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Cientistas argentinos desenvolvem vacina comestível contra a aftosa

Uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária de Castelar, Argentina, desenvolveu uma nova vacina contra a febre aftosa: uma planta de alfafa transgênica com possibilidades de se converter em vacina comestível.

Devido às modificações genéticas feitas, esta alfafa contém uma proteína do vírus que causa a febre aftosa, podendo promover a formação de anticorpos para imunizar os animais. “Até agora, trata-se de um desenvolvimento experimental”, disse Andrés Wigdorovitz, integrante da equipe de Manuel Borca, do Instituto de Virologia da sede do INTA em Castelar. Porém, segundo ele, a estimativa é de que no futuro sejam obtidos resultados definitivos com esta vacina comestível, que terá várias vantagens com relação às vacinas usadas atualmente.

A vacina de alfafa foi testada em ratos de laboratório, sendo que os resultados destes estudos foram publicados no Virology, entre outros períodicos científicos. Os ratos que comeram a alfafa transgênica do experimento responderam bem quando desafiados com o vírus da febre aftosa.

Devido ao reaparecimento da enfermidade na Argentina, a imunização hoje é obrigatória, feita com vacina tradicional, que conta com o vírus inativo em seu interior, juntamente com uma suspensão oleosa chamada de adjuvante oleoso. Esta vacina é feita em um cultivo celular e possui o vírus atenuado. Com ela, o sistema imunlógico do animal fica em alerta, caso entre em ação em contato com o vírus.

Para Wigdorovitz, a vacina usada hoje em dia é eficaz, mas a nova vacina desenvolvida por sua equipe poderá trazer benefícios adicionais. “Esperamos que em 5 anos estejam terminados os experimentos da vacina comestível para bovinos.”

Quando o desenvolvimento estiver completamente provado para bovinos, e esta nova vacina esteja com as autorizações sanitárias e biotecnológicas, os custos de produção e de distribuição serão menores do que os atuais. Atualmente, a campanha sanitária que está sendo feita no Estado está custando cerca de US$ 60 milhões. Além disso, ela obriga o uso do vírus vivo, o que sempre implica em um pequeno risco, já que o vírus inativado pode despertar e provocar a enfermidade.

A vacina de alfafa foi desenvolvida através da engenharia genética. Não contém o vírus atenuado, mas sim, algumas proteínas do vírus. Para a sua elaboração foi utilizada uma bactéria chamada Agrobacterium tumefaciens, que permite introduzir os genes que codificam as proteínas do vírus da aftosa dentro das células vegetais.

Após um processo que leva vários meses, as plantas que nascem por esta manipulação contém seus próprios genes, somados aos do vírus da aftosa. Assim, ao comer esta alfafa transgênica, os animais poderiam desenvolver anticorpos para defender-se do vírus.

Segundo Wigdorovitz, o mesmo caminho poderá ser usado para elaborar vacinas comestíveis contra outras enfermidades, como o rotavírus, causador da diarréia bovina. “Temos que fazer com que as plantas realmente contenham uma grande quantidade de proteínas do vírus da aftosa, e que o aparato digestivo dos animais aceite esta planta como vacina comestível.”

Fonte: E-Campo, adaptado por Equipe BeefPoint

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