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Carne não dá lucro

Carne não dá lucro para os matadouros; negociações sólidas é que são lucrativas em qualquer setor econômico; matar boi é coisa para, onde possível, ser terceirizada. Os empreendimentos devem ser sustentáveis, ambiental e socialmente corretos, devem crescer devagar e não depender de bancos jamais.

Parte I – A Maldição da Matança

Ninguém ganha dinheiro abatendo boi e vendendo carne, a diferença entre o preço de venda da carne e o custo da arroba para o matadouro é muito pequena, quando não é negativa. Quem acumulou algum capital nesse negócio, dele saiu logo para viver das fazendas que comprou antes de perder tudo que ganhou.

Como os espanhóis que dizem não acreditar em bruxas, apesar de elas existirem, eu não acredito na “maldição da matança”, que ouvi contar quando era menino e freqüentava o matadouro municipal da cidadezinha onde nasci. A cada açougueiro que adoecia, ou perdia os bens juntados ao longo da vida, os demais diziam que era a “maldição”, por ter o indivíduo em causa tirado a vida de muitos animais, sem compaixão.

Lembro-me bem de um negro forte, estranhamente chamado de Louro Preto, que vez por outra bebia de dia um gole de sangue de boi ainda quente, para rebater os efeitos da cachaça da noite anterior. Quando começou a definhar diminuiu até de tamanho, foi ficando miudinho que dava dó, até que morreu. Lembro-me, ainda, de outro que não se via beber nada além de água, mas que caiu em depressão e acabou atirando-se aos trilhos na passagem do trem da antiga Cia. Paulista de Estrada de Ferro, a mesma que transportava carne da Cia. Anglo, de Barretos ao Porto de Santos. Foi um horror, deixou três ou quatro filhos numa situação complicada. A “maldição” era sempre lembrada nessas situações tristes. E há histórias, que por serem ainda muito recentes é preferível não mencionar.

Não sei se a lenda da maldição surgiu aqui mesmo, no Brasil, ou vem de povos mais antigos, mas que fez vítimas fora daqui é comprovado. E já que o Frigorífico Anglo foi mencionado, não é demais lembrar a saga da família Vestey, que em 1920 adquiriu a indústria de carnes de Barretos – enorme para a época – do conselheiro Antonio Prado. Ela teve passagens homéricas na ascensão, desde os históricos matadouros de Chicago, de onde dois irmãos Vestey começaram a exportar para a Inglaterra, a títulos de nobreza e laços de amizade com a família real, frotas de navios cargueiros, fazendas e frigoríficos no Brasil, Venezuela e Nova Zelândia. E teve seus momentos dramáticos, de queda do império, com acusações por sonegação de impostos e acidentes como o que deixou paralítico Mark, irmão mais novo do “barão da carne” Lord Sam Vestey, numa caçada a cavalo, em 1984.

Há ainda o caso das “big four” (Swift, Armour, Wilson e Cudahy) que, nas primeiras décadas do século 20, chegaram a controlar 50% do mercado do boi e da carne nos EUA. Nenhuma restou, foram substituídas por Tyson Foods, Excel/Cargill, National e a mais recente, e hoje maior do mundo, a multinacional JBS Friboi.

Contudo, se a lenda surgiu no Brasil, imagino que tenha sido no Sul, onde há registros de que os empregados das charqueadas eram instigados a trabalhar num ritmo tão forte, e apressadamente, que derrubavam bois e vacas cortando-lhes os tendões das patas traseiras com facas fixadas na ponta de uma vara, e começando a esfola antes mesmo de tê-los sangrado, ou seja, os animais eram cortados ainda vivos.

O escritor gaúcho Pedro Wayne, em livro de 1937, narra a história de um bancário, que perseguido por motivos políticos perdeu o emprego e foi trabalhar numa dessas charqueadas de onde observava o sofrimento dos bovinos ali cruelmente abatidos, e dos trabalhadores que viviam num regime de escravidão por dívidas. Maldição da matança?

Na parte II, veremos a tão falada “economia de escala” nos frigoríficos, a dependência de certos mercados de exportação, as idéias fixas que são fruto de planilhas de cálculo e não de conhecimentos técnicos e sociológicos.

Parte II – Não deveríamos copiar o modelo americano

Na primeira parte falei da “maldição da matança”, por estar irritado como todo mundo do ramo deve estar com os acontecimentos recentes. Pode ser que a “maldição” seja de outra natureza, que o leitor irá concluir por si mesmo ao final do artigo.

Voltando ao tema inicial, quem pensa que a matança de gado dá lucro é porque não fez as contas ou errou na planilha. Sei disso porque, em algum momento da vida, tive que aprender a fazer as contas para encontrar, partindo do preço de venda da carne com osso, quanto a empresa poderia pagar pela arroba do boi.

A conclusão a que sempre chegava é de que não dava para comprar. Mas se o frigorífico não comprar boi, então ele faz o quê? É preciso comprar e fazer a mágica de obter uma receita maior do que a despesa via aumento da eficiência no abate, especialmente na economia de mão de obra, energia e outros insumos, e de uma excelente capacidade para vender bem.

Surge disso a chamada economia de escala, ou seja, se a rentabilidade por boi abatido é muito baixa, então, é preciso aumentar o volume de gado, até mesmo extrapolando a capacidade horária de matança e refrigeração e o número de horas trabalhadas. E, de novo, vender muito bem, principalmente exportar para a Europa. Bem, se a empresa abate muito gado ganhando pouco por unidade, o que acontece se ela passa a perder um tanto por cabeça? Obviamente, ela perderá muito mais do que perdia antes, não é?

Quanto à comercialização, é bom por as barbas de molho, porque se já é difícil vender para supermercados em tempos de prosperidade, imagine-se o que acontece numa recessão. E se os países importadores encontrarem algo tecnicamente errado e decidirem com isso justificar um protecionismo escancarado? E o filé mignon a 13,90 reais no supermercado? E tudo isso acontecendo em anos de escassez de gado para abate, porque se abateu muito em anos anteriores, de grande procura. O que fazer?

O problema é que qualquer indivíduo que conheça o setor e tenha um mínimo de bom senso, agindo como observador antevia que tudo isso poderia acontecer em algum momento. Mas, agindo como executivo de empresa, talvez não tivesse alternativa se não apoiar a expansão desenfreada, e foi o que aconteceu nas principais empresas do setor, pois havia financiamento a custo baixo ou investimento, ou ambos.

Sei que isto pode ser a super simplificação de um problema muito mais complexo e, obviamente, não entendo de economia, mas também não me sinto mal por isso. Se até mesmo alguns bancos e empresas que podem pagar os mais caros economistas do mundo estão quebrando, quem precisa ser entendido na ciência que explica, no futuro, o que deu errado no passado?

Quando eu ouvia alguém dizer que este ou aquele país compraria toda a carne que fosse produzida, eu sempre pensava, mas até quando comprará? E o dia que não comprar mais? Já havia acontecido antes com a carne suína exportada para a Rússia e com a própria carne bovina para o Chile.

Outro aspecto que sempre me preocupa é a questão social. Fico indignado quando me dizem que estão construindo frigoríficos para dois ou três mil bois, a tal economia de escala. Sempre penso em quantas famílias irão viver nas vizinhanças dessa indústria atraídas pela oferta de empregos. Mas, e quando ela tiver que ser paralisada, seja por uma recessão, seja porque a oferta de gado na região já não é suficiente, quem vai lidar com o problema social desse desemprego, com a falta de comida, falta de assistência médico-hospitalar, falta de material escolar para as crianças, e tantos outros problemas que nem é preciso mencionar.

