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Casos de raiva bovina reacendem alerta

Seis anos após o último surto de raiva bovina no Rio Grande do Sul, quando mais de 33 mil casos foram registrados, criadores de bovinos de corte e de leite voltam a ficar em alerta. Neste ano, 18 casos foram confirmados pela Secretaria Estadual da Agricultura. O que chama a atenção não são os números, dentro da média para a época do ano, mas a região onde estão concentrados: no norte do Estado.

Um dos municípios mais atingidos é Soledade. O produtor Adriano Borges Knopf perdeu cinco animais da raça holandesa no final de março. 

– As vacas começaram a perder a força nas pernas, não levantavam mais. Vi que algo errado estava ocorrendo – lembra Knopf, que acionou a assistência técnica da Coagrisol Cooperativa Agroindustrial.

Ao constatar o quadro clínico dos animais, o médico veterinário da cooperativa Bolivar Camargo fez coleta de sangue e encaminhou para exame laboratorial. No mesmo período, o produtor Luiz Carlos dos Santos, também de Soledade, acionou o profissional pelo mesmo motivo: morte de seis vacas de um total de 20.

– Vivemos do leite. Estávamos até pensando em aumentar a produção, mas depois dessa rasteira, vai ficar difícil – lamenta Santos.

Dias depois da coleta das amostras, veio a confirmação da raiva herbívora – vírus transmitido a bovinos, equinos e ovinos por morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue de animais vertebrados). O mesmo quadro clínico foi verificado em animais de pelo menos outras 12 propriedades rurais de associados da Coagrisol em Soledade e Ibirapuitã.

– Só aqui na região pelo menos 60 bovinos já morreram com quadro clínico da doença – contabiliza o veterinário, explicando que os exames laboratoriais são feitos por amostragem, por isso os números oficiais são menores.

VACINA É A PRINCIPAL FORMA DE PROTEÇÃO

Após a confirmação da doença, a Coagrisol orientou a todos os criadores de bovinos da região a vacinarem o rebanho – a única forma de proteger os animais, já que o vírus é fatal quando passado a animais não imunizados (veja mais abaixo). A mesma orientação é dada pela Secretaria da Agricultura para as regiões com casos confirmados e também suspeitos.

– Fazia muito tempo que o Estado não registrava casos nesta região, o que nos preocupa e reforça a necessidade dos produtores tomarem medidas preventivas – destaca André Witt, analista ambiental da Secretaria da Agricultura, lembrando que o surto de 2011 a 2013 atingiu principalmente a região Centro-Sul.

Com casos sendo notificados e investigados, Witt estima que os números tendem a aumentar à medida em que os diagnósticos serão concluídos. Mas tranquila ao afirmar que não se trata de um surto, mas sim de reforço dos cuidados no campo. No ano passado, 24 municípios gaúchos registraram casos de raiva herbívora em bovinos.

Atenção aos sintomas

Distúrbios nervosos, saliva em abundância e paralisia nos membros inferiores. Com perda da força nas patas, animais não conseguem levantar e se alimentar, até morrerem. Ferimentos e fios de sangue escorrendo podem ser sinais da mordida de um morcego-vampiro. Ao constatar esses sintomas, deve-se comunicar a inspetoria veterinária do município para investigação do caso e proteção dos demais animais.

Como proteger o rebanho

A única forma de proteção é a vacinação, que deve ser aplicada em duas doses na primeira vez (com intervalo de 21 dias). Depois da primeira imunização, a vacina deve ser aplicada anualmente, em dose única. A vacinação não é obrigatória, por isso, não é gratuita. O frasco com 25 doses custa em média R$ 16. Usar luvas e utensílios esterilizados, para evitar a contaminação cruzada. Além da vacina, é preciso monitorar possíveis mordidas nas extremidades do animal. Constatada a mordida, recomenda-se aplicar uma pasta vampiricida ao redor do ferimento.

Como o morcego tem o hábito de voltar ao ponto mordido, o produto é usado para causar hemorragia no transmissor. O controle deve ser reforçado com a identificação de refúgios, onde os morcegos hematófagos podem habitar – como cavernas, túneis, casas abandonadas, telhados e porões.

Riscos a humanos

Embora menor, o risco de contaminação de raiva bovina em humanos existe. Se uma pessoa tiver contato com um animal doente, precisa recorrer a atendimento médico, para avaliar a necessidade de aplicação de soro e de vacina antirrábica. A doença não é transmitida a humanos pelo consumo de leite ou carne. Fonte: Secretaria Estadual da Agricultura

Registros da doença em 2019
Soledade 6
Venâncio Aires 3
Forquetinha 2
Ivoti 2
Canudos do Vale 1
Santa Clara do Sul 1
Vale do Sol 1
Salto do Jacuí 1
Santo Antônio da Patrulha 1

Fonte: Zero Hora.

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