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Com crédito, JBS reduz desembolso de imposto de renda

A JBS não precisará tirar recursos do caixa para pagar imposto de renda no Brasil por um “longo período”. A afirmação foi feita ontem pelo vicepresidente de finanças e diretor de relações com investidores da empresa, Guilherme Cavalcanti.

Em teleconferência, o executivo afirmou ao analista Alan Alanis, do banco de investimentos UBS, que a JBS pode abater o imposto de renda com a utilização de prejuízos fiscais acumulados e do ágio (expectativa de rentabilidade futura, o “goodwill”) apurado nas diversas aquisições feitas pela empresa.

Cavalcanti fez o comentário sobre os pagamentos futuros de tributos ao explicar o lucro líquido da JBS no primeiro trimestre. O resultado do período foi impulsionado pela adiamento do pagamento de imposto de renda. Entre janeiro e março, a JBS lucrou mais de R$ 1 bilhão. No período, o saldo de imposto de renda e contribuição social diferidos somou R$ 784 milhões, ante R$ 120 milhões no mesmo intervalo do ano passado.

De acordo com o vice-presidente de finanças da JBS, o imposto foi adiado em razão do impacto negativo da apreciação do dólar sobre o valor em reais das dívidas da empresa no Brasil. “Essa perda se torna um crédito porque podemos compensar em pagamentos futuros de imposto”, disse Cavalcanti, ressaltando que é bem mais difícil projetar a alíquota efetiva de imposto de renda a ser paga no Brasil do que nos EUA.

Nos Estados Unidos, onde a JBS possui a maior parte de suas operações, a alíquota efetiva é estável, de 19%, afirmou. Aqui, a taxa efetiva ficou em 38,7% no primeiro trimestre, já descontando o impacto positivo do imposto diferido. Nos primeiros três meses do ano passado, a alíquota havia sido de 51,8%. Na prática, a carga tributária sobre o lucro líquido é maior no Brasil.

Afora as questões tributárias, os executivos da JBS destacaram ontem, em teleconferências com analistas, que as perspectivas são positivas para os próximos trimestres. A demanda asiática, que já estava aquecida, deve crescer ainda mais devido ao surto de peste suína africana que atingiu o plantel da China, país responsável por 50% da produção mundial de carne suína.

Na bolsa, os investidores reagiram positivamente às perspectivas e ao resultado trimestral. As ações da JBS subiram ontem 8,36%, negociadas a R$ 21,39 na B3. Foi a maior alta dentre os papéis do Ibovespa.

“A peste suína vai potencializar a oportunidade que já estava no mercado”, afirmou o CEO da JBS, Gilberto Tomazoni. Nesse cenário, as exportações de carne bovina estão em franca ascensão. A partir da Austrália, as vendas do produto aos chineses cresceram 80% no primeiro trimestre, acrescentou André Nogueira, que comanda a JBS USA (unidade que reúne os negócios da JBS fora do Brasil). Os embarques de carne bovina do Canadá para o mercado chinês também aumentaram, e devem mais que dobrar entre junho e agosto segundo o executivo da JBS USA e agosto, segundo o executivo da JBS USA.

No Brasil, as perspectivas de demanda também são positivas. “Estamos sentido um crescimento das exportações de carne suína, em volume e preço”, afirmou Tomazoni. Os negócios de carne suína, frango e alimentos processados da JBS no Brasil ficam sob o guarda-chuva da Seara.

De acordo com Tomazoni, a Seara vem se recuperando dos problemas que fizeram a margem Ebitda do negócio cair 1,7 ponto no primeiro trimestre, para 6,6%. A Seara foi prejudicada pelas restrições comerciais da Arábia Saudita e por “problemas operacionais” em duas unidades, o que custou dois pontos de margem, afirmou o CEO da JBS.

Fonte: Valor Econômico.

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