradores voltaram a pressionar por preços mais baixos e muitos permaneceram fora das compras.

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 87,59/@, nesta quarta-feira, acumulando desvalorização de 1,82%. O indicador a prazo teve queda de 1,89% na semana, sendo cotado a R$ 88,59/@. Em relação ao mesmo período do mês passado a variação é de -3,58%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

O dólar compra fechou a R$ 2,3213, com variação semanal de -2,29%. Frente esse recuo, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo em dólares foi cotado a US$ 37,73/@. Apesar da variação positiva na semana (+0,49%), ele está 3,76% menor do que há um mês e 37,23% abaixo da cotação de 1 de agosto de 2008 (pico), quando valia US$ 60,12/@

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista em R$ e em US$

Segundo a Gazeta Mercantil, nesta quarta-feira, o dólar recuou seguindo a melhora de humor das praças internacionais. Para o gerente financeiro da Hencorp Commcor, Rodrigo Nassar Batista, o forte fluxo de investidores estrangeiros aliado ao bom humor externo explicam essa queda. “Mas enquanto permanecerem as incertezas, o mercado seguirá volátil e o Banco Central seguirá atuando para controlar as oscilações”, avalia.

Ajudou na baixa do dólar o anúncio de corte na taxa de juros da China por permitir a recuperação no preço das commodities. O otimismo com a formação da equipe econômica do presidente-eleito dos Estados Unidos – nesta tarde, Obama confirmou o nome do ex-chairman do Fed, Paul Volcker, para o comando do painel de conselheiros econômicos -, e o novo pacote de ajuda ao setor imobiliário de US$ 800 bilhões também contribuíram com o clima mais tranqüilo.

Além disso, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, anunciou um plano de €200 bilhões, o que representa cerca de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da União Européia, para estimular a economia da região.

No front doméstico, as atenções se voltaram para a elevação de 0,49% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15). O economista chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, diz que, apesar de não ser um quadro confortável com a inflação, a perspectiva de desaceleração da atividade econômica ao longo dos próximos meses, e a queda dos preços das commodities, deve beneficiar uma diminuição da inflação em 2009. “A dúvida que persiste é o efeito da taxa de câmbio”, afirma.

Os alimentos voltaram a registrar forte alta no Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de novembro, com variação de 0,90% no mês, ante 0,05% em outubro. Os produtos alimentícios foram responsáveis, sozinhos, por 0,20 ponto porcentual, ou 42% da taxa mensal.

A alta dos alimentos foi influenciada especialmente pelo item carnes, que aumentou 4,52% e registrou a maior contribuição individual, de 0,10 ponto porcentual, para o IPCA-15 no mês.

Ontem, o IBGE divulgou a Pesquisa Pecuária Municipal, com dados sobre o rebanho brasileiro em 2007. Segundo o relatório divulgado pelo instituto, o ano de 2007 foi um ano bom para a pecuária bovina quando se avalia o preço do produto final (carnes) posto no mercado. A demanda aquecida e a oferta restrita, interna e externamente, de proteína animal, manteve os preços da carne elevados, registrando-se valores recordes nos preços pagos aos produtores. No segundo semestre no entanto, a elevação do preço de insumos básicos da produção animal causou uma maior pressão sobre os custos de produção e a lucratividade dos pecuaristas.

“A descapitalização dos produtores em 2006 levou a desinvestimentos na produção de bovinos que podem ter refletido na redução do rebanho apurado pela Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM 2007, quando comparada com a do ano anterior. O abate de matrizes observado nos últimos anos resultou em uma menor oferta de boi gordo aos frigoríficos, sustentando os preços elevados”, apontou o estudo.

O IBGE ainda ressaltou que “o ano de 2007 foi marcado também pelas fusões e aquisições de grandes empresas frigoríficas, buscando ganhos de escala e competitividade, e que trarão reflexos na pecuária nos municípios onde estão localizadas as unidades industriais”.

O efetivo de bovinos para o ano de 2007, segundo a PPM, foi de 199,752 milhões de cabeças. Tal número representa redução do rebanho comparativamente ao ano anterior, de cerca de 3,0%.

Tabela 2. Efetivo de bovinos em 31/12, variação absoluta e relativa, segundo as Unidades da Federação, em ordem decrescente – 2006-2007

Clique na imagem para ampliá-la.

O principal efetivo de bovinos encontra-se, segundo a PPM 2007, nos Estados de Mato Grosso (12,9%), Minas Gerais (11,3%) e Mato Grosso do Sul (10,9%). Destaca-se a troca de posição entre o segundo e o terceiro maiores efetivos comparativamente ao ano de 2006. O Mato Grosso do Sul vem perdendo efetivos nos últimos três anos de análise da pesquisa, podendo ser um reflexo da concorrência de áreas entre agricultura e a pecuária.

A maioria dos estados apresentou redução do efetivo de bovinos em 2007 comparativamente ao ano anterior, exceto Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Distrito Federal.

No mercado físico, os negócios seguiram em ritmo lento. Na semana passada os grandes frigoríficos conseguiram comprar um volume maior de animais e alongaram as escalas que na maioria das regiões permanecem completas até o final da semana que vem. Com maior tranquilidade para montar suas programações de abate muitos compradores iniciaram a semana fora do mercado ou pressionando por recuos nos preços da arroba, mas poucas compras foram efetivadas nesses preços.

Apesar das escalas terem andado um pouco, a oferta de animais ainda é restrita e deve continuar assim nos próximos dias já que o final dos lotes comprados a termo e os últimos animais de confinamento já estão indo para o abate.

