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Caso atípico de EEB não altera status sanitário do Brasil

Confira abaixo a nota oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre o caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), registrado no Mato Grosso:

1 – Examinada a notificação da ocorrência pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), este órgão determinou hoje (3) o encerramento do caso sem alteração do status sanitário brasileiro, que segue como risco insignificante para a doença.

2 – A OIE informou ainda que não haverá relatórios suplementares sobre o caso.

3 – No caso da China, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil suspendeu temporariamente a emissão de certificados sanitários até que a autoridade chinesa conclua sua avaliação das informações já transmitidas sobre o episódio, cumprindo-se, assim, o disposto no protocolo bilateral assinado em 2015.

Os casos atípicos da enfermidade não são considerados graves. No Brasil, ocorreram outras duas vezes: em 2012, no Paraná , e em 2014, também em Mato Grosso. Geralmente, atingem animais mais velhos – desta vez, foi uma vaca de 17 anos. Nesses casos, a doença é desenvolvida espontaneamente e o risco de contaminação é mínimo.

As ocorrências mais perigosas são aquelas desenvolvidas por meio da ingestão de farinha de carne e ossos. No Brasil, a alimentação dos bovinos com farinha de carne e ossos é proibida. Nunca houve um caso clássico de “mal da vaca louca” no país.

Em favor do Brasil, também pesa o fato de a carne da vaca doente não ter sido comercializada, o que evita o risco de contaminação. Em humanos, a proteína (príon) que causa o “mal da vaca louca” pode provocar a doença cerebral “Creutzfeldt-Jakob” – que é fatal.

Internacionalmente, a posição brasileira também está amparada. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve ontem o status de risco da doença no Brasil como “insignificante”. Com essas explicações, a expectativa é que logo a China dê aval para que o Brasil continue exportando.

Para a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), além de “recuperar a tranquilidade”, os pecuaristas também esperam que a manutenção do status brasileiro seja suficiente para evitar “reflexos negativos” no mercado da carne bovina.

Diretora-executiva da Acrimat, Daniella Bueno reforça que uma eventual retaliação e/ou desvalorização da arroba “não se justificariam, já que nenhum mercado vai ter algo consistente para sustentar uma eventual suspensão às nossas exportações”.

De acordo com Alison Cericatto, que é diretor técnico do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (INDEA/MT), a fêmea “doente” tinha de 17 anos de idade e foi encaminhada ao abate de emergência por apresentar prostração quando chegou ao frigorífico.

Em situações assim, é preciso coletar amostras do tronco cerebral para a realização de análises, que foram feitas em laboratório referência do Ministério da Agricultura com sede em Pernambuco. Como os exames indicaram a existência de “EEB”, o material foi encaminhado para um laboratório no Canadá, credenciado à Organização Mundial de Saúde Animal,  que posteriormente confirmou que se tratava de um caso atípico. Além da idade avançada do animal, vale destacar que as investigações comprovaram que não havia nenhum indício de que a vaca – e o restante do rebanho da fazenda – tenham sido alimentados com algum produto de origem animal, como farinha de osso, por exemplo.

O diretor-técnico explica ainda que logo após a identificação da suspeita da EEB, a propriedade foi imediatamente interditada pelo Indea. A fazenda fica em Nova Canaã do Norte e possui cerca de 20 mil cabeças de gado. Com a confirmação da OIE de que se trata de um caso atípico, a propriedade poderá voltar a comercializar e a movimentar animais com até 36 meses de idade.

Porém, seguirá sob monitoramento do Indea e permanecerá impedida de movimentar (para abate ou venda) animais com mais de 3 anos de idade. Segundo Cericatto, essa restrição também faz parte do protocolo sanitário para casos assim e deve ser mantida até que o Ministério da Agricultura suspenda a medida, o que – na avaliação dele – não deve demorar a acontecer, já que se trata de um caso atípico.

Frigoríficos

Ainda que temporária, a suspensão dos embarques representa um duro revés para os frigoríficos. Até então, o otimismo com a demanda da China – em razão da escassez de provocada pelo surto de peste suína africana – vinha animando empresários do setor e impulsionando as ações dos frigoríficos na B3

Ontem, a suspensão das vendas derrubou os papéis de JBS, Marfrig e Minerva Foods. A maior baixa do Ibovespa, aliás, foi registrada pela Marfrig, cujas ações caíram 4,25% – neste caso, os papéis devolveram os ganhos vistos na última sexta-feira, em reação à divulgação das negociações para uma possível fusão com a BRF. No caso da JBS, as ações recuaram 2,9%. Os papéis da Minerva, por seu vez, caíram 2,8%.

Procurada, a JBS não comentou. Em nota, a Marfrig informou que as exportações à China a partir do Brasil representam somente 0,9% do faturamento. A Minerva, por sua vez, informou que vai redirecionar as encomendas de carne bovina para os abatedouros que possui na Argentina e no Uruguai.

Fonte: Mapa, Blog do Canal Rural e Valor Econômico.

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