Vão dizer que é assim mesmo, que isto acontece em outros setores, da indústria automobilística à que constrói aviões. Mas eu digo que não precisa ser assim, que não temos que copiar os frigoríficos americanos ou as fábricas de automóveis, porque a mão de obra de frigorífico tem características muito peculiares, é um pessoal de baixa empregabilidade em outros setores, um pessoal de poucas letras.

E não precisa ser assim, também, porque uma unidade frigorífica deve ser pequena, 800 a 1200 bois/dia (há quem se espante com tal sugestão), leve no sentido de que possa ser desmontada e transferida para outro local onde haja maior oferta de matéria prima, ou seja, mais gado e mão de obra abundante Quem estuda um pouco da história dos matadouros (de Chicago e São Paulo, por exemplo, na primeira metade do século 20), de onde eles já estiveram e para onde foram, sabe que uma indústria dessas não é feita para ser eterna. Quantos matadouros nós conhecemos que, com o passar do tempo, ficaram cercados por loteamentos, avenidas, comércio?

Por que copiar os Estados Unidos com a sua concentração de confinamentos e seus matadouros para milhares de bovinos? Do meu ponto de vista, isto é copiar o que está errado, que deu certo por um tempo, mas não tem sustentabilidade, seja nas questões do meio ambiente, seja da mão de obra, e até na controvertida questão da contaminação da carne.

Este modelo está baseado numa política de produção de milho a preços baixos que não vem ao caso agora, mas que é intensiva na utilização de insumos agrícolas, e tem sido muito criticada em termos de sustentabilidade.

Será que podemos ser diferentes, que podemos criar uma legislação que nos dê um diferencial num mundo que sente, agora, como nunca, a premência de produzir alimentos do modo mais natural possível?

Para dar apenas alguns exemplos, por que não limitar a capacidade de um matadouro, ou de um confinamento de gado? Por que não impor limites ao grau de concentração das empresas do setor e proíbi-las de possuírem gado em quantidades tais que possam prejudicar a liberdade concorrencial que deveria vigorar na comercialização dessa matéria prima? O que nos impede de normatizar um setor que está carente de regulação? O que estimula o nosso banco de desenvolvimento, que deveria ser social, a financiar a concentração da indústria da carne em tão poucas empresas?

Fico muito irritado quando ouço coisas do tipo: “Ah! Este projeto tem ser implantado assim porque foi feito um cálculo de viabilidade econômica que apontou que ele só será viável…”, por exemplo, “se a empresa tiver 150 mil cabeças no confinamento para evitar que falte gado na entressafra”, ou então, “se tiver uma capacidade de abate de 250 cabeças/hora”. Minha vontade é dizer parem com isso, joguem fora esse projeto, convoquem algumas pessoas experientes no ramo de atividades, gente que conheça um pouco de história, geografia, ecologia, e sociologia para uma reunião, e vamos começar do zero. Não aceito que me venham com soluções de planilha de computador.

Para finalizar, nós estamos carentes de diretrizes, de linhas de ação. Ninguém ousa discordar daquilo que está crescendo e se multiplicando, dando lucros, por isso algum dia a casa cairá. É só ver o que está acontecendo com o sistema financeiro mundial.

Carne não dá lucro para os matadouros; negociações sólidas é que são lucrativas em qualquer setor econômico; matar boi é coisa para, onde possível, ser terceirizada. Os empreendimentos devem ser sustentáveis, ambiental e socialmente corretos, devem crescer devagar e não depender de bancos jamais.

0 Comments

  1. Enaldo Oliveira Carvalho disse:

    Primeiramente começo parabenizando ao professor Pedro Felício pelo excelente artigo aqui publicado.

    Tal como outros setores da economia, agora concluímos que a bolha também estourou no mercado de carnes. O efeito manada aconteceu, tal como o estouro de uma boiada, veio a quebradeira dos frigoríficos, que se estende aos pecuaristas, que não receberam pela venda de seus animais. Em diversas regiões do Brasil produtores rurais estão amargando as consequencias do calote de frigoríficos.

    Quando no início do artigo o senhor se refere a “maldição da matança”, como o fantasma que sempre rondou as empresas do setor cárneo, desde o seu surgimento, seja grandes ou pequenas. Embora estejamos no século XXI e já nos desvencilhamos de tais supertições, mas infelizmente percebemos que o espectro continua nos acompanhando, que na minha interpretação são os fatores que muito bem o senhor relatou na parte II.

    Esperamos que o setor se recupere e se fortaleça dentro de bases administrativas sólidas e coerentes com a realidade, pois só desta forma se pode afastar a maldição e continuar a matança (do boi), pagando o pecuarista, porque se não ele é quem perecerá.

  2. Louis Pascal de Geer disse:

    Olá Prof. Pedro,

    Que artigo fantastico cheio de desabafos, humor e questionamentos pertinentes e principalmente com um apelo forte ao bom senso, aquele companheiro que se prova cada vez mais ser o mais valioso para iluminar o nosso caminho.

    A saga dos Vesteys não seria completa sem mencionar o enorme esforço feito principalmente no Brasil em Barretos durante a WWII com o fornecimento de carne para as tropas aliados. Se não me engano, o maior complexo frigirifico do mundo ficou conhecido como SouthDock, em Buenos Aires e era dos Vesteys, como eles também tinham fazendas e frigorificos na Austrália e uma rede de escritórios de trading nos principais portos.

    A queda parcial do império foi, pelo que sei, a entrada num ramo desconhecido que era a especulação imobiliária em Londres e a incapacidade de atender mudanças de exigências dos consumidores de carne lá fora com produtos mais faceis de manuseio e dividas mal administradas que causarem uma desconfiança dos credores.

    O abate sempre foi, no meu ver, um mal necessário e tem gente que gostaria de somente comprar as carcaças para o processamento, mas hoje com as regras cada vez mais focadas em segurança alimentar me parece que o caminho é de ter controle sobre a materia prima já na fazenda.

    Concordo plenamente com você que a grande escala é perigosa e quase nunca funcionou de uma maneira sustentável porque compromete a flexabilidade, qualidade e os erros são multiplicados pelo tamanho do negócio.

    Parabéns pelo artigo que é um refresco no deserto.

    Um abraço, Louis.

  3. Cristiano Sales Prado disse:

    Excelente artigo! Realmente pode não ser a “maldição da matança”, mas certamente é um bom momento para refletirmos sobre a produção de carnes no Brasil.

  4. fernando Yassu disse:

    Professor, as cabeças de planilha – é como tacha o jornalista Luiz Nassif sobre os economistas que não conseguem raciocinar sem uma planilha ao lado – esquecem, como Carlos Alberto Parreira, que o gol não é mero detalhe. É a essência de um jogo de futebol. Raciocinam matematicamente, como se a realidade econômica, geográfica e social do Brasil é bem diferente dos EUA.

    Traduzindo, o que é bom para os EUA não é necessariamente bom para o Brasil em qualquer situação. Megaconfinamentos ou abatedouros para 3.000 cabeças não cairiam, no Brasil, na deseconomia de escala?

    Fernando Yassu, jornalista.

  5. Luiz Carlos Lins Silva disse:

    Meu caro.
    Parabéns pelo seu artigo, foi estupendo.

  6. Luiz Carlos Lins Silva disse:

    Contudo a população precisa se alimentar, haja vista o boi é uma criação de Deus em forma de alimento, caso contrário não existiria, assim como o peixe, desde quando seja abatido de uma forma digna sem estresse.

    Caso contrário para onde seria enviada essa super cadeia alimentar, nosso planeta não suportaria tamanha ramificação na sua cria e recria.

  7. Eduardo Francisquine Delgado disse:

    Meu Caro Professor,

    Fiquei, como de costume, muito impressionado com sua capacidade de articular idéias e propor novos rumos! Sem o mesmo conhecimento que você apresenta nesta área, fica a pergunta: Carne nunca dará lucro para matadouro?

