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Carta ao ministro Wagner Rossi

Queira receber os meus votos de muito sucesso neste novo desafio com vistas a continuar o trabalho profissional desempenhado pelo ex-Ministro Stephanes no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na defesa dos interesses do agronegócios brasileiro.

Ao Senhor Ministro do MAPA
Wagner Rossi

Queira receber os meus votos de muito sucesso neste novo desafio com vistas a continuar o trabalho profissional desempenhado pelo ex-Ministro Stephanes no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na defesa dos interesses do agronegócios brasileiro.

Permito-me salientar, igualmente, a considerável importância do trabalho que tem sido realizado na área de sanidade animal pelo Secretário Inácio Kroetz e equipe da Secretaria de Defesa Animal (SDA/MAPA). Na capital da União Européia pude testemunhar o excelente trabalho da SDA/MAPA para tentar reverter os contenciosos no setor de carne bovina para ter novamente acesso ao mercado do nosso principal parceiro comercial no setor de agronegócios – União Européia!

Vale sublinhar as ações adotadas pela referida Secretaria na implementação da legislação e reestruturação do SISBOV e a adoção da GTA eletrônica, entre outras, e o excelente desempenho realizado no controle da febre aftosa que possibilitou o levantamento das suspensões comunitárias as exportações de carne bovina in natura dos Estados de MS, PR e SP, além da habilitação das áreas não habilitadas do Estado de MT sem inspeção prévia dos inspetores do FVO.

A título de contribuição, informo que no recente resultado da pesquisa realizada junto aos consumidores europeus de 27 Estados-Membros sobre a Política Agrícola Comum ficou claro o apoio dos referidos consumidores à manutenção da PAC. Os consumidores europeus expressaram, igualmente, o interesse de que a UE mantenha na sua agenda temas de relevância como Qualidade e Segurança dos alimentos, Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável no qual está incluído diretamente o tema de Bem Estar Animal.

À propósito do tema de Bem Estar Animal, permito-me sugerir reflexão sobre os erros que foram cometidos no passado com o SISBOV e que poderiam doravante ser evitados no que se refere ao Bem Estar Animal caso Vossa Excelência venha a tomar a iniciativa de passar este assunto para a SDA/MAPA que conta com profissionais especializados no assunto. O tema de Bem Estar Animal tem evoluído na União Européia, na FAO e no mundo e pode eventualmente se tornar em uma barreira não tarifária as nossas exportações de produtos de origem animal ao mercado comunitário e também de terceiros países caso o assunto seja novamente mal administrado como foi o SISBOV antes de ser transferido para a SDA/MAPA.

Respeitosamente,

Jogi Humberto Oshiai
Diretor para Comércio da América Latina junto à UE
O´Connor and Company
Bruxelas – Bélgica

0 Comments

  1. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Dr. Jogi Humberto Oshiai
    Escrevo para cumprimentá-lo pela iniciativa de salientar, em carta aberta ao novo ministro do MAPA, alguns tópicos que são da maior importância para que o Brasil recupere o mercado de carne bovina da UE. Por razões óbvias para quem é do ramo, o Sr. não mencionou nada sobre a necessidade de separar os nossos aliados dos nossos adversários nessa guerra de mercado. É importante que o novo ministro saiba que existe um lobby contra o Brasil na UE que é organizado a partir de um bem conhecido sindicato de fazendeiros de um país membro. E aproveito este comentário para insistir num tema a respeito do qual andamos um tanto adormecidos. Refiro-me ao DIPOA, cujo SIF – Serviço de Inspeção Federal fez na década de 70 uma transformação da indústria da carne no país, criando um parque nacional de frigoríficos de elevado nível técnico, que permitiu a extraordinária evolução das exportações nacionais. O problema é que há tempos são escassos os investimentos no referido Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, talvez por acharmos que se as exportações vão bem todo o resto também vai, mas não é assim não, o mercado interno é responsável pelo consumo de ao menos três quartos das carnes produzidas no país, sendo justo que receba os mesmos cuidados higiênico-sanitários nos seus alimentos a que têm direito os consumidores estrangeiros. É bom dizermos ao Exmo. Sr. ministro que a informalidade nos abates é muito grande e que já tem governo estadual cuidando de construir matadouros municipais; um verdadeiro retrocesso sob os pontos de vista econômico e de saúde pública.
    Atenciosamente
    Pedro Eduardo de Felício, professor-titular
    Unicamp

  2. Jogi Humberto Oshiai disse:

    Prezado Professor Pedro Eduardo de Felício,

    Agradeço o seu comentário especialmente por ter muito respeito pelo seu empenho profissional seja no sistema educacional brasileiro seja no setor de carnes.
    Permito-me ponderar que a minha carta ao Ministro Wagner Rossi foi curta o suficiente para salientar temas que me preocupam atualmente e ressaltar assuntos que o SDA/MAPA tem resolvido com muito empenho no que se refere ao contencioso com a União Europeia no setor de carne bovina, que é o principal mercado para os produtos do agronegócios brasileiro.

    Vale reiterar que a nossa credibilidade junto à UE tem aumentado graças ao trabalho desenvolvido pelo Secretário Inácio Kroetz e equipe do SDA/MAPA que corrigiu inclusive os erros absurdos herdados da Secretaria de Produção e Cooperativismo!

    Concordo plenamente com o seu comentário sobre o lobby Irlandês (não é o único contra as nossas exportações para a UE e, igualmente, para terceiros mercados!) e insisto que não será somente os nossos futuros adidos agrícolas que resolverão este tema.

