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Carrapato dos bovinos (Boophilus microplus) e resistência a carrapaticidas

As práticas de manejo visam propiciar maior lotação dos pastos, aumentando a concentração animal e a produtividade, dentro de um limite econômico viável, situação que pode favorecer a ocorrência de alterações nas relações entre os organismos envolvidos e conseqüentemente a necessidade de um maior controle dos parasitas dos bovinos, dentre os quais destaca-se o carrapato dos bovinos.

Melhores índices de produtividade na pecuária brasileira só poderão ser atingidos através do aprimoramento dos sistemas de produção de bovinos, o que será conseguido pela intensificação do manejo, melhor controle sanitário e pelo melhoramento genético dos rebanhos. Nesse contexto, as práticas de manejo visam propiciar maior lotação dos pastos, aumentando a concentração animal e a produtividade, dentro de um limite econômico viável, situação que pode favorecer a ocorrência de alterações nas relações entre os organismos envolvidos e conseqüentemente a necessidade de um maior controle dos parasitas dos bovinos, dentre os quais destaca-se o carrapato dos bovinos Boophilus microplus (Martins, 2004).

O B. microplus é um ectoparasita que se distribui desde a latitude 40º Norte a 30º Sul, exceto nos Estados Unidos onde foi erradicado e em regiões de elevadas altitudes ou muito áridas. Cada fêmea desse carrapato produz entre duas e três mil larvas durante a sua fase de vida livre, que termina quando os mesmos se deslocam das pastagens para o bovino, iniciando a fase de vida parasitária, chegando a ingerir nesta fase até 0,5 a 3,0 ml de sangue.

Dessa maneira o carrapato dos bovinos é o ectoparasito mais importante dos bovinos brasileiros, ocasionando um prejuízo que chega a ultrapassar os dois bilhões de dólares ao ano devido principalmente à mortalidade dos animais (próximo de 1,2%) e transmissão dos agentes causadores da Tristeza Parasitária Bovina (Anaplasma sp. e Babesia spp.), diminuição do ganho de peso (aproximadamente 6 Kg/animal/ano), danos ocasionado no couro, gastos com produtos químicos, instalações, equipamentos e mão de obra para o seu controle, e diminuição da produção de leite (1,5 bilhões de litros).

O combate ao carrapato dos bovinos tem sido na maioria das vezes, sendo realizado quase que exclusivamente na sua fase parasitária, com a utilização de carrapaticidas químicos utilizando as mais variadas estratégias em períodos específicos e com critérios bastante diversos de manejo.

Os produtores, por desconhecimento das práticas de controle do carrapato e o manejo do carrapaticida, fazem uso de uma variedade de métodos e meios que incluem práticas desaconselháveis como: esquemas de tratamento carrapaticidas não planejados, falta de monitoração da concentração de banheiros, uso de formulações caseiras de produtos em aplicação “Pour-on”, e uso indiscriminado destes produtos em aplicações contra a mosca-dos-chifres (Haematobia irritans).

Para que este tipo de controle seja eficaz é fundamental o uso de carrapaticidas eficientes, no entanto ao longo das últimas décadas esses carrapaticidas, em algumas circunstâncias, tornaram-se fragilizados ante os desafios que lhe foram impostos, seja pelo mau uso dos que o manipulam seja pelo efeito minimizado que provocam no seu alvo, em conseqüência do inexorável problema da resistência (Martins, 2004).

A resistência a determinado princípio ativo ou a um grupo químico é um caráter hereditário do carrapato que se desenvolve a partir da pressão seletiva dos carrapaticidas sobre mutantes resistentes, e esta propagação de resistência aumenta à medida que esta cepa entra em contato com o carrapaticida (Stone,1972).

A primeira detecção de resistência do carrapato bovino no mundo foi relatada na Austrália em 1937, em seguida na África do Sul em 1938, na Argentina em 1947 e no Uruguai em 1950. No Brasil, o Rio Grande do Sul em 1953 foi o primeiro estado a relatar casos de resistência do B. microplus. Hoje há comprovações que ao longo dos anos está ocorrendo uma crescente resistência das populações de carrapatos dos bovinos, ocorrendo relatos de resistência a carrapaticidas em quase todos os estados brasileiros, e em alguns não existem mais produtos capazes de controlar eficientemente os carrapatos existentes (Furlong et al, 2004).

No Brasil não existe qualquer política oficial de controle do carrapato comum dos bovinos. Os produtores adotam práticas de controle individuais, as quais podem se constituir numa proporção significativa dos custos de produção de bovinos.

Referências bibliográficas

Furlong, J.; Prata, M.C., Martins, J.R.; Costa-Júnior, L.M.; Costa, J.C.R.; Verneque, R.S. Diagnóstico “In Vitro” da sensibilidade do carrapato Boophilus microplus a acaricidas. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. v.13, sumpl. 1, p. 305, 2004.

Martins, J.R. Manejo da resistência aos carrapaticidas. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária. v.13, sumpl. 1, p. 114-115, 2004.

Stone, B.F. The genetics of resistance by ticks to acaricides. Australian Veterinary Journal, v. 48, p. 435-450, 1972.

0 Comments

  1. Denis Lucio Cardoso disse:

    O que se pode fazer, frente a essa falta de política de uso dos produtos, é divulgar o teste de Biocarrapatograma que é feito sem custo algum pela Embrapa de Juiz de Fora. Com o John Furlong.

    Faz necessário o envio de carrapatos engurgitados (Fêmeas denominadas Teleógenas), os maiores de preferência, para isso deve-se reservar dois ou três animais, sem contato com o produto, por 30 dias para aqueles de calda e 60 dias para os injetáveis. Após esse período sem contato, realiza-se a coleta daquelas maiores, de preferência, e um número de 150 teleógenas ou mais.

    O teste consiste em verificar frente a vários princípios ativos existentes no mercado a resistência do carrapato existentes na fazenda aos princípios ativos (o resultado desses teste é de aplicação exclusiva a origem da amostra coletada, nesse caso a fazenda de origem, não podendo ser recomendado ao vizinho).

    Importante enviar juntamente com as teleógenas um breve histórico dos produtos utilizados nos últimos cinco anos.

  2. Mário Correia da Silva disse:

    Dr(a) Alcina e Dr Livio, muitos lugares em nosso Brasil usa-se de um método rotativo, se assim pode se dizer, onde os animais são submetidos a banhos de asperção, são submersos em tanques em alguns casos ainda e outros através de pulverização através de banbas costais, esses tipos de são basicamente os únicos. Para se ter um melhor resultado dos produtos utilizados quais os cuidados e o que podemos fazer para ter um melhor reultado? Tem algum tipo de vacina ou outras formas para combater os carrapatos?

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