    Esta pergunta naturalmente vale como uma provocação para que você possa continuar esmiuçando este assunto de profunda importância para a nação brasileira. Importância que surge no campo, onde temos uma profunda vocação para transformar “fibra” vegetal em proteína animal. Um setor com um dos maiores rebanhos de bovinos do mundo. Uma população que apresenta um dos maiores consumos per capita de carne bovina. E isto em um cenário pouco favorável considerando a distribuição de renda brasileira.

    Meu caro Professor, aguardo sua próxima intervenção.

    Um grande abraço.

  8. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Enaldo Oliveira Carvalho (Jataí – Goiás), agradeço a sua participação no debate. Concordo contigo, agora é hora de juntar forças e pensamento positivo de todos para sairmos da crise.
    Abs.
    PEdeFelício

  9. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Caro amigo Louis Pascal de Geer (Barretos – São Paulo ), agradeço a sua participação no debate. A história da família Vestey é mesmo muito rica e você acrescentou detalhes que eu não conhecia. Encontrei recentemente a referência de um livro inglês, de 1999, que tem no título algo assim como “ascenção e queda do império dos Vesteys”, mas ainda não tive tempo de ir atrás para encontrar e comprar. Pelo que sei eles tiveram por muitos anos, possivelmente décadas, uma isenção de impostos, e chegaram a ter uma rede de mil a dois mil açougues no Reino Unido.
    Quanto à questão de ter controle sobre a matéria prima desde a fazenda, v. pode mandar produzir desde o bezerro até a carne fatiada numa bandeja sob especificação, pagando a cada segmento pelos serviços prestados. Eu vi um caso assim associado ao Coles Supermarket, da Austrália, se não me engano eles chamavam isso de “Supply Chain Management” que v. conhece bem.
    Um abraço
    PEdeFelício

  10. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Caro amigo Cristiano Sales Prado, professor da Universidade Federal de Goiânia, agradeço sua atenção. É claro que a “maldição” de agora é mais ou menos como a do açougueiro que mencionei, o Louro Preto, que tomava cachaça à noite e sangue de boi quente de dia, provavelmente não tinha apetite por causa da caninha, e morreu tuberculoso, ou tísico, como se dizia naquele tempo, por causa do sangue. Pena que ele tenha percebido o erro tarde demais, se é que percebeu.
    abraço
    PEdeFelício

  11. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado jornalista Fernando Yassu, da revista DBO, que honra receber seu comentário ao meu texto. V. sabe o quanto eu valorizo tudo que v. escreve na revista. Como eu já lhe disse antes, pode quebrar a cara quem não acreditar na “onda verde”. Não mais aquela da “revolução verde” dependente de fertilizantes que teve, e ainda tem, uma grande utilidade para evitar que muito mais gente seja privada de alimentos, mas tem ocorrido abusos e, agora, é preciso analisar criticamente tudo isso. Nem eu nem você temos todas as respostas, mas temos muitas perguntas, com certeza.
    abraços
    PEdeFelício

  12. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. Luiz Carlos Lins Silva, de Ilhéus, Bahia, sou muito grato pelo seu comentário elogioso. Fico feliz que tenha gostado.
    Atenciosamente
    PEdeFelício

  13. Vigilato da Silva Fernandes disse:

    Parabens professor Pedro pelo artigo, realmente a cópia do modelo americano não se aplica, além do que a economia de escala realmente perpetua erros ou distorções que passam desapercebidos. Espero que haja melhora nesse cenário e que tudo isso seja repensado.

  14. Reginaldo Fachini disse:

    Professor parabéns pelo excelente artigo, penso que está coberto de razão no que diz. Acredito na primeira parte, pois ja tive conhecimento de varios exemplos ao longo da vida.

    Quanto a segunda parte comparo tudo isso a um tumor maligno, eles podem tentar amenizar a dor (os efeitos), mas o fim é inevitavél. Tem que ser assim, só dessa forma é que o homem consegue abrir os olhos para valores tão importantes hoje em dia, como foi citado o ecosistema e o socialismo. Mas infelizmente como sempre acontece só se aprende pagando um alto preço.

    Desculpe-me se não me expressei bem com as palavras, sou do campo faço parte dessa engrenagem eu ajudo a produzir a tal falada matéria prima.

  15. Nelson Pineda disse:

    Caro Pedro,

    Hoje participando de um grupo de estudo na Bahia para o desenvovimento do plano estratétigo do desenvolvimento da pecuária baiana, seu artigo está sendo de um grande valor intelectual de reflexão para o futuro e parar de copiar modelos.

    O agronegócio brasileiro tem mil exemplos de que quando temos a coragem de criar nosso próprio modelo, o apis é imbativel. Como sempre com uma pitada de bom humor arremata tua aula.

    Abraço amigo,
    Nelson

  16. Marco Antonio Cunha disse:

    Muito bom o artigo, eu me lembro dos frigorificos de 1982 a1986, quando acabou a cobal, foram mais de 20 dos grandes na época que quebraram, kaiowa, santo antonio, bordon, minerva do odair, vale do rio grande em fernandopolis, o do valter riveti em goias, e outros que se for citar vai muito longe.

  17. Bento da Costa Carvalho Júnior disse:

    Parabéns pelo excelente e provocativo artigo!

    Sabemos que é nos momentos de crises profundas que a maioria de nós descobre que o Rei sempre esteve nu.

    Seu artigo inicia um debate mais que necessário sobre as bruxas que afetam o setor de carnes bovinas brasileiro. O momento é mais que propício para uma analise abrangente e profunda das deficiências e das vantagens competitivas desse setor.

    Todos os que têm um mínimo de contato com os negociadores internacionais sabem do jogo bruto envolvido por debaixo de argumentos sofisticados e estratégias construídas delicadamente ao longo do tempo. Trata-se, em grande parte, do jogo de divisão de mercados e, decididamente, nós temos sido convidados a participar do jogo apenas quando não há alternativa. Tão logo a situação muda, voltamos à posição de gandula.

    Enquanto não estivermos melhor preparados que nossos adversários, para sermos vistos como parceiros iguais, essa situação vai se repetir. Precisamos, urgentemente, formar pessoal altamente qualificado para entender e explorar nossas vantagens competitivas, estruturar uma cadeia auto-sustentável e inatacável do ponto de vista ecológico, um serviço de defesa e inspeção animal altamente dedicado e capaz tecnicamente para fazer frente a barreiras disfarçadas, etc. etc.

    Somente quando ultrapassarmos a etapa de cópia de modelos e sistemas idealizados para outras realidades e para interesses distintos dos nossos, seremos tão bons quanto os melhores, da produção animal até, se assim o desejarmos, o prato pronto na mesa do consumidor, seja ele americano, europeu, africano ou asiático.

    Aguardo, ansioso, os próximos artigos.

  18. Fernando Rossini disse:

    Prof. Pedro como sempre acontece, seus artigos refletem a mais pura realidade.
    Parabéns.

  19. Rogerio Faria disse:

    Excelente o comentário do Prof. Pedro Eduardo de Felício. Mas gostaria que tivesse abordado também que os frigoríficos, principalmente nestes ultimos 10 anos adquiriram um patrimônio estupendo e que na realidade estes sejam prestadores de serviços, não deveriam estar ditando o preço da carne em nosso país. O exemplo dos Frigoríficos TMaia e o final da vida do rei da carne e do gado em nosso país deveria ser contado.

    Abraços

    Rogerio Faria, professor e zootecnista

  20. Paulo José Elias Foerster disse:

    Companheiro Pedro,

    Mesmo lhe conhedendo há mais de trinta anos, às vezes, você me surprieende com a profundeza de alguns temas.

