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Castração não é o padrão, mas talvez uma das ferramentas para alcançá-lo – Fabiano Tito Rosa

Fabiano Tito Rosa, leitor do BeefPoint, comentou o artigo, Patrimônio, Burdizzos e Canivetes, de André Bartocci.

Confira o comentário abaixo:

Prezado André,

Claro, embasado e objetivo como de costume. Podemos não concordar sempre, mas a forma como você expõe suas ideias sobe o nível da discussão e nos leva, obrigatoriamente, a “analisar outros ângulos”, independentemente do tema abordado.

Sobre a questão patrimonial, estou 100% de acordo. Com relação à castração, vejo que também temos certo alinhamento, só peço licença pra tentar contribuir um pouco com o debate.

Tem havido certa confusão sobre esse tema, ao meu ver. A questão não deve ser se devemos produzir bois castrados ou inteiros. Castração não é o fim, mas pode ser o meio. Castração não é o padrão, mas talvez uma das ferramentas para alcançá-lo. De toda forma, como bem sabemos, existem outras.

Considerando que nosso produto, carne bovina, é uma commodity, e que commodity não é sinônimo de porcaria (como muita gente pensa) e sim de padrão, a pergunta é: qual padrão devemos produzir/entregar?

Hoje, para atender as exigências da maior parte dos mercados, seja MI ou ME (aqui excluo os nichos, como steakhouses de alto padrão no MI e, no ME, bois UE e Hilton), precisamos de animais abaixo de 36 meses (além da idade afetar maciez, 36 meses abaixo é exigência direta de mercados do China, Israel, Irã e Chile), com peso entre 16-23 @s (obviamente estamos falando de lotes homogêneos dentro desse range), com cobertura mediana – (3 a 4 mm, dando flexibilidade para atender quem quer carne magra, se necessário trabalhando a limpeza das peças, e quem quer carne razoavelmente gorda, garantindo também o mínimo de cobertura pra proteger a carcaça durante o processo de resfriamento/maturação) e pH abaixo de 5,9 (ajudando a garantir cor, odor, sabor, maciez e, principalmente, tempo de prateleira adequados).

Considerando o exposto acima, castração é uma ferramenta que auxilia principalmente no que diz respeito a cobertura e pH, mas temos também genética, nutrição, manejo, redução de raio de compra, etc. para atuar nesse sentido.

Castração, isoladamente (sem manejo adequado e com baixo nível de tecnologia), não garante qualidade, assim como acontece com o cruzamento industrial (pra ter um outro exemplo que tb está merecendo reflexão). Vemos na prática muito animal castrado e mal acabado. Ademais, mal usada, a ferramenta ainda pode jogar contra dois dos quesitos listados que são cada vez mais importantes para produtor e indústria: idade e peso.

A indústria de insumos deve vir em breve com novidades para auxiliar animais inteiros a alcançar níveis de resposta adequados de pH. Também acredito que, mais dia menos dia, provavelmente com algum nivel de restrição, passaremos a poder usar no Brasil tecnologias já disponíveis e muito usadas no resto do mundo que permitam aos animais castrados não perder performance de ganho de peso. As opções vão aumentar.

Em síntese, o importante é sabermos o que produzimos e para quem produzimos; dessa forma conseguimos definir o padrão que devemos buscar. Aí, na fazenda, analisando as ferramentas disponíveis, ou seja, suas aplicabilidades, custos e resultados, o objetivo passa a ser buscar o padrão estabelecido lançando mão da melhor relação benefício x custo possível.

Grande abraço,

Fabiano

Clique no link abaixo e confira o artigo na íntegra e demais comentários:

Patrimônio, Burdizzos e Canivetes – Por André Bartocci

1 Comment

  1. pedro luiz trivelloni disse:

    Boi Inteiro ou Capão
    O problema seríssimo que vejo nos acompanhamentos de abate de bois inteiros que 90% não
    tem uma terminação adequada que deixa muito a desejar, bois inteiros pricipalmente a pasto
    sem nutrição adequada não tem como ter um bom acabamento ou pelo menos aceitavel pelo
    mercado consumidor que hoje ele extremamente exigente com razão, todos querem comer
    carne de boa qualidade.

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