A normalização das importações chinesas de carne bovina só deve ocorrer no terceiro trimestre, avalia relatório recém-concluído pelo banco holandês Rabobank.
De acordo com o banco, a carne bovina é a proteína mais afetada pela epidemia do novo coronavírus porque é mais consumida fora do lar (food service). “Restaurantes provavelmente permanecerão fechados em algumas regiões até março, enquanto em outras regiões as pessoas podem evitar comer fora”, apontou.
Até o momento, não é possível saber se o novo coronavírus será controlado no primeiro trimestre, ressaltou o Rabobank. Tendo isso em vista, é possível que os setores de food service e turismo ainda sofram com os impactos da doença ao longo de abril e maio.
“Esse menor volume de vendas significa que a demanda por carne bovina será menor do que os anos normais no primeiro semestre”, projetou o banco holandês. Além disso, muitos importadores chineses lidam com problemas de fluxo de caixa, na medida em que cargas ficaram paradas nos portos. Os estoques formados em dezembro para abastecer a demanda das festas do Ano Novo Chinês, em janeiro, não foram consumidos devido ao coronavírus.
Alguns importadores também tiveram perdas financeiras no fim do ano passado, quando o preço da carne caiu na China, espremendo as margens de importadores que pagaram muito caro para trazer a carne de países como o Brasil.
Nesse contexto, o Rabobank projeta que a normalização das importações de carne bovina pela China ocorrerá, na melhor da hipóteses, no segundo trimestre. Mas a maior probabilidade é que isso só ocorra no terceiro trimestre, segundo o banco.
A partir do segundo semestre, porém, a retomada das importações de carne bovina pela China deve ser rápida e, no acumulado de 2020, os resultados tendem a ser positivos, projeta o Rabobank.
A China é a maior importadora de carne do mundo, e a maior cliente dos exportadores do Brasil – o país asiático responde por 35% das exportações brasileiras. Em 2019, as vendas à China renderam US$ 2,7 bilhões, conforme dados compilados pelo Ministério da Agricultura.
Fonte: Valor Econômico.