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Clima ‘extremo’ intensifica alta de preços de alimentos

Em 2021, fenômenos climáticos extremos desencadearam picos nos preços de commodities agrícolas, que continuam elevados neste ano, já que as condições incomuns que prejudicaram as safras resultaram em escassez contínua. O preço de produtos como o café brasileiro, as batatas belgas e as ervilhas amarelas canadenses – que têm muita demanda como substitutas de proteína em alimentos à base de plantas – aumentou drasticamente no ano passado como reação a temperaturas extremas e inundações.

Cientistas têm alertado que essas condições se tornarão mais frequentes e intensas à medida que as alterações climáticas se acelerarem. Questões logísticas e mudanças nos hábitos de consumo decorrentes da pandemia também levaram ao aumento do preço de bens de primeira necessidade, como açúcar e trigo, no ano passado.

“A agricultura é um dos setores mais expostos às mudanças climáticas” e é prejudicada tanto por fenômenos climáticos extremos individuais como por alterações de longo prazo nos padrões climáticos, segundo um relatório do Instituto Ambiental de Estocolmo. O documento aponta que os riscos são “muitas vezes maiores” do que as oportunidades para o setor.

Uma sucessão de fenômenos climáticos extremos ocorridos em todo o mundo em meados de 2021 prejudicou uma série de safras e resultou em aumento dos preços. No Brasil, fortes geadas afetaram a região cafeeira em julho, o que levou os preços do café a seu maior nível em quase sete anos. Os problemas das cadeias de fornecimento mundiais e a falta de navios cargueiros também resultaram em aumentos de preços no fim do ano.

O clima no Brasil continua a ser errático, e isso ampliou os temores sobre mais danos às lavouras. O fenômeno climático La Niña voltou a se manifestar pelo segundo ano consecutivo no fim de 2021. A expectativa é de que ele intensifique as chuvas e também as secas em todo o mundo. “Quando sabemos que o La Niña estará ativo este ano, já podemos observar uma reação dos preços a

tes mesmo de que o fenômeno ocorra”, disse Mario Zappacosta, economista sênior da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Ele acrescentou que isso pode ter um “efeito de contágio”, pelo qual os preços das safras substitutas também aumentam.

Os pesquisadores estimam que a produtividade de cana-de-açúcar em todo o mundo pode cair 59% nas últimas três décadas até 2100, em comparação com a produção no período 1980-2010, enquanto as do café arábica e do milho podem cair 45% e 27%, respectivamente. “Esta é uma grande lacuna em nosso planejamento de adaptação [às mudanças climáticas]”, de acordo com Magnus Benzie, um dos autores do relatório.

Segundo ele, produtividade menor e preços mais altos podem causar insegurança alimentar em países menos resilientes e dependentes de importações, assim como elevar os custos para os consumidores em todo o mundo. Benzie disse que a forma como os países reagem a fenômenos climáticos extremos e escassez – se fazem estoques ou se impõem restrições ao comércio, por exemplo – pode exacerbar as crises.

Fonte: Valor Econômico.

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