CEO da Whole Foods sobre boom de carne à base de vegetais: bom para o meio ambiente, mas não para sua saúde

Atualmente, há dois grandes players no mercado de “carne” à base de vegetais: Beyond Meat e Impossible Foods.

Em 2013, a Whole Foods deu à Beyond Meat, empresa iniciante de carnes de origem vegetal, sua primeira chance de vender suas tiras de “frango” vegano nas lojas da Whole Foods em todos os EUA. Os primeiros investidores no produto foram os bilionários Bill Gates e o co-fundador do Twitter, Biz Stone.

“Lançamos a Beyond Meat. Nós éramos a plataforma de lançamento deles. Na verdade, acho que todos os novos produtos foram introduzidos na Whole Foods ”, disse John Mackey, co-fundador e CEO da Whole Foods.

Um ano depois, a Beyond Meat desenvolveu seu primeiro produto de “carne bovina” feito a partir de proteínas vegetais, que mais tarde se transformou no agora famoso Beyond Burger em 2016. (Em junho, a empresa fez atualizações de receitas para seus hambúrgueres originais. anunciando que sua nova receita usa uma “mistura de ervilha, feijão mungo e proteínas de arroz.”)

No mesmo ano, outra empresa start-up de “carnes” vegetais, a Impossible Foods, lançou sua alternativa ao hambúrguer de carne feito de concentrado de proteína de soja para restaurantes. Momofuku Nishi em Nova York começou a servir o Impossible Burger em julho de 2016. A empresa também é apoiada por Bill Gates.

Hoje, tanto a Beyond Meat quanto a Impossible Foods explodiram.

Em maio, a Beyond Meat teve o melhor IPO até agora em 2019, atingindo mais de 163% no dia de sua estréia no mercado, além de fazer grandes negócios com Carl’s Jr., Dunkin, Del Taco e TGI Friday’s, entre outros. E os produtos da Impossible Foods estão agora em cerca de 10.000 restaurantes – incluindo White Castle, Red Robin e Burger King – com planos de lançamento em supermercados em setembro.

O mercado de substitutos de carne deve atingir US $ 2,5 bilhões até 2023, de acordo com estimativas da Euromonitor.

Mas Mackey, que é vegano há mais de 20 anos, não está convencido sobre os benefícios para a saúde das carnes à base de vegetais.

“As [marcas] que estão capturando a imaginação das pessoas – e eu não vou nomear essas marcas porque tenho medo de ser associada à crítica”, disse Mackey, “mas algumas delas são extremamente populares agora, se você olhar para os ingredientes, eles são alimentos altamente processados. ”

De acordo com o site da Beyond Meat, os ingredientes de suas “carnes” vegetais incluem água, proteína isolada de ervilha, óleo de canola prensado, óleo de coco refinado, proteína de arroz e outros sabores naturais, incluindo extrato de maçã e suco de beterraba (para cor). Os ingredientes do Impossible Burger incluem água, concentrado de proteína de soja, óleo de coco, óleo de girassol, proteína de batata, leghemoglobina de soja (um grupo de proteínas encontradas em animais e plantas) e outros sabores naturais, de acordo com seu site.

“Não acho que comer alimentos altamente processados ​​seja saudável. Eu acho que as pessoas prosperam comendo alimentos integrais ”, disse Mackey. “Quanto à saúde, não vou endossar isso, e isso é uma grande crítica que farei em público”.

E Mackey não está sozinho. Alguns nutricionistas também não estão convencidos pela mania do hambúrguer vegetal.

“Eles não são necessariamente mais saudáveis ​​do que os hambúrgueres de carne bovina”, Alissa Rumsey, nutricionista, disse à CNBC em julho. “Eles são totalmente bons para comer, mas não há necessidade de substituir seu hambúrguer de carne se você não gostar deles”, acrescentou Rumsey, apontando que tanto hambúrgueres à base de vegetais quanto hambúrgueres de carne bovina tradicionais têm a mesma quantidade de sódio e gordura saturada.

Por outro lado, Mackey acredita que as carnes à base de plantas são uma escolha mais ética e são melhores para o meio ambiente do que as carnes normais. E a pesquisa apoia essas alegações.

De acordo com um estudo encomendado pela Beyond Meat ao Centro de Sistemas Sustentáveis ​​da Universidade de Michigan, um hambúrguer vegetal gera 90% menos emissões de gases de efeito estufa, requer 45% menos energia, tem 99% menos impacto na escassez de água e 93% menos impacto no uso da terra do que um quilo de carne bovina tradicional dos EUA.

De acordo com a Fast Company, os americanos que mudam de carne bovina para rissóis vegetais equivalem a tirar 12 milhões de carros das ruas durante um ano inteiro.

Mesmo com suas reservas sobre a saúde dos produtos, Mackey disse que há pelo menos um bom argumento dietético para a carne à base de vegetais: “Muitas pessoas dizem … que a carne [vegetal] é um alimento de transição, o que significa que é uma maneira de [as pessoas] começarem a reeducar [seus] paladar; é um bom primeiro passo para retirar as pessoas dos produtos de carne”, disse ele.

Mackey disse que a maioria dos americanos não gosta de comer como ele (ele come 15 frutas e vegetais por dia) porque suas papilas gustativas estão acostumadas com uma dieta que inclui muitos alimentos processados.

“Então a razão pela qual essas carnes de origem vegetal tomaram o mundo é que elas têm um gosto muito parecido com as carnes normais, ao passo que se você tiver um hambúrguer [saudável] de feijão preto com sementes de linhaça e batata doce, está ótimo para mim ”, disse ele, mas não para a maioria das pessoas.

Mackey disse que a boa notícia é que as pessoas podem reciclar seu paladar para “desfrutar de praticamente qualquer coisa”, comendo consistentemente algo que eles normalmente não gostavam antes.

“Eu amo frutas e legumes”, disse Mackey, porque ele treinou seu paladar para amá-los.

Fonte: CNBC Make It, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.