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Causas e consequências da deficiência de zinco

Os dados indicam que existem grupos de risco, particularmente os bebês, idosos e aqueles que escolhem substituir alimentos de origem animal por alimentos vegetais.

Um terço da população mundial vive em países com alto risco de deficiência de zinco. Como resultado, o zinco recentemente foi adicionado na lista da Carga Global de Doença da Organização Mundial de Saúde (OMS). Dados da base de dados global da OMS sobre atraso no desenvolvimento e Pesquisas Nacionais sobre Nutrição referentes à ingestão de zinco sugerem que os riscos de deficiência desse nutriente na Austrália e na Nova Zelândia em geral são baixos.

Entretanto, a professora Rosalind Gibson, professora e pesquisadora de nutrição humana da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, que também é membro do Grupo Internacional Consultivo sobre Zinco, disse que existem três grupos que pode estar em risco: vegetarianos, bebês e idosos.

Vegetarianos

A deficiência de zinco é frequentemente induzida pela dieta. De acordo com Gibson, ao se analisar países como Etiópia, onde o risco de deficiência de zinco é alto comparado com países onde o risco é baixo, como Austrália, a principal diferença é a fonte de zinco da dieta. Nos locais onde o zinco é dependente de fontes vegetais, como cereais não refinados e legumes, que são ricos em ácido fítico, existe um risco maior de deficiência de zinco.

Existe uma clara correlação inversa entre o ácido fítico e o zinco absorvido pelo intestino. À medida que aumenta o teor de ácido fítico da dieta, cai a absorção de zinco (1). Isso sugere que dietas predominantemente baseadas em cereais não refinados e legumes podem ter um problema com a biodisponibilidade de zinco.

Isso tem implicações para dietas vegetarianas. Gibson avaliou estudos comparando dietas onívoras e vegetarianas em países ocidentais. Quando dietas com o menos teor de zinco são comparadas, a absorção é substancialmente maior em dietas onívoras, devido aos efeitos inibidores do maior teor de ácido fítico de dietas vegetarianas (2).

Inversamente, quando as dietas são equiparadas para alta ingestão de ácido fítico, a porcentagem de zinco absorvido é a mesma, mas a quantidade total de zinco absorvida é maior em uma dieta onívora, simplesmente porque dietas contendo carne são mais ricas em zinco (3).

Uma tendência crescente em direção ao vegetarianismo entre mulheres jovens podem colocá-las em risco de deficiência de zinco. Estudos (4, 5) mostram que a prevalência de baixo zinco no soro sanguíneo entre vegetarianos lacto-ovo e semi-vegetarianos excede o nível de 20% desencadeador determinado pela OMS, indicativo de preocupação de saúde pública.

Bebês

A principal causa de deficiência de zinco em bebês é a ingestão inadequada desse nutriente, devido aos altos requerimentos fisiológicos. Como o leite materno não oferece uma quantidade abundante de zinco, pode ser difícil para os bebês suprirem seus requerimentos desse nutriente durante a transição entre o leite materno e o alimento sólido, especialmente se a adição de cereais, ricos em ácido fítico, estiver limitando a absorção do zinco.

A base de dados global da OMS indica que a Austrália e a Nova Zelândia têm uma baixa prevalência de atraso no desenvolvimento (6), embora dados limitados sobre os níveis de zinco no soro coloquem alguma dúvida nisso. A doutora Elaine Ferguson e colaboradores da Universidade de Otago descobriram que a prevalência de baixo nível de zinco no soro sanguíneo entre os bebês da Ilha do Sul da Nova Zelândia era de mais de 20%, indicando um alto risco de deficiência de zinco.

Idosos

Estudos nos Estados Unidos indicaram um maior risco em idosos, principalmente associado com uma redução na absorção do zinco em um período em que as ingestões de energia e nutrientes, incluindo o zinco, são frequentemente baixas. Como consequência, a função imunológica pode ser prejudicada. Gibson reportou que 12% das mulheres idosas em Dunedin, na Nova Zelândia, tinham baixos níveis de zinco no soro sanguíneo e, em alguns casos, baixas ingestões de zinco, sugerindo que esse grupo pode estar em risco.

Conclusões

Os dados indicam que, apesar de a deficiência de zinco não ser um risco para a população em geral da Austrália, existem grupos de risco, particularmente os bebês, idosos e aqueles que escolhem substituir alimentos de origem animal por alimentos vegetais.
Referências bibliográficas

1. Sandstrom B et al (1987), ‘Absorption of zinc from soy protein meals in humans’, J Nutrition, 117:321-27.
2. Hunt JR et al (1998), ‘Zinc absorption, mineral balance, and blood lipids in women consuming controlled lactoovovegetarian and omnivorous diets for 8 weeks’, AJCN, 67:421-30.
3. Kristensen et al (2006), ‘Total zinc absorption in young women, but not fractional zinc absorption, differs between vegetarian and meat-based diets with equal phytic acid content’, BJN, 95(5):963-67.
4. Donovan UM and Gibson RS (1996), ‘Dietary intakes of adolescent females consuming vegetarian, semi-vegetarian, and omnivorous diets’, J Adol. Health, 18: 292-300.
5. Gibson RS et al (2001), ‘Are changes in food consumption patterns associated with lower biochemical zinc status among women from Dunedin, New Zealand?’, BJN, 86(1):71-80.
6. de Onis M et al (2000), ‘Is malnutrition declining? An analysis of changes in levels of child malnutrition since 1980’, Bulletin of the World Health Organisation, 78(10):1222-33.