    O conteúdo do presente artigo, não é para mim novidade, mas a clareza com foi explicitado, no meu entender, passa a ser um refencial para a indústria da carne brasileira.

    Em um derterminado momento de minha vida, em conversa com o nosso grande mestre Dr. José Chistovam, lhe fiz a seguinte pergunta; qual a razão para que frigoríficos mudarem constatemente de proprietários ou fecharem? A resposta foi por demais precisa e curta: “É uma indústria muito pobre”. A pobreza reside na pequena margem de lucro tão bem descrita por você.

    Do mito, das lendas, da dura realidade, qual será nosso futuro?

    Paulo Foerster

  21. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Eduardo Francisquine Delgado – professor da ESALQ, como você eu também quero que a população mundial continue comendo carne bovina e como v. mesmo diz é preciso continuar transformando gramíneas em carne e deve haver uma maneira de obter alguma renda com o abate otimizando todas as operações e negociando uma redução de impostos, coisas desse gênero. Contudo, sempre tem alguém para dizer que é preciso aumentar a capacidade de abate para diluir custos, o que é fácil de demonstrar, e aí está criado um problema ainda maior. Daí que vem aquela necessidade de agregar valor, mas ao agregar valor v. delimita seu mercado, nem todos poderão comprar de você.
    O fato é que pelo pouco ou quase nada que se ganha com o abate é incompreensível tanta euforia por adquirir matadouros-frigoríficos como nós assistimos nos últimos 10 anos, todos acabariam operando com capacidade ociosa, que dependendo do tempo que durar pode ser mortal. Obrigado pela sua importante participação no debate.

  22. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Vigilato da Silva Fernandes, de Manhuaçu/MG, agradeço a sua gentileza e a participação neste nosso debate.

    Com toda certeza se fizermos a lição de casa direitinho em dois anos estaremos saindo da crise e o mundo todo vai querer comprar a carne bovina do Brasil.

    Quem puder resistir dois anos, que colabore para criarmos uma nova maneira de ver as coisas.

    Um abraço
    PEdeFelício

  23. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. Roberto Trigo Pires de Mesquita, de Itupeva, SP, fico muito agradecido pela sua contribuição que lança mais luz ao ponto que eu deixei nebuloso. Eu estava preocupado que os economistas caissem de pau no meu texto, mas se os que vierem depois forem tão gentis como o sr. acho que sairei ileso.

    Muito obrigado
    PEdeFelício

  24. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Caro sr. Reginaldo Fachini, suas palavras me fizeram lembrar meu pai que foi criado na roça, mas enxergava longe.

    A primeira parte Sr. Fachini teve a finalidade de chamar a atenção para o problema que, em geral, tem na sua raiz algo como uma perda de rumo, um distanciamento das questões humanitárias. Mas é preciso dar a César o que lhe pertence, eu conheço mais profundamente uma meia dúzia dessas grandes empresas e posso assegurar que elas promovem a saúde e o bem estar de seus trabalhadores no limite do possível, inclusive porque trabalhador sadio e com dentes tratados não falta ao trabalho, não contamina a carne com bactérias de doenças, e estando sua família também saudável a produtividade aumenta. Todo mundo ganha. Eu tinha que dizer isso porque posso ter deixado descoberta este ponto no meu texto.

    Muito obrigado pela participação no debate
    PEdeFelício

  25. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado amigo Nelson Pineda, Fazenda Paredão, Oriente, SP, agradeço sua participação no debate. Fico muito feliz se o que escrevi servir para reflexão e quem sabe para influenciar um pouquinho na infraestrutura que se vai oferecer aos trabalhadores que serão atraídos pelos novos investimentos na Bahia.

    É preciso pensar na escola que os filhos deles terão e na formação que lhes será dada para se afastarem dos vícios. Esses garotos e garotas de hoje serão os funcionários do frigorífico amanhã.

    Creio que as grandes empresas que abatem suínos e aves tiveram sucesso nessa parte nas cidades onde se estabeleceram.

    Abraço fraterno
    PEdeFelício

  26. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. Marco Antonio Cunha, Guapiaçu, SP, obrigado pela sua participação.

    É muito bem lembrado, aconteceu isso mesmo, foram muitas empresas e eu me lembro bem delas, alguns diretores e gerentes eram ótimas pessoas, conheciam muito do ramo, do jeito deles é claro. Os franceses do Kaiowa tinham uma cultura européia, falavam de carne bovina com autoridade. Foi muito triste.

    Abraços
    PEdeFelício

  27. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado senhor Fernando Rossini, engenheiro agrônomo da Agropecuária Bionatus, de São José do Rio Preto, fico feliz com a sua participação neste debate.

    Um abraço
    PEdeFelício

  28. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Senhor Rogerio Faria, professor e zootecnista de Jataí, Go., você tem toda razão, sobre algumas coisas eu optei por não dizer, deixando aos leitores que trouxessem suas memórias, outras foi para não ferir suscetibilidades desnecessariamente.

    Agradeço sua contribuição
    Cordialmente
    PEdeFelício

  29. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Professor Bento da Costa Carvalho Jr., da Unicamp, nem tenho palavras para agradecer sua contribuição ao debate. Concordo plenamente com o seu raciocínio e há pouco ouvia pelo telefone um amigo falando da necessidade de melhorar o nível, ou em outras palavras, aproveitar o período de crise que não deve durar mais que dois anos ao todo – começou há alguns meses – para um planejamento estratégico de um modelo que atenda bem aos mercados interno e internacional.

    E eu dizia que na ocasião da saída da crise estaremos comemorando os 40 anos da Lei 5760 que federalizava a Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal. Será muito importante comemorarmos a data enquanto algumas personalidades da época como o ministro Luis Fernando Cirne Lima e José Christovam Santos, possivelmente os mais marcantes ainda estão conosco, e com isso mostrar à juventude a importância que teve a lei para moralização do setor e criação de um moderno parque nacional de carnes neste país.

    Muito obrigado
    PEdeFelício

  30. Leonardo Rodrigo Sallum Bacco disse:

    Caro Prof. Felício,

    Muito bom e profundo seu artigo. Sou mestre em economia, mas não me senti ofendido com a referência aos economistas presente no texto. Por outro lado, fiquei pensando sobre uma coisa, sem que tenha chegado a conslusão alguma:

    A cadeia da carne é composta por três elos, a saber:
    1) produtor rural;
    2) frigorífico;
    3) açougue/supermercado.

    Vamos á minha aflição:

    – sou produtor rural, já na terceira geração, mais especificamente de gado de corte e posso lhe assegurar que quem faz contas mesmo, com planilha e ajuda de economista vende a prodriedade, uma vez que a remuneração líquida sobre o capital investidor é muito baixa;

    – certa ocasião, pensando em agregar valor à produção, montamos um açougue no intuito de abater nosso próprio gado para venda ao consumidor final. Após 8 anos sem distribuição de lucros significativas, decidimos por fechá-lo. Nesta ocasião, a receita do açougue já não era suficiente para pagar sequer o gado próprio;

    – sempre vejo na TV, jornal, comentários de rua etc. que a dona de casa não compra muita carne porque é caro demais;

    – Acabei de ler o artigo do Sr. informando que a atividade frigorífica não é rentável.

    Assim, minha dúvida cruel: quem é que fica com o lucro desta cadeia?

  31. Paulo de Tarso disse:

    Professor Pedro Eduardo Felicio,

    Brilhante sua esplanação, é simplesmente fantastico desfrutar da sua sabedoria e inteligencia, tendo o prazer de ler e re-ler sua obras.

