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Ciclo pecuário: comparando com o ciclo passado, ainda teríamos alguns anos de queda

No final do mês passado, publicamos um gráfico com o abate médio de fêmeas e questionamos: Até quando o ciclo pecuário ficará na fase de baixa?. O post gerou comentários interessantes, e resolvemos publicar estes novos gráficos com uma análise um pouco mais profunda. Além do abate de fêmeas, utilizamos os dados históricos do indicador à vista e deflacionado (IGP-DI) do Boi Gordo CEPEA, desde 1997.

O ciclo atual teve início em jul/2006, e a fase de alta durou 4,3 anos até nov/2010. Neste período, a arroba teve valorização de 71,6%: a média do indicador diário em jul/06 foi de R$72,79 e em nov/10 foi de R$124,89, registrando o pico máximo. A partir de dez/10 começou o ciclo de baixa, e até jan/13 o indicador á vista teve queda de 22,9%: de R$124,89 em nov/10 para R$96,28 em jan/13.

A dúvida continua a mesma, até quando o ciclo atual ficará em baixa, ou qual será o tamanho da queda do indicador?

Para isso, vamos observar o ciclo pecuário passado, de 1996 a 2006: a fase de alta durou 3,3 anos e a de baixa 6,5 anos. Na fase de alta, o indicador subiu 49,5%, de R$80,90 em jun/96 para R$120,92 em nov/99. Já na fase de baixa, o indicador teve desvalorização de 40,1%, de R$120,92 em nov/99 para R$72,46 em jun/06.

Ou seja, comparando o ciclo atual com o passado, ainda teríamos por volta de 20% de queda, deixando o indicador aproximadamente em R$77,00. Considerando que a fase de baixa atual começou há dois anos e que a última durou 6,5 anos, poderemos ter ainda alguns anos até começarmos a ver sinais de virada do ciclo.

Observando o abate de fêmeas no mesmo período percebe-se o padrão inverso, ou seja, em fases de alta do indicador do Boi Gordo, o abate fêmeas está em declínio. O oposto também é válido: em fases de baixa do indicador, o abate de fêmeas aumenta.

Porém, o período deste ciclo atual de baixa pode ser mais curto do que o passado. O último pico máximo de abate de fêmeas (fundo do poço para o indicador do Boi Gordo) atingiu 48% em fev/06, e no ciclo atual tivemos a maior concentração até agora atingindo 46% em fev/12. Ainda mais, observando a média móvel de 12 meses, a intensidade de alta diminuiu (40%), parecendo indicar que o pico está próximo. Comparando com a média móvel do pico anterior, este chegou a 44% em set/06.

Para tentarmos “adivinhar” até quando o ciclo permanece em queda, deixe sua análise e comentários pensando em fatores de mercado de sua região:

Como foi e como está o abate de fêmeas neste início de ano em sua região? E as pastagens?  

Será que este ciclo será mais curto do que o ciclo de baixa?

Qual será a queda total do indicador e quando atingirá pico mínimo?

Muito obrigado pela colaboração!

8 Comments

  1. Marco Antônio S.M. Leme disse:

    Talvez seja necessário, antes de tentar responder às perguntas propostas, avaliar o seguinte:

    1 – O ciclo anterior 96/06 foi ou não atípico em relação aos demais (mais longo)?

    2 – Em caso afirmativo, seria possível identificar quais variações de fatores foram responsáveis pela mudança?

    3 – Finalmente: ao comportamento desses mesmos fatores no ciclo atual, quais são as novas variáveis que poderiam ser correlacionadas para tentar projetar uma avaliação?

  2. carlos viacava disse:

    Desse jeito vai acabar a pecuária.

  3. Everaldo FS pereira Filho disse:

    A análise gráfica e/ou estatística de ciclo permite exclusivamente o olhar/análise para o retrorvisor , ou seja a sistematização de informações de trajetória etc que para ganhar sentido prospectivo devem ser correlacionadas ou integradas à análise dos fundamentais do mercado e fatores portadores de futuro.EVeraldo pereira Filho

  4. Adriano Souto disse:

    A matança de vacas continua cada vez maior, pelo menos no Norte de Minas. E proporcional à falta de chuvas e pastagens escassas. Aqui, a previsão é que o ciclo se encerre caso tenhamos um a dois anos bons de chuva. Ós últimos têm sido ruins, contribuindo para a morte de pastagens.