Nesse momento o rumo dos preços da arroba deve ser ditado pelo consumo. As indústrias comentam que o consumo está fraco e que mesmo com abate reduzido a relação entre oferta e demanda segue equilibrada. Não podemos esquecer que na semana que vem começa o mês de dezembro, com ele vem o 13º e as festas de final de ano e provavelmente o consumo deve melhorar, dando sustentação aos preços da arroba e evitando quedas muito bruscas.

Segundo o Boletim Intercarnes, o atacado segue aparentemente mais estável no tocante a preços, ainda que seja observada pretensão de baixa pelos compradores. Os negócios seguem com volumes regulares e a procura ainda é lenta, somente com algumas especulações por parte dos compradores, visando posicionamento para a próxima semana.

O traseiro foi cotado a R$ 6,80, o dianteiro a R$ 4,20 e a ponta de agulha a R$ 4,40. O equivalente físico foi calculado em R$ 82,11/@, recuo de 4,18% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente está em R$ 5,48/@.

Tabela 3. Cotações do atacado da carne bovina

Gráfico 2. Spread entre indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista e equivalente físico

A BM&FBovespa fechou em alta nesta quarta-feira, apenas com os contratos para novembro/08 (R$ 87,86/@) e maio/09 (R$ 83,50/@) apresentando variação negativa. No acumulado da semana o primeiro vencimento, novembro/08 – que será liquidado nesta semana -, teve desvalorização de R$ 0,94. Os contratos com vencimento para dezembro/08 fecharam a R$ 87,22/@, com recuo de R$ 0,79 na semana. Janeiro/09 apresentou uma valorização semanal de +R$ 0,10, fechando a R$ 86,57/@.

Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 19/11/08 e 26/11/08

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 695,87/cabeça, um recuo de 0,88% (R$ 3,59) na semana. Em relação ao mesmo período do mês de outubro a desvalorização é de 2,75%. Apesar da queda no preço do bezerro a relação de troca também recuou, ficando em 1:2,08.

Agentes do mercado comentam que a reposição esfriou, principalmente, devido aos recuos nos preços do boi gordo, atraso das chuvas e algumas regiões e incertezas para o início de 2009. Manoel Torres Filho, de Tupi Paulista/SP, informa que na sua região o bezerro desmamado está sendo negociado a R$ 630,00.

O leitor do BeefPoint, Marcos Francisco Peres, cometa que em Barra do Garças/MT, os preços do gado de reposição estão em forte queda. “Já se fala em bezerro nelore bom a R$ 550,00 ou menos” completa.

Rodrigo Crespo, da Casarão Remates, comenta que no RS o mercado de reposição está ajustado, já com algumas reduções de valores em algumas categorias. “Na região sul do estado, onde atuo, basicamente a falta de chuva é o grande referencial para este quadro. As baixas mais acentuadas são observadas em categorias de animais jovens (terneiros, terneiras, novilhas 1 e 2 anos ). Por exemplo, terneiros estão valendo R$ 2,60 a 2,70/kg vivo e já esteve a R$ 3,00 – 3,10”.

Também do Rio Grande do Sul, na região de São Gabriel, o leitor do BeefPoint José Luiz Bicca Heineck, comenta que os terneiros estão cotados a R$ 2,70/ kg vivo, para pagamento à vista. E machos mais erados, com 320 kg, são negociados a R$ 2,40/kg vivo, nas mesmas condições de prazo.

Como está o mercado do boi gordo e reposição em sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, abaixo para nos enviar comentários sobre o mercado.

0 Comments

  1. Marcelo Freitas disse:

    Não acho que essa folga exista assim, pois no estado de GO a escala é de 5 dias e no PA também e se você pressionar um pouco ele pega seu boi antes um pouquinho, concordo que existe uma escala, mas é curta se olharmos que já chegou a + de 15 dias.

    Completando, a escala esta nesses 05 dias ainda pois os pecuaristas estão com medo de vender e não receber, e estão escolhendo melhor as unidades frigorificas, pois se nós tivessemos garantias que todos iriamos receber esta escala não existiria, pois os pecuaristas iriam vender para os frigorificos de risco.(no meu ponto de vista).

  2. Marcelo Freitas disse:

    completando meu comentario, a escala esta nesses 05 dias ainda pois os pecuaristas estao comedo de vender e nao receber, e estao escolhendo melhor as unidades frigorificas, pois se o nos tivessemos garantias que todos iriamos receber esta escala seria na existiria pois, os oecuaristas iriam vender para os frigorificos de risco.(no meu ponto de vista).

  3. Julio M. Tatsch disse:

    Estou curioso quanto ao rebanho bovino nacional, divulgado pelo IBGE baseado em sua Pesquisa pecuária municipal.

    Vamos ver se repetindo o acontecido em Dezembro de 2007, daqui a alguns dias o mesmo IBGE, publique o “resultado definitivo do último Censo Pecuário”. Pois naquela ocasião ao divulgar o “Censo preliminar do rebanho”, este indicava um rebanho de 166.900.049 de cabeças, com uma diferença a menor de vários milhões de cabeças e não explicada pelo órgão!

    Lembro, estoque menor pela lógica significa valor unitário maior, ou não?

    Quanto a pressão de baixa aos preços pagos aos pecuaristas, acho possível uma “parceria” entre grandes frigoríficos e grandes redes varejistas, utilizando a estratégia de praticar altas margens pelo varejo, como forma de impor um freio na ponta do consumo, reduzindo a demanda e desta forma evitando a falta do produto nas gôndolas. Com a vantagem aos frigoríficos de possibilitar a redução nos preços pagos ao pecuaristas, apesar de estarmos com os menores abates SIF do ano! (uma redução média de 13%, quando comparado ago. e set. de 2007).

    Em termos de governo, lembro sua preocupação primeira com os índices inflacionários, logo favorecido por carne barata, e quanto a rentabilidade dos pecuaristas, o histórico responde.

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