    Ressalto a necessidade das entidades e empresas de cada setor buscarem representantes especializados no exterior para colaborar com os colegas que atuam na área de “public affairs and communications” de cada entidade e empresa para desenvolver trabalho conjunto com os futuros adidos agrícolas e com o governo brasileiro com vistas a diminuir a influência do lobby negativo contra os interesses das exportações brasileiras, especialmente de carnes. As perdas financeiras do setor exportador brasileiro provenientes de nitrofuranos, salmonela, listeria, e-coli, e, sobretudo, rastreabilidade, entre outros, superaram os bilhões de euros somente para o mercado da UE!

    No que se refere ao seu comentário sobre o DIPOA, me limito a comentar que é de interesse dos pecuaristas, dos exportadores e do governo brasileiro tentar limitar o estrago causado pelos “abates e desossas clandestinos” (tema a ser cuidado inclusive pela polícia estadual e federal!) na defesa de nossos consumidores e também para evitar um alibi a mais para o lobby contrário aos interesses de nosso país no exterior.

    Acredito que o sucesso do novo sistema de vendas do Grupo JBS junto ao consumidor final em alguns estados brasileiros demonstra que a sua afirmação quanto aos abates clandestinos é pertinente e correta levando em consideração que o brasileiro tem privilegiado qualidade e garantia de origem do produto e não somente a comodidade de ter o produto a sua porta como parte da mídia brasileira não especializada tem tendência a fazer crer.

    Acredito ser a nossa obrigação denunciar e sempre colaborar com as autoridades competentes do governo e com as indústrias e profissionais sérios do Brasil.

    Cordialmente,

    Diretor para Comércio da América Latina junto à UE
    O´Connor and Company
    Bruxelas – Bélgica

  3. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Roberto Trigo de Mesquita
    Grato pelas suas observações. Em qualquer país com índice de desenvolvimento semelhante ou maior do que o Brasil você encontrará veterinários como eu para quem só existe uma inspeção sanitária possível, que é a federal. Não há inspeção de produtos de origem animal, estadual ou municipal, suficientemente séria, confiável. Pode-se até encontrar uma exceção, mas espere algum tempo e ela também deixará existir. Isto é assim por ingerência de políticos locais. Principalmente ao nível municipal, eles exercem influência na nomeação e afastamento de inspetores quando de alguma forma o interesse de seus correligionários é contrariado. Isto não ocorre ou é exceção na inspeção federal, que também não é perfeita, porque precisa ser mais bem cuidada via investimentos na contratação e treinamento de pessoal. Voltando aos estabelecimentos municipais nós costumamos dizer que não passam de clandestinos portando chancela oficial e o que é pior, eles abatem com muita frequencia animais acometidos de doenças infecciosas e parasitárias que precisariam ser condenados, mas se fossem, o prejuízo econômico para os envolvidos seria muito grande, fechando o círculo vicioso com pressão sobre os políticos.
    Cordiais Saudações

  4. Louis Pascal de Geer disse:

    Prezado Dr. Jogi Humberto Oshiai,

    Concordo plenamente com a sua carta para o ministro Wagner Rossi destacando o papel fundamental do SDA/MAPA e seu representante iluminado e perseverante o Secretario Ignácio Kroetz.

    Para mim é hora de juntar as forças com os frigorificos e produtores, rever e atualizar as regras atualmente em vigor e totalmente ultrapassadas que estão impossibilitando qualquer iniciativa de melhorar a apresentação dos cortes de carne principalmente no mercado interno.

    O Prof. Pedro Eduardo de Felicio tem todo o meu apoio quando insiste em ter uma inspeção federal, que deve ser um SIF renovado, atualizado e revigorado e vou além, para mim, o SIF deve ter apoio tecnológico de centros especializados em segurança alimentar e de tecnologia de carnes.

    Um abraço para vocês,
    Louis.

  5. Meire de Fátima Ferreira disse:

    Olá Jogi,

    Parabéns pela carta e pela iniciativa.

    Certamente o novo ministro terá que estar atento às questões suscitadas por você, seja considerando mercado externo ou interno. Cada vez mais será necessário perceber uma ação pró-ativa do governo brasileiro sobre questões cruciais para a produção de alimentos, sendo importante destacar os efeitos dessa produção sobre as mudanças climáticas, – tema que esá na agenda das principais lideranças políticas no mundo – o que certamente pode colocar o país em vantagens comparativas positivas se o olhar for atento.

    Abraços, Meire

  6. Eduardo Penteado Cardoso disse:

    Caro Sr. Jogi,

    Concordo plenamente com sua postura com relação ao tema Bem Estar Animal. Não podemos errar novamente como fizemos na questão da Rastreabilidade, mas adequarmos o manejo dos bovinos à nossa realidade de produção. É preciso lembrar que a pecuária brasileira é “sui generis” e sua exploração se dá a céu aberto, no campo, com rebanhos relativamente grandes (se comparados com os rebanhos europeus) e com predominancia de zebuinos.
    Muito pode ser feito nesse quesito, sem perdermos a essencia do nosso sistema produtivo. Basta mudarmos algumas posturas que existem há muitos anos e os resultados aparecem.
    Dessa forma, não podemos receber de bom grado regras externas visando o Bem Estar Animal, e, sim, criarmos a nossa própria tecnologia.
    Como você bem disse, existem técnicos extremamente capazes dentro dos quadros do MAPA.

    Eduardo Penteado Cardoso
    Eng. Agrônomo
    Fazenda Mundo Novo – Uberaba/MG.

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