    Gostaria de sugir que o senhor nos desse a felicidade de degustar de suas palavras, sempre oportunas e muito bem postadas, em uma reflexão sobre a concorrência predatoria do abate clandestino X sobrevivência das pequenas e médias plantas frigorificas, em meio a deficiência e corruptividade nas fiscalizações.

    Fraterno abraço.

  32. Helio Zancopé Filho disse:

    Professor Pedro Eduardo Felício

    Quero também expressar, ao SR os meus parabéns pelo artigo “Carne Não Da Lucro”, pois é a mais pura “verdade” digo pois sofri na pele ou melhor “na carne” o quanto é dificil obter lucro nessa atividade econômica.

    Quanto a primeira parte do seu esclarecedor artigo, a saga de varias famílias que eu pude conhecer, foi como a da familia “VESTY” foi de muita luta para morrer na praia, gostaria de citar outras tantas, e eu também não acreditava que esta “maldição” quando falava a mim eu não queria acreditar.

    De todo o seu artigo que é fantástico eu fico à pensar que quem ainda não passou por esta estrada, pode estar certo de uma coisa quer queria ou não vai passar. Enquanto estiverem abatendo um boi e não fazendo contas dos custos da operação desde o embarque do animal ate o cliente final, custos esses nos mínimos detalhes estão fadados a falir ou então a ter que fechar as portas aqueles que conseguir fazer isso.

    Temos que fazer o que o Professor alega no final da sua matéria “Carne não dá lucro para os matadouros” concordo plenamente, temos que sentar à mesa e achar com negociações sólidas saidas para todos ganharem com margens de lucro e segurança e sem sobressalto toda vez que formos abater os nossos bois.

    O que temos que acabar com urgência é com essa história que os frigoríficos ganham demais, pois só pagam pela carne e ficam com o subproduto de graça. Temos que mudar nosso pensamento pois quem vai sempre pagar essa conta é o produtor pois é o elo mais fraco ainda da corrente. Frigorífico quando ganha, ganha tostão e quando perde, perde bilhões.

    Espero que esse artigo do Professor seja uma semente lançada nessa balburdia para que todos possam pensar numa saida para todos com tranquilidade.

  33. Marcos A Chinchette disse:

    Caríssimo Professor Pedro, meus sinceros parabéns pelo seu artigo.

    Atuo no Ramo de Carnes já a 25 anos, não que eu sejá velho, mais iniciei aos 13 anos em 1983 em açougue (tem histórias e mais histórias desta epóca, meu pai tomava sangue e muita pinga como o Louro Preto), depois fui ser comprador de uma rede, logo depois fui convidado por um frigorífico a ser supervisor e após gerente de filial de vendas em Campinas e Região

    Hoje sou uma das partes lesadas (sem receber) atuo como representante comercial.

    Eu e vários colegas, estamos numa situação sem expectativas de recebimento e não são poucas familias as prejudicadas passa de 50.000 mil pessoas, o que me incomoda é que não vejo ninguem vender as fazendas que ganharam, para pagar as dividas, o que vejo é culparem o dolar, exportação, preço da carne que caiu, o boi que subiu, inadinplencias, o Bnds que não emprestou, impostos, governo etc.

    Como pode alguem não cuidar de uma ferida e deixar que ela vire tumor?

    Como confundir crescer x inchaço? Como pode a carne não dar lucro?

    De onde veio então as fazendas, aviões? Dirão: veio do Bnds, mais quem pagou não foi o frigorifico com a venda da carne? E quem está pagando a conta hoje?

    Creio que o que falta é ética para os ganacioços que matam tantos bois e se esquecem das familias que ajudaram eles a comprar inúmeras fazendas.

    Deixo um sugestão para os donos dos grandes frigorificos assistir o video do Boldrin chamado :Tenho Vergonha de Mim – site http://www.rolandoboldrin.com.br.

    A você professor este video tem o devido significado da indignação de quem educa e não ve quem quer aprender nada (donos frigos)em prol do seu proximo, pois so tem olhos para seus desejos e vaidades.

    Para finalizar deixo as maiores diretrizes de ação que conheço: os 10 mandamentos, se todos seguissem os 10 mandamentos que são preceitos de amor o mundo seria melhor, imagine um mundo sem crises, sem cobiças, sem roubo, sem mortes, sem traição, aonde as pessoas respeitassem e amassem o seu próximo como a nós mesmos, onde cada um comeria o pão de cada dia, onde a natureza seria bem cuidada, onde não haveria tanta diferenças socias e economicas, onde buscar a Deus vem em primeiro lugar e todas as coisas nos são acrescentadas dia a dia.

    Que Deus tenha piedade de todas as familias desamparadas.

    Ps. Pois ironicamente se depender dos ganaçiosos elas estão todas mortas de fome, numa terra com tanta fartura de carne, numa terra que mana leite e mel, nesta terra chamada Brasil e neste povo chamado de Brasileiros.

    Um grande abraço professor

  34. João Henrique Orsi disse:

    Parabens Professor Pedro Eduardo, pelo artigo digno de um mestre da grandiosa Unicamp.

    A maldiçao da matança existe sim, e não é exclusiva apenas das manadas bovinas. Ela existe no abate diario de frangos e outras aves, no abate de suinos, de peixes, até mesmo de equinos em alguns frigorificos.

    Mas a grande matança, cuja maldiçao cada dia mais se abate sobre a humanidade, esta na voracidade criminosa da destruiçao de florestas, na matança imunda e irresponsavel pela poluiçao dos rios e dos mares, na matança que os paise ricos efetuam sobre as populaçoes do terceiro mundo, nas matanças economicas onde os paises ricos, com suas espadas afiadas do protecionismo degolam os emergentes.

    Pobres de nós brasileiros, que além de termos a maldiçao-mor de matança do maior rebanho do mundo, temos ainda a maldiçao da preservaçao de politicos corruptos, muitos deles com ligaçoes pecaminosas com o mercado de carne (ler noticias recentes de varios de nossos congressistas).

    Parabens professor, e quem sabe algum dia os pecuaristas sigam seu ponto de vista, e tercerizem o abate de seus bois, e passem a ser empreenderores competentes e sobretudos livres de bancos.

  35. Rodrigo Belintani Swain disse:

    Parabens professor,

    Me surpreendeu, pois após o curso de classificação de carcaça em sertãozinho, não pensava que o senhor poderia ser contra grandes confinamentos, aumento do uso de insumos.

    Na produçao pecuaria a economia anda junto com a ecologia, e mesmo com uma produção de baixo custo, bem estar dos animais, etc. Sempre deparamos com os abatedouros tentando baixar o preço da @, vendendo mais caro o kg da carne, as vezes obrigando a substituição da proteina bovina, por frango ou porco, ou seja tinhamos como inimigos os frigorificos, e ainda tinhamos noticias de bilhões, expanção internacional, redução de imposto para exportação, agora deparamos com calotes, desemprego, nenhuma responsabiloidade social; isto tem que acabar;
    portanto parabens pelo artigo, escreva mais e vamos terceirizar o abate!

  36. Olmiro Filho Silveira de Arruda disse:

    Prof. Pedro parabéns pelo artigo, se as plantas frigorificas operam com diferentes custos entre elas num mesmo grupo empresarial, imagine o modelo Americano comparado com o Brasileiro. Precissamos mais seriedade neste negocio, abraços.

  37. Fernando Costabeber disse:

    O Prof. Pedro é daqueles raros homens, sábios, que vão subindo a montanha vendo o horizonte se ampliar.

    Obrigado por nos transmitir esta impagável visão.

  38. Paulo Roberto Silva disse:

    Oi Pedro! Parabéns pelo artigo.

    Apesar de não ser da sua área de costume, seus comentários estão bem embasados e com história fundamentada de fatos.

