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Ceitec inaugura fábrica em Porto Alegre e aposta no potencial do “chip do boi”

O Centro Nacional em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), companhia pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), inaugurou na última sexta-feira em Porto Alegre a primeira fábrica de circuitos integrados (chips) da América Latina já pensando na expansão do projeto. O primeiro circuito integrado produzido em Porto Alegre será o "chip do boi", que será vendido por R$ 2,50 a R$ 3, contra R$ 4 a R$ 7 dos similares importados.

O Centro Nacional em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), companhia pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), inaugurou na última sexta-feira em Porto Alegre a primeira fábrica de circuitos integrados (chips) da América Latina já pensando na expansão do projeto. Se os negócios correrem conforme o planejado, em 2013 será necessária a construção de uma nova unidade industrial, orçada preliminarmente em US$ 1bilhão, informou o presidente da empresa estatal, o alemão Eduard Weichselbaumer.

O projeto já exigiu investimentos de R$ 400 milhões, além de outros R$ 25 milhões que serão aplicados em obras complementares e fazem parte do orçamento de R$ 79 milhões reservado pelo MCT em 2010. Segundo Weichselbaumer, a meta da companhia é atingir o equilíbrio econômico-financeiro, sem considerar a amortização do investimento inicial, em cerca de três anos.

Constituído originalmente como uma associação civil sem fins lucrativos e transformada em uma companhia estatal federal por decreto do presidente da República em novembro de 2008, o Ceitec já desenvolveu circuitos integrados para rastreabilidade bovina (o “chip do boi”), para automação industrial e para moduladores de TV digital.

Agora, além de desenhar os circuitos integrados, a companhia vai produzir os chips para sistemas de identificação por radiofrequência (RFID, na sigla em inglês) a partir de lâminas de silício (“wafers”) de seis polegadas de diâmetro adquiridas no mercado internacional, explicou Weichselbaumer.

A capacidade de produção do Ceitec vai variar de 50 milhões a 100 milhões de chips para RFID por ano, dependendo das dimensões de cada um, revelou o executivo. Já os demais tipos de circuitos integrados desenvolvidos pela companhia – para comunicação sem fio e para multimídias digitais – serão enviados para produção fora do Brasil, pelo menos até a implantação da segunda etapa do projeto do Ceitec, em 2013.

Segundo Weichselbaumer, um dos objetivos da construção da segunda fábrica será absorver a produção desses circuitos, além de desenvolver chips mais modernos, de tecnologia mais avançada e em quantidades maiores. Nessa etapa, a companhia deverá buscar também a participação da iniciativa privada para bancar o investimento, disse o presidente do Ceitec.

O primeiro circuito integrado produzido em Porto Alegre será o “chip do boi”, que será vendido por R$ 2,50 a R$ 3, contra R$ 4 a R$ 7 dos similares importados, informou o executivo. O produto – ainda fabricado fora do país a partir do projeto desenvolvido pelo centro – já está em testes de campo e tem grande potencial de mercado, comentou Weichselbaumer.

“O rebanho bovino brasileiro tem 200 milhões de cabeças, se renova a cada três ou quatro anos e hoje apenas um percentual muito pequeno dos animais usa brincos ópticos de identificação”, comentou o presidente do Ceitec. De acordo com o executivo, a companhia também está desenvolvendo outros dois chips RFID para identificação de produtos industriais e farmacêuticos, que podem representar a produção de cerca de 10 milhões de unidades já em 2011.

As informações são do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Qualquer iniciativa que reduza custos da pecuária é bem vinda.

  2. Márcio Vinícius Ribeiro de Moraes disse:

    Autor(es): Renato Cruz

    O Estado de S. Paulo – 28/02/2010

    Estatal de chips [para rastrear bovinos] leva 10 anos para estrear

    No começo do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, inauguraram em Porto Alegre a Ceitec, estatal de semicondutores. Os discursos foram em defesa por uma ação direta do Estado na economia, mas a história dessa fábrica, não citada pelas autoridades, é um exemplo da ineficiência do governo como gestor de projetos empresariais.

