Em meio às tensões políticas com autoridades australianas, a China suspendeu hoje as importações de carne bovina de quatro frigoríficos da Austrália, dois deles pertencentes à JBS. A decisão das autoridades chinesas levantou preocupações entre frigoríficos brasileiros.
Como Pequim decidiu retaliar a Austrália por causa de críticas de autoridades do país sobre a forma como os chineses lidaram com a covid-19, muitos temem que o governo brasileiro cometa erro semelhante.
Há quem encare a decisão como um alerta para que as autoridades brasileiras evitem críticas ao governo chinês como as que já foram feitas no passado recente por Eduardo Bolsonaro e pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. “Não podemos dar um tiro no nosso pé”, disse uma fonte da indústria ao Valor.
Há pouco mais de uma semana, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também recomendou cuidado a outras autoridades brasileiras em declarações sobre outros países.
“Não podemos entrar em briga de gente grande”, disse a ministra em um debate virtual promovido pelo BTG, em alusão à disputa entre China e EUA.
Na ocasião, a ministra ressaltou que abrir mercados dá trabalho, mas que a perda de um mercado pode ocorrer de uma hora para outra.
De acordo com levantamento da consultoria Agrifatto, especializada em pecuária, a Austrália é a quarta principal origem da carne bovina importada pela China, atrás de Brasil, Argentina e Uruguai.
Os australianos respondem por 11% da carne importada pelos chineses. O Brasil responde por 42% de toda a carne bovina importada pelos chineses.
Para os brasileiros, os chineses — incluindo Hong Kong — respondem por mais de 50% das exportações de carne bovina, conforme dados compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Fonte: Valor Econômico.