    Infelizmente estamos sofrendo no Brasil, um processo de concentração de mercado a exemplo dos EUA, como se a monopolização fosse a melhor forma de organização do setor carne. O setor de aves parece que está iniciando o mesmo processo. Acontece que o governo é influenciado pelos mais poderosos econômicamente e em vez de defender o interesse do equilíbrio social e ambiental e o interesse da sociedade, acaba por favorecer aqueles.

    Esta regra parece ser comum no sistema capitalista vigente, mas concordo contigo que algo mais concreto deva ser feito antes de todos sairem perdendo.

    Abraço

  39. Rubens Mendes Veloso Júnior disse:

    Se há alguma maldição acredito que seja a da “usura”, através da qual os frigoríficos praticamente tornam inviável a um fazendeiro tocar a sua propriedade, pois aqueles empurram lá para baixo o valor de um animal que deu tanto trabalho e gastos para chegar às arrobas que eles desejam comprar.

    Talvez a maldição exista pelo egoísmo dos frigoríficos internos e grandes empresas exportadoras de carne, que na hora de ganhar o dinheiro, querem ganhar sozinhos, tirar todo o seu lucro nas costas do pecuarista, que foi quem realmente gastou com o animal que eles desvalorizaram na hora da compra.

    Talvez quando tais empresas aprenderem que não se pode caminhar sozinho neste ramo e em qualquer outro, quando elas aprenderem que, não somente a época da crise tem que ser dividida com o pecuarista, mas a época de ganhos também, essas tais maldições deixem de rondar seus territórios e, não só elas como também os pecuaristas terão paz e tranquilidade para continuar trabalhando.

  40. Walter Magalhaes Junior disse:

    Confesso que eu mesmo tenho uma certa dificuldade em enviar animais e acompanhar matança no frigorífico. Um sentimento parecido com uma intuição envolvendo algo como a “Maldição da Matança”.

    Credo! Mas Jesus Cristo quando perguntado o que era permitido consumir, uma pergunta que certamente buscava uma resposta para as limitações impostas ao consumo de carne de porco no Oriente, afirmou que o problema não era o que entrava pela boca mas, sim, o que saia. Portanto, não há restrição quanto ao consumo de carne vermelha, que para ser consumida, o animal tem que ser abatido.

    Agora, quanto ao problema vivido pelos frigoríficos, creio que o artigo, na tentativa de trazer um pouco de luz ao fato, passa longe da realidade que originou o problema. O Professor mesmo diz que não entende de economia e que isto não lhe faz falta. Portanto, está perdoado. Pelo que sei ele entende mesmo é de qualidade de carne. A própria maneira como ele coloca o conceito de “economia de escala” demonstra as suas limitações na área.

    A realidade é que esses donos de frigoríficos ganharam muito dinheiro nesse negócio. Acreditem, ganharam e não foi pouco, principalmente neste últimos 4 anos em que quase nos destruíram.

    Chegaram a comprar boi a R$46,00/@ e exportar a US$90,00. Ninguém anda de “jatinho” com miséria. Eu pelo menos nunca vi isto acontecer.

    O fato, como pode ser notado no próprio resumo apresentado aqui no BeefPoint é que os problemas resultaram da ocorrências de diversos equívocos, todos de carater exclusivamente administrativos. O pior deles foi o ato confesso de envolverem em operações com derivativos (entenda dolar futuro) 30,0% das receitas com expostação. Pode?

    Se ganham miséria, colocar sob risco 30,0% da receita é um ato para lá de ingênuo, é criminoso. Para todos os problemas apontados tiveram o cuidado de apontar um provável culpado. Eles mesmo, coitadinhos, estavam quase concluindo um grande projeto de expansão.

    Senhores, parem com isso. Os exemplos dados indicam que mesmo no caso dos Vestey houve erros de carater administrativo. A verdade é que esse casos estão sempre cercados de muita, mas muita incompetência, onde o crescimento desmedido só contribuiu para aumentar a complexidade do problema.

    E tem mais. O governo federal, do Lula, amiguinho do Toninho senador, não deveria jamais por dinheiro neste embrólio. Que vendam patrimônio, desmobilizem. Quantas plantas são? Doze? Que procurem compradores que possam se interessar por elas, se é que existem. Mas, por favor, não tripudiem em cima do dinheiro público. Tenham dó.

    Alguém aqui já esqueceu que em 2004 o boi veio de R$70,00 para R$46,00 por ação, também, do Independência?

    Isto é o que eu sempre temi. Eu sabia, pela origem dos magnatas e suas formações, que no primeiro balanço o castelo teria uma grande chance de ruir.
    Cuidem pois pode vir mais por aí. O maluco da multinacional brasileira da carne pode ter estancado o seu veio de ouro.

  41. Esther Guimarães Cardoso disse:

    Caríssimo Pedro Eduardo de Felício

    Muito bom texto! Com a admiração de sempre, cumprimento-o.

  42. marcelo vaz shimbo disse:

    Professor Pedro,

    Parabéns pelo artigo! Direto, pontual e de extrema relevância.

    Abraço

  43. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado amigo Paulo José Elias Foerster, de Recife – Pernambuco – v. lembrou bem, “mais de trinta anos”, companheiros de lutas ainda que a uma distância de quase um continente. Fiquei emocionado com a sua carta e não tenho palavras para responder nada porque você colocou o pingo que faltava nos is do meu texto.

    Paulo, eu não tinha muita segurança de que o texto seria compreendido na profundidade que eu gostaria, mas pelos comentários recebidos eu sinto que valeu a pena, a receptividade não poderia ter sido melhor.

    Ah! prometo imprimir o texto e todas as cartas e enviar pelo correio ao Dr. Christovam, em São Paulo.

    Um fraternal abraço
    PEdeFelício

  44. Mario Kurtz Filho disse:

    Parabéns pela abordagem. Excelente artigo.

    O mesmo viés do antepenúltimo parágrafo pode ser aplicado a outras áreas, até mesmo a nossa ensino: com essa pulverização de cursos “superiores”, aumento de vagas, com falhas tremendas no ensino primário e secundário. Tenho percepção semelhante ao senhor.

  45. Vasco Picchi disse:

    Caro amigo:

    Não é nenhuma novidade a excelência do seu artigo e o domínio sobre o assunto. De forma tão concisa você conseguiu demonstrar tudo aquilo que a maioria dos que trabalham nesse segmento não consegue enxergar e continuam a falar de abatedouros acima de 1200 animais por dia e alguns até 3000.

    Juntos já fizemos esse cálculo muitas vezes e a conclusão, baseado no desfrute do rebanho nacional, os abatedouros não deveriam ultrapassar a 800 bovinos/dia.

    Parabéns pelo artigo.

  46. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Leonardo Rodrigo Sallum Bacco, de São Paulo – capital, agradeço sua participação no debate, suas colocações com base na sua própria experiência e em estudos são oportunas.

    Não tentarei responder sua pergunta para não me precipitar num emaranhado de suposições. Quem sabe alguns de nossos leitores se aventurem e aí o debate vai esquentar.

    Um abraço
    PEdeFelício

  47. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. Paulo de Tarso, de Conceição do Araguaia, Pará, agradeço sua participação e pela sugestão do tema, contudo não sei se tenho ou se algum dia terei a inspiração e conhecimentos para entrar por esse caminho que o Sr. sugere.

    O combate à clandestinidade hoje em dia depende muito da conscientização dos políticos locais e regionais e das autoridades de saúde para provocarem o Ministério Público para agir com a força da lei. Para chegar nesse ponto tem que ocorrer no município um grau de desenvolvimento sócio-econômico de modo a que muitos profissionais da área de saúde humana e animal e, também, educadores, venham aí se estabelecer e participar da vida da comunidade.

