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Cenário de incerteza leva commodities a nova turbulência

Num cenário mundial dominado por alto grau de incerteza como o atual, a reação dos agentes econômicos a qualquer evento, nem sempre relevante, tende a ser exagerada e, constatado o exagero, a ser revista logo. Agora, o estresse, já alto devido à crise na União Europeia, cresceu ainda mais pela controvérsia política nos EUA quanto à dívida pública. As Bolsas foram tomadas por forte turbulência, com tendência de queda. Os mercados de commodities também balançaram inicialmente para, a seguir, retomar maior firmeza, não estando afastadas novas recaídas. É recomendável, nesta altura, focar menos os dias turbulentos que correm e mais os fundamentos de curto e médio prazos.

Num cenário mundial dominado por alto grau de incerteza como o atual, a reação dos agentes econômicos a qualquer evento, nem sempre relevante, tende a ser exagerada e, constatado o exagero, a ser revista logo.

Agora, o estresse, já alto devido à crise na União Europeia, cresceu ainda mais pela controvérsia política nos EUA quanto à dívida pública.

A questão acabou tendo encaminhamento parcial e não elucidativo, levando ao rebaixamento da nota de risco dos papéis do governo americano pela desgastada agência Standard & Poor´s.

Desde então, as projeções de crescimento econômico vão sendo reduzidas, enquanto diminui a confiança na solvência de governos de vários países problemáticos.

Resultado: as Bolsas foram tomadas por forte turbulência, com tendência de queda. Os mercados de commodities também balançaram inicialmente para, a seguir, retomar maior firmeza, não estando afastadas novas recaídas.

É recomendável, nesta altura, focar menos os dias turbulentos que correm e mais os fundamentos de curto e médio prazos.

No caso do agronegócio, sabe-se que os prospectos de produção mundial – apesar dos percalços climáticos – são razoavelmente favoráveis. A demanda por alimentos deve seguir firme, apesar do crescimento pouco menor quase generalizado.

Os estoques de grãos estão relativamente baixos, como nos casos de soja, milho, açúcar e algodão. Liquidez mundial elevada e juros baixos deverão persistir por um bom tempo. Todas essas considerações levam à expectativa de que os preços das commodities agropecuárias deverão permanecer elevados.

Ainda assim, seria cabível esperar uma forte queda de preços em consequência da atual turbulência? A resposta é não, a menos que a crise vá em direção aos bancos.

Em 2008, os governos aumentaram suas dívidas para salvar empresas e bancos.

A crise atual é filha da anterior, na medida em que os governos ficaram com dívidas volumosas e de sustentabilidade duvidosa.

Provavelmente, a única saída seja repartir a conta com os bancos credores, por meio de reestruturações das dívidas.

À medida que essa perspectiva vai ficando mais concreta, os bancos, especialmente os europeus, são trazidos para o olho do furacão, como indicam as perdas que vêm sofrendo nas Bolsas.

Embora a maior transparência contábil atual ajude, não se pode descartar uma interrupção no fluxo de crédito como ocorreu em 2008, quando os bancos praticamente se fecharam uns aos outros, e o comércio de mercadorias entrou em colapso.

Ou seja, embora haja vendedores e compradores interessados, os negócios ficaram impossibilitados. Espera-se que isso não se repita.

Não há espaço para barbeiragem nas negociações entre governos e bancos, como ficou demonstrado pelo episódio da quebra do Lehman Brothers, que precipitou as consequências desastrosas que ainda enfrentamos.

Artigo publicado inicialmente na Folha de S.Paulo

0 Comments

  1. Pedro Henrique Alves dos Santos disse:

    Muito bom o artigo. Mas acredito que ainda virão surpresas ruins. Acredito que a crise ainda irá se agravar com países como a Espanha entrando em insolvência. A França já apresentou sinais de sérias dificuldades econômicas, sendo que a visita da presidente da Alemanha para o Sarkozy nesta semana foi uma demonstração clara dos tempos difíceis que ainda estão por vir. É importante também lembrar que o próprio povo alemão já agravou uma série de manifestações contra a atitude do governo de aplicar seu dinheiro com o intuito de salvar a Grécia, Portugal e Irlanda, outro ponto importante é que em países com a Espanha e a Itália a economia é mais complexa e o montante financeiro para salvar esses países é muito maior e provavelmente não estará disponível.
    Quando pensamos no caso dos EUA a situação é mais simples, o dólar ainda é muito forte no mundo e a simples emissão de mais moeda irá fortalecer ainda mais sua moeda, fazendo com que a exportação deles aumente ainda mais, o que podemos perceber na balança superavitária já apresentada pelos EUA, com isso não acredito que o problema  é o EUA e sim o velho mundo.
    Como disse o Barros no artigo, os baixos estoques mundiais e a demanda firme por alimentos devem sustentar nossa economia. Mas o mais importante e que coloca a economia brasileira em uma situação mais calma é a grande demanda interna, como disse  o banco Goldman Sachs algum tempo atrás o Brasil tem a capacidade de comandar a economia mundial. A freqüente visita do presidente da bolsa de valores de NY no Brasil demonstra o interesse dos países desenvolvidos pelas empresas do Brasil. A ditadura e repressão chinesa, a máfia e a expressiva corrupção russa, a divisão em castas na Índia que faz com que uma grande porcentagem da população não possa ter dinheir portanto, não consumir, coloca o Brasil em posição de destaque nesta crise. Nossos problemas estruturais e de corrupção tem a grande possibilidade de melhorar com o desenvolvimento de nossa economia, nossas novas leis e o expressivo desenvolvimento do mercado de capitais nacional é um sinal claro disso.
    Por fim, é necessário ainda ter cautela com o mercado de commodities

  2. Pedro Henrique Alves dos Santos disse:

    Por fim, é necessário ainda ter cautela com o mercado de commodities, tempos negros ainda virão este ano, principalmente para os especuladores, mas nossa agricultura ainda se mostrará firme e disposta a mais uma vez fazer com que nossas contas fiquem mais uma vez positiva.

    pedro.ufv@bol.com.br

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