Artigo de autoria da professora Rosalind Gibson, professora de nutrição humana da Universidade de Otago, incluído em uma publicação do Meat and Livestock Australia (MLA) chamada Vital.

A publicação original pode ser acessada aqui.

6 Comments

  1. Mauro Luís Matzembacher disse:

    Uma dieta vegan balanceada:
    POR DR ERIC SLYWITCH
    O zinco é um mineral bastante importante e deve ser visto com carinho pelos vegetarianos.Ele foi reconhecido como mineral desde 1509, mas as sua necessidade de ingestão para os organismos animais só foi reconhecida em 1934.
    Devido à sua ampla distribuição nos alimentos, a deficiência em humanos era considerada improvável. No entanto, na Segunda Guerra Mundial, a associação de doenças com a falta de zinco começou a ser comprovada. Após esse período, diversas disfunções decorrentes da falta de zinco foram descobertas.
    Deficiência de zinco
    As principais manifestações clínicas da deficiência de zinco são:
    – retardo de crescimento (em crianças);
    – desenvolvimento sexual retardado e impotência;
    – queda de cabelo;
    – lesões de pele, especialmente periorificiais;
    – alterações na língua e na constituição das unhas (atenção: pontos brancos nas unhas podem não ter relação alguma com o zinco);
    – deficiência imunológica;
    – cegueira noturna (que também pode ser decorrente de falta de vitamina A);
    – paladar prejudicado;
    – dificuldade de cicatrização;
    – redução de apetite e menor ingestão alimentar;
    – intolerância à luz (fotofobia) e dificuldade de adaptação à escuridão;
    – redução do desenvolvimento cerebral do feto.
    Há diversos hormônios que podem ser afetados quando há carência de zinco: hormônio do crescimento, hormônios sexuais, tireoideanos, insulina e corticosteróides.
    Quem está em risco de ter deficiência?
    As pessoas que estão em risco são as que apresentam baixa ingestão alimentar de zinco, absorção intestinal reduzida desse mineral, perdas elevadas ou ainda aumento da necessidade por alguma situação especial (crescimento, gestação, queimaduras extensas e algumas doenças).
    A dieta vegetariana é considerada uma dieta de risco para deficiência de zinco?
    Para alguns autores sim.
    O motivo para isso é a presença de um ácido chamado ácido fítico, bastante concentrado em sementes, que pode dificultar a absorção de zinco. Conversaremos sobre ele daqui a pouco. Além disso, a carne é uma boa fonte de zinco.
    O fato é que os estudos não mostram maior prevalência de deficiência clínica de zinco em populações vegetarianas quando comparadas com as onívoras. No entanto, como a deficiência leve de zinco não tem diagnóstico fácil, é prudente manter um cuidado na escolha dos alimentos mais ricos em zinco e reduzir o teor do ácido fítico dos alimentos.
    A distribuição do zinco no organismo humano:
    O teor total de zinco no organismo humano é estimado entre 1,5 gramas para mulheres e 2,5 gramas para homens.
    O zinco faz parte da função de mais de 300 enzimas e está presente em todos os órgãos, tecidos, líquidos e secreções do corpo.
    Mais de 95% do zinco está dentro das células.
    Cerca de 57% do zinco é encontrado nos músculos esqueléticos, 29% nos ossos, 6% na pele, 5% no fígado, 1,5% no cérebro e o restante nos rins, coração, cabelos, e no sangue.
    Avaliação do estado de zinco no organismo
    Para o diagnóstico de deficiência de zi

  2. armando de souza disse:

    Sou “semi-vegetariano” – como carne animal cerca de 2 vezes por semana – tenho 62 anos – portanto, já sou idoso, pelo Estatuto do Idoso, do Brasil. No entanto, minha dosagem de zinco atinge 107,0 mcg/dL, sendo o limite de referência de 70 a 120 mcg/dL. Portanto, meu nível de zinco no sangue/organismo e normal “prá cima”, tendendo a atingir o limite de referência. Assim, VEJO COM DESCONFIANÇA ESSE ESTUDO NEOZELANDÊS.

  3. armando de souza disse:

    Um adendo ao meu comentário anterior: faço uso de produtos (alimentação) integral/vegetariana e como carne branca, em muito pouca quantidade – basicamente frango – no máximo 2 vezes por semana. E a dosagem de zinco de exame recentíssimo que fiz (10/11/2013) acusou 107,0 mcg/dL (valor de referência 70 a 120 mcg/dL). De resto, mantenho meu ponto de vista do comentário anterior.

  4. WILSON JOSÉ DA SILVA disse:

    Meu filho tem 26 anos caiu uma parte do cabelo …Os médicos dizem que é falta de zinco no sangue que gera ansiedade…Os exames de sangue mostram baixa de zinco no sangue …Ele gosta muito de chocolate…Refrigerantes…Houve uma época ele fez tratamento com nutricionista até que melhorou um pouco depois o cabelo voltou a cair…

  5. WILSON JOSÉ DA SILVA disse:

    Aguardo resposta…Desde já agradeço…

  6. maria valda silva disse:

    2011e agora em 2015 tive deficiencia de zinco como sofri tomva remedios e remedios e o que mais me pertubou foi a falta de profissional para cuidar do caso no municipio{Ibitiara Bahia},nenhum medico conhecia a doença. Encontrei um medico de Caturama Bahia. Dr Claunilton F. Martins,que me ajudou.Agora o meu medo e que essa deficiencia possa voltar .O que devo fafer pra isso nao acontecer? obs. tomo remedios antidepressivo,pode ser uma causa?

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