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Celso Toledo: o que podemos esperar da economia brasileira em 2013?

O Workshop Análise sobre Mercado do Boi e da Carne aconteceu no dia 15 de Maio de 2013, em São Paulo, o 4º Workshop BeefPoint em 2013.

Celso Toledo, Doutor pela FEA-USP, Diretor da E2 Economia, Diretor da LCA Consultores e Sócio da Ouro Verde Amazônia foi o primeiro palestrante do evento e falou sobre O que podemos esperar da economia brasileira em 2013?

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Celso destaca que os resultados do país estão ligados aos resultados mundiais, o palestrante está um pouco menos cauteloso que em 2012, pois ano passado era necessário fazer uma aposta sobre o mercado europeu, este ano os riscos estão mais controlados. Afirmou que hoje em dia a “economia emergente” e mais forte do mundo é a dos EUA, boa notícia, pois se eles vão bem, teoricamente a maioria dos países vão bem.

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Os EUA estão enfrentando dificuldades a curto prazo pois o governo “pisa no freio” para fazer ajustes fiscais. Ainda assim, é raro uma economia com uma combinação tão sólida como a americana. A solidez se dá devido à taxa de câmbio depreciada, força de trabalho qualificada disponível e empresas que possuem capital para investir.

Segundo o palestrante, a Europa possui um problema estrutural, porém está com riscos controlados, afinal o Banco Central garantiu que irá bancar problemas bancários e de divída soberana. Então, o maior problema é de países que queiram pedir para sair da zona do euro e não países que serão expulsos. O Japão tem um upside enorme, os japoneses são competitivos e eficientes, é uma economia muito exposta ao mercado mundial.

A China tem decepcionado, pois está crescendo pouco, abaixo de 6%. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu, pessimistas afirmam que nenhum país até hoje conseguiu migrar de indústria para serviço sem ter uma queda forte de crescimento. Já os otimistas dizem que eles têm um modelo que ninguém consegue replicar e eles têm acertado. Segundo Celso, a China irá entregar menos que nos anos anteriores.

A Argentina é relevante para o Brasil, o país está em uma fase ruim, indicador de prêmio dólar paralelo de 100%. Notícia ruim para o Brasil, afinal, é o nosso principal cliente de produtos manufaturados.

Em resumo, o panorama mundial está ficando melhor, menos volátil, o que é bom para commodities, bolsa, mercados ativos em geral, afirma o economista.

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O Brasil possui indicadores razoáveis, o crescimento do PIB é saudável, a questão é se isso continua no resto do ano. As perspectivas a médio prazo no Brasil só estão animadoras no agronegócio. O crescimento de PIB deve ser ao menos maior que 0,7%. Para que o país possa crescer ao menos 2,5% ao ano.

A inflação está subindo e as escolhas do governo caminham para essa direção, o governo irá pisar no acelerador, a condução do governo calibra o crescimento e a política cambial e a variável é a inflação.

O crescimento brasileiro previsto é moderado com o incômodo da inflação. É preciso ficar atento a confiança dos empresários.

Questões de médio prazo são mais difíceis de serem respondidas, como “qual o potencial do Brasil de crescer a longo prazo?”. Hoje economistas afirmam que o crescimento do Brasil está abaixo de 3%. Os empresários precisam ter crédito, os investimentos precisam ter retorno. Os empresários precisam ter confiança que parte voltará para ele. E é necessário que o Brasil tenha estrutura e solidez. O governo que gasta muito gera impressão que terá que tributar muito na frente para pagar a dívida deprimindo o retorno.

slide-4-1024Conclui-se que o cenário possui um modelo macroeconômico que se o Brasil continuar da forma que está, irá crescer 3% ao ano, porém a sensibilidade é alta, se o mundo crescer 0,5% ao ano o Brasil irá crescer a reboque, possui economia de beta elevado. Se o preço do capital continuar caindo nesse ritmo e não houver nenhuma “barbeiragem” do outro lado, o Brasil irá crescer até 4% ao ano. Se o Brasil continuar se integrando ao mundo, e continuar facilitando a convergência das melhores práticas dos EUA, Japão e China poderá haver um upside de 0.8%. A infraestrutura é o fato mais concreto e o agronegócio é o setor que mais sofre com este.

Perguntas ao palestrante:

Pergunta: Quando você fala do espírito negativo dos empresários, você inclui também os de serviço?

Celso Toledo: Em geral, convivo com os empresários do setor industrial, estes não estão muito animados não. Porém, os de serviço estão preocupados por conta do aquecimento do mercado de trabalho. E o pessoal de serviços financeiros não está animado há muito tempo.

Pergunta: Observando EUA e Japão que há 2, 3 anos tinham uma perspectiva de crescimento maior que o Brasil, não é uma lição sobre o que o Brasil deixou de progredir comparando com os dois países?

Celso Toledo: O Brasil progrediu nos últimos 10 anos, porém, deixou de fazer muita coisa que podia ter feito com o dinheiro que tinha nas mãos. Ainda há muita ineficiência nos gastos. O Brasil está aprendendo, porém, ainda tem muito para evoluir estruturalmente.

Pergunta: A China era detentora da maior dívida mundial. Com a retomada do crescimento americano, ela não melhoraria?

Celso Toledo: Em minha opinião, os emergentes serão a nova locomotora do mundo, mas hoje em dia ainda são os EUA. Com os EUA indo bem, os países ligados à ele como a China, crescem também.

Pergunta: Há 2-3 anos você disse que quando os países chegam em um determinado patamar de renda per capita em paridade, a economia anda de lado; e a China caminhava para isso. Você ainda acredita nisso?

Celso Toledo: Ainda acredito. Só que isso aconteceu muito rápido e a China ainda pode crescer muito, pois o governo tem instrumentos para estimular a economia. E como não é ditadura, podem fazer experimentos. Porém, houve uma desaceleração no crescimento.

Pergunta: Quais características você vê nos empresários do agronegócio e acha interessante e quais você não queria ver?

Celso Toledo: Gosto de ver que são empresários criativos, sabem aproveitar as oportunidades. Podiam ter mais ações na bolsa, para que quem fosse de fora pudesse investir. Eles irão salvar o Brasil!

Pergunta: Observando a última simulação que você mostrou, o que você acha que deveríamos fazer?

Celso Toledo: Os chilenos apresentaram um estudo que mostrava o impacto do crescimento no país considerando e isolando os efeitos da infraestrutura. Se a infraestrutura em termos quantitativos e qualitativos fosse semelhante à do Chile, o índice de crescimento per capita ao ano, em um período de um ano, cresceria 18%.

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Artigo escrito por Flaviane Afonso Ferreira, coordenadora de conteúdo do BeefPoint, baseado na palestra O que podemos esperar da economia brasileira em 2013?, de César Toledo, no Workshop 2013 sobre análise do mercado do boi e da carne.

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