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Cenário promissor para acionistas dos frigoríficos do país

Depois de uma década praticamente perdida quando o assunto é receber dividendos, os acionistas dos principais frigoríficos brasileiros podem estar próximos de um tempo de bonança.

O cenário é promissor e, portanto, é hora de “deixar os preconceitos de lado”, recomendou o BTG Pactual, em relatório divulgado à imprensa ontem. A avaliação é que a estratégia “veloz e furiosa” de aquisições do setor – foram 84 desde 2007 – ficou no passado e agora os frigoríficos estão convencidos a reduzir as dívidas, disseram os analistas do BTG, Thiago Duarte e Henrique Brustolin, no relatório.

No tabuleiro global das carnes, lembraram os analistas, os últimos dez anos foram marcados por um crescimento sem precedente da indústria nacional. Conforme dados compilados pelo BTG, a receita somada de JBS, BRF, Marfrig e Minerva – as quatro empresas de carnes com ações listadas na B3 – cresceu oito vezes desde 2007, quando JBS, Marfrig e Minerva abriram o capital na bolsa. A BRF ainda não existia, mas Perdigão e Sadia – as empresas deram origem à companhia após a fusão, em 2009 – já estavam na bolsa desde a década de 1980.

Em 2007, o faturamento somado das companhias não chegava a R$ 50 bilhões. Neste ano, a cifra deve superar R$ 250 bilhões, de acordo com as projeções do BTG. Maior empresa de carne do planeta e líder em faturamento entre as companhias não-financeiras no Brasil, a JBS responde por 70% das vendas.

De acordo com o BTG, o crescimento dos frigoríficos brasileiros foi largamente financiado com a emissão de dívidas. Na prática, os detentores dos títulos no exterior ficaram com a maior parte do quinhão na forma de juros – isso vale sobretudo para JBS, Marfrig e Minerva. Por outro lado, as elevadas despesas financeiras inviabilizaram os dividendos pagos para os acionistas. “Foi nada menos que um desastre para o retorno dos acionistas”, concluíram eles.

Não à toa, os frigoríficos tiveram desempenho fraco na bolsa nesse período. Cálculos agregados, feitos pelos analistas, mostram que as ações das empresas de carnes do país ficaram estáveis na última década. “Em termos nominais!”, enfatizaram Duarte e Brustolin. Ou seja, quando descontada a inflação, as ações valem menos hoje – houve “destruição de valor”, no jargão do mercado.

Para o próximo ano, a expectativa é que isso mude. JBS, BRF e Marfrig, as três maiores, venderam ativos ou estão em processo de desinvestimentos para reduzir a dívida.

Após a delação dos irmãos Batista, em maio de 2017, a JBS angariou R$ 4,7 bilhões com a venda de ativos. Além disso, a empresa renegociou dívidas com os bancos no Brasil, e neste ano antecipou pagamentos. Com essas medidas – a geração de caixa também contribuiu -, o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) caiu de 4,16 vezes, em junho de 2017, para 3,38 vezes no fim de setembro.

A Marfrig obteve ainda mais recursos. Em agosto, acertou a venda da Keystone para a americana Tyson Foods, por US$ 2,4 bilhões (mais de R$ 8 bilhões). A empresa deve concluir a venda até o fim do ano, reduzindo assim o índice de alavancagem de 4,5 vezes em dezembro do ano passado para 2,5 vezes – o menor índice do setor.

A BRF, por sua vez, está na fase final para a venda dos ativos na Argentina, Tailândia e Europa, com os quais quer obter R$ 3 bilhões. O plano da gestão Pedro Parente é reduzir o índice de alavancagem das 6,7 vezes reportadas em 30 de setembro a 3 vezes no fim de 2019.

Diante do cenário positivo, o BTG recomendou aos investidores a compra de ações da JBS – o preço-alvo para os papéis é R$ 15, potencial valorização de 27% sobre a atual cotação. O BTG também vê alta potencial de 14% nas ações da Marfrig. Entre as empresas do setor, JBS e Marfrig são as mais bem posicionadas para aproveitar o momento favorável para a produção de carne nos EUA e no Brasil.

Fonte: Valor Econômico.

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