Os preços dos cortes de carne bovina subiram 7,9% no varejo paulista em um mês, para uma média de R$ 47,06 na última quarta-feira, segundo levantamento da Scot Consultoria. Apenas três cortes ficaram mais baratos nesse período: coxão mole (-0,3%), lagarto (-3%) e músculo traseiro (-2,5%). O filé mignon subiu 33%. Segundo o analista de mercado Felipe Fabbri, da Scot, a valorização reflete o aumento da demanda ante as festividades deste mês.
O gerente de relações institucionais da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Nilton Mesquita, afirmou recentemente, em nota, que além do churrasco de fim de ano, a abertura de empregos temporários e o recebimento do 13º salário podem colaborar para o aquecimento do consumo, em tempos de oferta restrita.
A alta que chegou às gôndolas, no entanto, foi menor do que a registrada no mercado atacadista, também em São Paulo. O quilo da proteína teve média de R$ 36,82 no dia 8, avanço de 10,7% no comparativo mensal. Os cortes do traseiro bovino (como picanha e filé mignon) subiram 11,8%, para R$ 41,85 o quilo, enquanto os preços do dianteiro (cupim e acém, a exemplo) aumentaram 6%, para R$ 24,40 por quilo.
Um passo atrás na cadeia da proteína, a arroba do boi gordo ficou 16,45% mais cara, a R$ 312 na quinta-feira, considerando negócios a prazo e já descontados os impostos. O preço do animal vivo se recuperou após a oferta de gado confinado diminuir.
Além disso, a China liberou a importação de cargas certificadas antes do embargo à carne bovina do Brasil, motivado pela confirmação de dois casos atípicos de doença da “vaca louca”, em 4 de setembro.
A decisão deu fôlego à indústria, que tinha um volume relevante armazenado sem ter outro destino capaz de absorver o produto pagando o mesmo valor que os chineses. No entanto, não há previsão de quando o país asiático dará sinal verde para a compra de carne bovina produzida após a suspensão.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as vendas totais de cortes do produto (in natura e processados) ao exterior somaram 1,716 milhão de toneladas de janeiro a novembro deste ano, 7,15% menos que em igual período de 2020. Graças ao aumento dos preços médios, a receita ainda cresceu 10% na comparação, para US$ 8,5 bilhões.
Nesta semana, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, afirmou que o embargo chinês é uma jogada comercial de Pequim para tentar achatar os preços da commodity. “A China esperava que o preço do boi fosse para baixo e aumentou mais do que antes do embargo”, disparou.
Fonte: Valor Econômico.