    O Brasil tem um problema sério na área de semicondutores. Trata-se do item mais importado pelo setor eletroeletrônico. Em 2009, o País gastou US$ 3,293 bilhões trazendo chips do exterior. As máquinas usadas pela Ceitec foram doadas pela Motorola em 2000, vindas de uma fábricadesativada fora do Brasil pela companhia americana. Naquele ano, o buraco dos semicondutores na balança comercial brasileira era bem menor: as importações ficaram em US$ 1,883 bilhão.

    “O desafio é grande”, reconhece Eduard Weichselbaumer, executivo alemão de 57 anos, que atuou no Vale do Silício, nos Estados Unidos, antes de assumir a presidência da Ceitec em 2009.

    O executivo, trazido do mercado, foi apontado para o comando da Ceitec depois de a empresa patinar por muito tempo em indicações políticas que impediam o projeto de ir para frente. Sobre as máquinas antigas, Weichselbaumer procura enxergar, no que seria um problema, uma vantagem competitiva. “Temos uma fábrica amortizada, o que permite oferecer preços bastante competitivos.”

    NICHOS DE MERCADO

    O presidente da Ceitec afirma que o objetivo não é competir com empresas como a Intel e a AMD, que fabricam chips para microcomputadores, mas encontrar “nichos de alto potencial, em que não existe um vencedor definido”. Um desses nichos é o de identificação por radiofrequência (RFID, na sigla em inglês). O primeiro produto criado pela Ceitec é o chamado “brinco do boi”, chip pararastreamento do rebanho bovino.

    Apesar do entusiasmo de Weischselbaumer, do investimento de R$ 400 milhões feito pelo governo e da inauguração da fábrica com altas autoridades, os produtos ainda não estão no mercado. O presidente da companhia explicou que cada ciclo de produção de semicondutores dura três meses, e são necessários dois ciclos para que o processo de produção esteja estabilizado.Depois disso, os chips entram num processo de três meses chamado “accelerated lifetime” (vida acelerada) para testar sua durabilidade. Ou seja, se tudo correr bem, o mercado receberá os produtos da Ceitec em nove meses.

    DOAÇÃO DIFÍCIL

    A trajetória da Ceitec mostra como o poder público tem dificuldades de estabelecer uma empresa até quando os equipamentos vêm de graça. Em 2000, a Motorola tentou doar suas máquinaspara a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O projeto, porém, não teve apoio do governo do Estado de São Paulo à época, mesmo depois de dois anos de negociação, e acabou indo para Porto Alegre.

    A produçã

  3. Márcio Vinícius Ribeiro de Moraes disse:

    continuação…

    A produção de semicondutores no Brasil é bastante pequena, com empresas como a Aegis, deSão Paulo, mas nem sempre foi assim. O País já chegou a ter sete fábricas de semicondutores, controladas por multinacionais: Philips, Motorola, Siemens, NEC, Fairchild, Texas Instruments e National Semiconductors. A reserva de mercado acabou matando essa indústria.

    A Philips instalou uma fábrica no Recife em 1974. No mesmo ano, criou uma unidade na cidade deKaoshiung, em Taiwan, com a mesma capacidade de produção, de 50 milhões de circuitos integrados por ano. Em cinco anos, a fábrica taiwanesa produzia 1 bilhão de circuitos integrados por ano, enquanto o Brasil foi obrigado a congelar a produção.

    A Ceitec é uma tentativa de recuperar o tempo perdido e os desafios são grandes. Um deles é a indústria brasileira de eletrônicos, que costuma comprar kits de produtos, no lugar de chipsavulsos. Para vencer essa barreira, a estatal busca a estratégia de trabalhar com parceiros nodesenvolvimento de produtos e de aproveitar o poder de compra do Estado para alavancar a produção. Ainda é cedo para dizer se a estratégia dará certo, mas a trajetória da empresa, até aqui, mostra que não será nada fácil.

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