  5. Murilo Borges disse:

    Eu compartilho com o pensamento do Dr. Carlos Viacava, porque nossa pecuária não tem gordura para aguentar esse ciclo prolongado de baixa, e a fase mais sacrificada de todas é a fase da cria.No MS, os preços praticados em média macho e fêmea no ano de 2012 foram de R$ 550 a R$ 600 reais de média.
    Isso não cobre os custo de produção da cria, e outras atividades mais rentáveis chegaram no nosso estado desalojando o boi de lugar. Na região sul, a soja e a cana, na região leste a atividade florestal, e nos municípios de pecuária já tem comentários da diminuição do rebanho em torno de 30%, principalmente na região de cria.
    Quero propor a toda cadeia da carne alguns tópicos de reflexão:
    * No nosso País irmão o Paraguai o preço da arroba praticada do boi comum, é de R$ 98,00,e o boi para exportação, é de RS 108,00;
    * Nos EUA a arroba é de R$ 170,00, e as exportações brasileiras segundo informações do próprio Beef Point, batendo recorde histórico,e os abates de fêmeas continuam sendo de 60%.
    * As grandes indústrias principalmente esse ano, estão se posicionando,arrendando aqui,no Mato Grosso do Sul a maioria dos grande confinamentos. Então quais serão os caminhos a seguir? Tentar diversificar a produção pecuária com as integrações,lavoura,floresta, e o boi virar segunda alternativa? E as vocações das regiões que só possuem potencial para cria? Ou arrumar subsídios para que esses pecuaristas, com linha subsidiada?Igual ao que o governo concede para os grandes grupos industriais, para confinar boi? Ou se não a atividade pecuária,não terá mais condições de cobrir seus custos de produção e remunerar o produtor rural,fazendo com que ele não se mantenha na atividade.

  6. Willian Leal disse:

    O preço pago pelo Kg da vaca (no caso do Rio Grande do Sul) muito próximo do praticado ao boi gordo, aquece o abate de fêmeas. No meu entendimento deveria ser repensado este aspecto, para que houvesse uma retenção de matrizes, e que o mercado fosse abastecido, consequentemente, com uma maior proporção de machos, e que estes fossem produzidos com qualidade dentro da propriedade. Não entendo muito de mercado, mas acredito que com a famosa “necessidade de produção de alimentos” o Brasil vai ter que se especializar em produção de bovino de corte, e isso passa por abastecer o mercado, havendo então a necessidade da retenção de matrizes dentro da propriedade. Aqui no sul tem chovido bem, mas como no verão o manejo alimentar se dá basicamente em campo nativo, temos que esperar o outono/inverno para ver como se comportarão as pastagens.

  7. Tércio Telles disse:

    O “mercado” manipula estes momentos de acordo com a sua conveniência, interesse. Observamos que a alta dos custos de produção, do frete, vai num ritmo muito mais acelerado do que o ritmo do preço ao produtor, mas depois do abate o ritmo em escala cada maior absorve os custos e gera uma margem bem atrativa, tendo um risco insignificante perante todo risco que o segmento produtivo absorve. Os ciclos na verdade, são para filtrar aqueles que o mercado tem interesse e para abater aqueles que o mercado não deseja. O sistema produtivo altamente pulverizado é um prato cheio para quem está altamente organizado, globalizado, focado,ora do lado interno e do lado externo. Não dá mais para vivermos isolados, pois o abate será certo! Não dá para vivermos mais na decisão baseada na onda da informação, precisamos estar focados em todos os aspectos da informação para não sermos movidos “aleatóriamente” para o curral de abate. Lá seremos com já vilumbrou Dr. Carlos Viacava ! destruídos ! É o jogo 1X0

  8. Guga Bianco disse:

    Quero acreditar que qualquer tipo de ciclo pode e deve ter um final. Inovação, tomadas de decisões devem partir de nós pecuaristas e levadas ao campo de batalha. Precisamos e brigar pelo nosso negócio: o boi!

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