    Há alguns anos estive em Santana do Araguaia, no Pará, que eu conheci no início dos anos 80 como Campo Alegre. Ali tem o Frigorífico Atlas, do Bertin, mas a população local estava consumindo carne do matadouro municipal, provavelmente, das vacas mestiças leiteiras de descarte, cujos problemas sanitários nós conhecemos bem.

    Um abraço
    PEdeFelício

  48. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. Helio Zancopé Filho, de Goiânia, Go, agradeço a sua participação no debate. Eu tenho a impressão de que o conheci, ou teria sido seu pai, no antigo frigorífico Guapeva de Jundiaí.

    De fato o sr. deve ter muita história para contar. O Guapeva tem uma história que daria um livro, talvez tenha sido o único matadouro de bovinos e suínos que a Inspeção Federal aceitou não fechar no início dos anos 70, desde que o proprietário iniciasse a construção de um novo matadouro-frigorífico e montasse por sua conta uma equipe de inspeção sanitária com veterinário e auxiliares no velho matadouro, enquanto tivesse funcionando.

    A situação toda seria reconhecida como solução transitória. Deixarei para que o Sr. mesmo conte o resto da história numa outra oportunidade em que envie mensagem ao BeefPoint.

    Abraços
    PEdeFelício

  49. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. Marcos A Chinchette, de Campinas, SP, agradecemos sua manifestação e a sua bronca com as situações dificeis que viveu ou presenciou, ficou indignado, mas com certeza sabe que a nossa sociedade está sempre em transformação, para o bem ou para o mal, e nós podemos dar a nossa contribuição como a dessa frase que v. tão bem coloca: “Que Deus tenha piedade de todas as famílias desamparadas”, porque geralmente, nas crises o dinheiro do governo é para salvar os bancos, nunca os desempregados.

    Continue sua luta Marcos enveredando sempre pelos caminhos do bem, como fez o Mahatma Ghandi na sua resistência pacífica.

    abs
    PEdeFelício

  50. cezar augusto castro de almeida disse:

    Ilustre prof. Pedro Eduardo de Felicio.

    Parabens pelo lucido, provocativo e controvertido artigo sobre a problematica questão da produção de gado e carne no Brasil.

    Sou um pequeno cridaor na Bahia e vivo debatendo-me com calculos e mais calculos para tentar justificar os meus investimentos no setor, porem os mesmos só fecham no “vermelho”. Não sei se o Sr. está certo quando afirma que as margens dos abatedouros são minimas ou nenhuma. Não sei tambem se as afirmativas do Sr. Walter Magalhães Junior, que são inversas, afirmando que as margens dos abatedouros são ou foram muito grandes estão tambem corretas.

    A verdade é que existe um monumental problema do tamanho de 180 milhoes de cabeças de gado. A nossa pecuária passa por um momento critico e os ajustes serão feitos de um modo ou de outro, cabendo a cada pecuarista identificar seus pontos fracos corrigi-los e tornar o seu negócio, porque pecuária é um negócio, rentavel.

    Ao governo cabe o papel regulador e facilitador. Se o BNDES financia mega projetos e os mesmos não são de cunho social, como deveriam ser, pelo menos que cobre as dividas dos emprestimos concedidos porque os recursos tem origem no patrimonio da Nação.

    Por outro lado, acho que deveremos unirmo-nos para exigir que os nossos representantes no governo sejam eficazes na fiscalização da aplicação das politicas para o setor. De resto é só trabalhar e rezar um pouco.

  51. anisio gonçalves guimarães neto disse:

    Vivemos na pura falsidade econômica, porque queremos o lucro desenfreado sem pensar no dia de amanhã?

    Vivemos em um mundo mentiroso sem valores sociais que são deturpados pelos valores do consumo desenfreado dos poucos que detem o capital!

    Não sou socialista acho que podemos criar uma forma de capitalismo mais humana e sem tamanhas distorçõs da realidade! Por que temos que agir na direção de um padrão imposto e semeado de maneira errônea? Alguém pagará por isso quem sabe você mesmo?

  52. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. João Henrique Orsi, de Orlândia, SP, Fazenda Sta Luzia, agradeço a sua participação no debate, o Sr. pegou muito bem o espírito do texto, que obviamente não podia num só artigo dar conta de todos os aspectos. Mas é muito bom ver a maneira como os leitores estão preenchendo os vazios que deixei.

    Um abraço
    PEdeFelício

  53. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Sr. Rodrigo Belintani Swain, da Fazenda Marfim, na sua mensagem o Sr. passa a idéia de que no curso de classificação de carcaças eu possa ter me manifestado favoravelmente a grandes confinamentos.

    Eu posso ter mostrado slides e feito comentários porque não se pode excluir nenhuma possibilidade, mas é estranho que v. tenha ficado com essa idéia, se é que foi isso mesmo que v. quis dizer no comentário.

    Penso que frigoríficos não devem ter boi em grandes números sejam eles confinados ou não; que grandes, imensos confinamentos podem trazer mais problemas do que solução, em termos de poluição ambiental, contaminação da pele e do pelame que vão contaminar o matadouro, etc.; que é tempo de investir em sistemas de produção que mais se aproximem do natural.

    Uma outra coisa que quero esclarecer é que não existe essa coisa de gente de frigorífico má e pecuaristas bonzinhos, nem o contrário, o que existe é concentração de poder econômico em poucas empresas. Este sim é um grande perigo para quem vive de produzir gado de corte.

    Um abraço
    PEdeFelício

  54. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezados Senhores Olmiro Filho Silveira Arruda, de Sinop, MT, e Sr. Fernando Costa Beber, de Santa Maria, RS, agradeço a participação no debate.

    Abraços
    PEdeFelício

  55. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Dr. Paulo Roberto Silva, de Votuporanga, SP, Inspetor Federal, amigo de muitos anos, meus agradecimentos pela contribuição ao debate. Suas palavras com certeza reforçam e elucidam o que escrevi.

    É isso mesmo, e será dentro do sistema capitalista que teremos que construir democraticamente uma sociedade menos injusta, através da nossa atuação profissional.

    Um grande abraço
    PEdeFelício

  56. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Senhor Rubens Mendes Veloso Junior, de Porto Velho, Rondônia. Obrigado pela participação, suas palavras têm sabedoria, contudo, lembre-se de que, quem acumula poder por falta de concorrência não irá se tornar virtuoso e justo porque queremos que seja assim. Será preciso muita vigilância e isto vale em qualquer setor econômico, mesmo entre pecuaristas.

    Boa sorte nos negócios
    PEdeFelício

  57. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Senhor Walter Magalhães Jr., de Dourados, MS. muito obrigado pela participação. O Sr. está certo, segundo meu colega prof. Bento Carvalho Jr., até mesmo o Dalai Lama tem uma boa justificativa para o consumo de carne: o valor nutritivo desse alimento é importante para a saúde humana.

    O Sr. foi gentil na crítica ao meu texto. Quem publica um texto desses num site como o BeefPoint sabe que terá que se deliciar com os elogios, e não se deixar magoar com a crítica. Deixemos que os leitores julguem se de fato “passei longe da realidade do problema” e se o Sr. foi justo comigo dizendo “que o que ele entende mesmo é de qualidade de carne”.

    Um abraço
    PEdeFelício

  58. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezados Doutora Esther G. Cardoso, Campo Grande, MS, e Doutor Vasco Picchi, de Jundiaí, SP, amigos queridos de muito tempo, agradeço a gentileza de suas palavras.

    Vasco, talvez eu devesse mesmo ter assinalado uma capacidade diária de 800 bois por dia e não de 800 a 1200 como eu escrevi. Eu conheci um abatedouro para 600 cabeças na Austrália, dedicado à exportação do gado confinado na região para exportação ao Japão e Coréia do Sul. Uma construção tão simplificada que não me espantaria se voltasse lá algumas semanas depois e já não encontrasse mais nada além de aviso do tipo “o matadouro que estava aqui mudou de endereço”.

