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Cientistas australianos descobrem genes em bovinos que podem ajudar no tratamento da obesidade em humanos

Cientistas do Instituto de Pesquisa australiano CSIRO Livestock Industries localizaram 4 genes envolvidos na deposição de gordura em bovinos, que podem oferecer novo entendimento ao problema da obesidade em humanos.

“Tanto os seres humanos como os bovinos são mamíferos e compartilham quase todos os genes – embora eles estejam arranjados de forma diferente nos cromossomos, e têm sequências genéticas diferentes”, disse Bill Barendse, da CSIRO Livestock Industries. “Em nosso estudo de marmorização de bovinos, nós localizamos 4 genes que são importantes na determinação da causa de alguns animais serem mais gordos que outros, quando alimentados essencialmente com a mesma dieta. Nós vemos a mesma coisa em humanos: uma rica dieta leva alguns à obesidade e outros não”.

A marmorização é o desenvolvimento de pequenas manchas de gordura nos músculos do gado – e isso é uma característica altamente valorizada em alguns mercados de carne bovina, como o Japão e os EUA, porque é associada pelos consumidores como um produto de alta qualidade, saboroso e macio.

A equipe de pesquisa de Barendse usou marcadores de DNA para detectar a tendência dos diferentes animais de “marmorizar”, ou seja, depositar gorduras entre seus músculos.

“O gado bovino é semelhante aos humanos em um aspecto: alimentados com a mesma dieta, alguns indivíduos depositam mais gorduras que os outros. A maioria dos casos de obesidade em humanos é principalmente devido ao alto consumo de uma dieta rica, e menos devido à mudanças genéticas. A maioria dos experimentos feitos sobre obesidade em ratos não ajudou a entender os humanos, porque a obesidade nesses animais ocorre principalmente devido a mudanças genéticas, e menos devido à dieta. É isso que torna o bovino tão útil. O estudo desses genes nos ajudará a entender como o processo de deposição de gordura começa e procede e, também, como podemos modificar isso”.

“No caso do gado alimentado para o mercado japonês, nós queremos fazer com que eles depositem mais gordura entre os músculos, e menos gordura em outras regiões. O tamanho dos depósitos de gordura em diferentes partes do corpo é influenciado por genes. No caso de humanos, nós queremos desenvolver dietas personalizadas e tratamentos que ajudarão os indivíduos a depositarem menos gordura, ou depositarem essa gordura em diferentes partes do corpo”.

A meta desse programa de pesquisa é desenvolver testes que permitam que os produtores conheçam o potencial de marmorização de seus animais. Barendse disse que a vantagem de trabalhar com gado é que os cientistas podem estudar um grande número de animais, com grande conhecimento de sua genética, e alimentá-los com dietas específicas.

“Você não pode fazer isso com humanos, porque todos temos dietas diferentes e diferentes acervos genéticos. Mas nós esperamos que o gado nos forneça um modelo que permita maior entendimento das diferentes habilidades de tornarem-se gordos”.

Com o apoio do Meat & Livestock Australia, a equipe de Barendse selecionou marcadores de DNA para o mapa genético bovino. Eles coletaram amostras de sangue, dados de marmorização, medidas de carcaça e informações sobre a linhagem dos animais, de mais de 4 mil bovinos, e usaram os marcadores de DNA para localizar 4 genes responsáveis pelas diferenças entre os indivíduos no depósito de gordura.

Para esse trabalho, eles desenvolveram um teste comercial chamado de “GeneSTAR Marbling test”, que identifica uma variante especial de um gene particular chamado TG (tiroglobulina), que está altamente associado com a marmorização. Outros testes estão sendo desenvolvidos.

“Os animais que carreiam cópias dessa variante particular do gene tem grande tendência de depositar gordura entre os músculos”, disse Barendse. “Esse gene é responsável pela produção de uma substância chamada tiroglobulina. Ela é quebrada em dois hormônios da tireóide que exercem grande influência no metabolismo do corpo e causa diferentes tipos de células de gordura, em forma e tamanho”.

Esses hormônios da tireóide são comuns em peixes, sapos, répteis e pássaros, bem como em mamíferos, e seu funcionamento é bem conhecido. Para a indústria de carnes, o desenvolvimento de testes genéticos significa que os produtores de gado podem agora testar os touros, que são naturalmente magros, para sua capacidade de passar a habilidade de depositar gordura para suas crias.

fonte: CSIRO Livestock Industries, por Equipe BeefPoint

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