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Clubes de assinaturas de alimentos ganham espaço durante pandemia

De um lado, a possibilidade de os empresários garantirem faturamento com estoques reduzidos e baixos investimentos. De outro, clientes com acesso a produtos selecionados entregues com regularidade em suas residências. Esse é o segredo do sucesso dos clubes de assinaturas, modelo de negócios já difundido no mercado de livros e vinhos e que, por causa do isolamento imposto pela pandemia, começou a avançar também na área de alimentos como carnes, cafés, temperos, leites e queijos.

Segundo dados da plataforma de e-commerce Betalabs, o segmento de clubes de assinatura como um todo cresceu 12% entre janeiro e outubro no país ante o mesmo período de 2019. A empresa calcula que 800 novos clubes foram criados, e estima alta de 55% no número de clientes que passou a atender, em cerca de 600 iniciativas do gênero. E, ao lado das novidades, apostas mais antigas também ganharam impulso.

Na Mantiqueira, o primeiro clube de assinatura de ovos do Brasil foi criado em novembro de 2018. Segundo o diretor comercial da empresa, Murilo Pinto, a ideia nasceu de forma intuitiva, sem grandes pretensões. “Na época, não vislumbramos o clube como uma possibilidade de business, mas os resultados provaram o contrário”, afirmou.

As assinaturas da Mantiqueira têm opções de planos individuais e familiares, e já incluem kit de ovos veganos feito à base de plantas. Há cerca de um mês, a empresa turbinou o e-commerce e criou canais para atender atacado e varejo. O cliente pode escolher se quer receber os produtos escolhidos semanal, quinzenal ou mensalmente.

Segundo Pinto, ao todo 4 mil assinantes compram os ovos da Mantiqueira, e 90% deles são consumidores finais que recebem as encomendas em casa. A participação do clube nos negócios da companhia, que é a maior produtora de ovos do país – são 2,3 bilhões de unidades por ano – é pequena, mas a frente cresce 10% ao mês e atende clientes no Rio, em São Paulo e no ABC paulista e no Sul de Minas. A próxima parada é o Vale do Paraíba, também em São Paulo.

A World Steak, com sede em Jundiaí (SP), é outro clube que tem obtido bons resultados com a venda de cortes de carnes por assinatura. A empresa foi criada em 2017 por seu CEO, Arnaldo Ferraro, que também é dono da Meqso, cujo foco é a distribuição de proteínas. O faturamento mensal da World Steak está em R$ 300 mil por mês, com lucro líquido na casa dos R$ 80 mil. Durante a pandemia, o clube cresceu quase 49% e passou a contar com 600 assinantes mensais em sua base.

Os preços dos cinco planos de assinatura da World Steak variam de R$ 9,90 a R$ 499,90, e incluem cortes sofisticados e premium de proteínas. Os mais procurados pelos assinantes são o bife de ancho e bife de chorizo, da raça black angus – carnes importadas do frigorífico uruguaio Las Piedras.

Os clubes de assinaturas de cafés especiais também estão caindo no gosto dos brasileiros, e um exemplo disso é a mineira Coffee and Joy. Criada a partir de um investimento inicial de R$ 100 mil em 2016, a empresa passou a registrar crescimento de 10% ao mês no ano passado e, durante a pandemia, viu os números dobrarem.

“Em 2019, nosso desafio era vender pelo menos 130 sacas de café no ano. Para a safra de 2020/21 já investimos cerca de R$ 200 mil em 150 sacas e temos previsão de comprar mais até dezembro”, diz Débora Reis, co-fundadora da Coffee and Joy. No clube mineiro, o assinante escolhe o perfil do café, mas todos são especiais, puros e 100% arábica. Até o fim de 2021, o objetivo é chegar a 6 mil clientes.

Segundo Reis, o aumento na procura pelo grão no clube foi tamanha que até aumentou a dificuldade em encontrar papelão disponível para as embalagens dos produtos. Enquanto a unidade do papelão estava sendo vendida a R$ 1,03 em junho, para dezembro o valor subiu para R$ 2,54. “Diante da falta da matéria-prima no mercado, os preços subiram consideravelmente”, afirma a executiva.

Desde o início da pandemia, diz, a região de Belo Horizonte teve o serviço de coleta seletiva interrompido, o que influenciou na quantidade de papelão disponível. O serviço foi retomado nas últimas semanas em 45 bairros.

Lançada em 2017 em Curitiba com aporte de R$ 10 mil feito pelo jornalista Jefferson Jess, a Caixa Colonial, cujo foco está em produtos artesanais como queijos e geleias, também viu as vendas crescerem por causa do isolamento social. Com plano mensal de R$ 139, os 750 assinantes do clube estão concentrados na região Sudeste. Jeff e sua esposa percorreram mais de 8 mil quilômetros pelo interior do Brasil, em uma kombi, em busca de sabores regionais para o clube, mas seus esforços estão sendo compensados. Durante a pandemia, o faturamento mensal dobrou, de R$ 45 mil para R$ 90 mil.

Fonte: Valor Econômico.

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