    Abraços a vocês
    PEdeFelício

  59. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Senhor Mário Kurtz Filho, da Universidade Federal de Santa Maria, obrigado. É bem lembrado esse seu comentário de há outros setores precisando de arrumação neste nosso país, como é o caso da educação “superior”, que o Sr. não diz, mas que vem drenando as economias de muitos jovens, e de seus pais, sem chances de recuperação ao longo da vida dos diplomados.

    Cordiais Saudações e parabéns pela importante universidade de Sta Maria.

    PEdeFelício

  60. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Senhor Marcelo Vaz Shimbo, zootecnista da Cia. Bonsmara Beef, grato pela participação no debate.

    Um abraço do amigo
    PEdeFelício

  61. Guilherme Augusto Vieira disse:

    Prof. Pedro, parabéns pelo artigo, no qual a sua agroindústria reflete a realidade de uma cadeia que não é organizada, possui enormes dificuldades de se implantar uma aliança mercadológica além de contar com uma base produtiva primária totalmente desonectada no que concerne aos conceitos de gestão agropecuária.

    Professor, a classe Veterinária orgulha-se de um profissional de sua categoria que contribui de forma sistemática para o engrandecimento da Pecuária.

    Parabéns de seu Amigo,

    Guilherme

  62. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Meus cumprimentos ao prof. Pedro, que com sabedoria nos convida a refletir sobre questões cruciais.

    Hoje, a maioria dos artigos técnicos em agricultura (lavoura ou pecuária) se inicia com a frase-chavão “é óbvio que, como a produtividade brasileira medida em … é muito baixa, precisamos intensificar a produção através de …”.

    É difícil não cair na armadilha, e não nos autodepreciarmos por estarmos de fato tão longe dos índices “tecnicamente possíveis”. Por não estarmos implantando um mega-confinamento, adubação intensiva de pastagens e quejandos.

    Logo após ler seu artigo, li um do Ricardo Abramovay (que recomendo a todos e pode ser consultado em http://www.andima.com.br/clipping/060309/index.html), cujo fecho é o seguinte:

    “A liderança mundial dos próximos anos não estará nas mãos dos países que vão crescer, vencer a pobreza e reduzir a desigualdade, e sim daqueles que conseguirem fazê-lo modificando o conteúdo material e energético da vida econômica. O que supõe não o mimetismo de acreditar que petróleo, biocombustíveis para motores a combustão interna e grandes obras para exportação formam o caminho do futuro, e sim a transição para sistemas produtivos que preservem o patrimônio natural, se apóiem no consumo cada vez menor de matéria e energia e valorizem a biodiversidade.”

  63. Danilo Montagneri disse:

    Parabens professor por esse artigo, digno de ser publicado em algumas redes de massa, para que com a possivel revolta do povo, assim nossos escolhidos(politicos) tomem algumas providencias saudaveis e economicamente corretas, para não entrarmos em um “buraco” maior do que os que estamos.

    Obrigado, e mais uma vez parabens.

  64. Angélica Simone Cravo Pereira disse:

    Ao mestre e amigo prof. Pedro,

    Mais uma vez suas palavras ilustram o que não se encontra em livros ou artigos científicos.

    É falta de crédito no mercado, que afeta todos, e com os frigoríficos não seria diferente.

    Carne não dá lucro para os abatedouros e a grande mágica dos frigoríficos é obter uma receita maior do que a despesa. Como? Agregar valor, transformando o boi em sapato, cinto, roupa, biodisel, amaciante, sabonete, farinha de sangue, de carne, ossinho, ração para cachorro e assim vamos longe.

    Os frigoríficos simplesmente acompanharam a tendência de financiamento a custo baixo ou investimento, mas como tudo tem limite, hoje a casa está caindo (ainda que para poucos).

    Por outro lado, o consumidor interno está em euforia, pois o brasileiro hoje compra filé mignon a R$ 10,00 e contrafilé a R$8,00, em um cenário pouco favorável considerando a distribuição de renda brasileira, como menciona o prof. Eduardo Delgado.

    Realmente, prof. Pedro, estamos carentes de diretrizes, mas em um panorama geral. Enquanto alguns esperam a “marolinha” outros ficam com o “Tsunami” e falar de defesa sanitária, sustentabilidade, responsabilidade social, ambiental, parece história para “boi dormir”.

    Infelizmente.

    O Brasil possui absolutamente tudo, para abastecer tranqüilamente o mercado interno e ainda sobra para atender a demanda mundial. É único! Impressionamos até com tecnologia e outros buscam aqui muitas de nossas lições e de nossas experiências. Mas a lição mais importante ainda não é feita! A de casa! E ainda esperamos o boi dormir.

    Um grande e forte abraço,
    Angélica Pereira.

  65. EDUARDO PICCOLI MACHADO disse:

    Parabéns pelo seu artigo professor.

    Estou começando a acreditar na “Maldição da Matança” que já havia ouvido falar há muitos anos por um açougueiro, e na leitura de seu artigo me recordei.

    Desde 1994, trabalho no ramo frigorífico, mais precisamente na asessoria jurídica. A partir de 1995, vi a quebradeira de todos os tradicionais do Rio Grande do Sul, Castilhense, Alegretense, Cicade, Gabrielense, Riopel, Santanense, Rost e etc. Quase todos eram cooperativas de produtores Alguns destes já eram “sucessores do Anglo, Swift, Armour. Em 1998, já não havia mais nenhum “exportador” em operação e os produtores ficaram nas mãos dos “marchantes”.

    Após esta crise, culpava-se o modelo cooperativo como a causa desta derrocada e eu também começei a acreditar. Em razão de um convívio mais estreito com Uruguai, começei a observar também neste país a quantidade de plantas abandonadas, ruínas de frigoríficos antigos, no fundo nada diferente do que acontecia aqui. Vi também grandes grupos da Argentina, pais com menos entraves sanitários que o Brasil também ruírem e produtores também caloteados.

    A partir de 2000 ou um pouco antes, o governo do RS, patricinou a entrega dos melhores frigoríficos a marchantes que na ausência dos grandes haviam começado a ganhar dinheiro com carne. Somente um teve sucesso que é hoje o Frogorifico Mercosul, os demais quebraram, não tinham idéia dos custos que são operar uma planta com SIF.

    Ai começei a refletir e ver que o problema também não era no modelo cooperativo, mas sim de uma conjuntura muito sensível sujeita a inúmeras variáveis que vão desde a oferta, sempre regulada por razôes climáticas até as pseudo barreiras sanitárias, leia-se somente comerciais, impostas por outros países.

    Agora o que estou vendo, é que a crise atual foi pelo excesso de otimismo. Os preços da carne no mercado internacional chegaram a níveis altíssimos. A fartura de crédito fez com que os Bancos, que outrora evitavam passar pela frente de um frigorífico, fossem morar dentro deles e ensinar como ganhar dinheiro sem produzir. Agora a torneira fechou e o dono de frogorífico vai ter de assumir o controle como tinha quando começou a crescer, porque os “executivos” contratados com certeza não sabem onde fica a picanha do boi.

    Abraço

  66. joao jacintho disse:

    Parabens, professor Pedro, tu estas coberto de razão, mas que os frigirificos ganharam muito dinheiro eu não tenho dúvidas, compraram fazendas, bois, jatos, tudo que queriam, agora a economia eu entendo bem, tudo que sobe desce e agora chegou a vez deles descerem, e que descam bem depressa, porque já me roubaram muito no peso, no preço e até me dando o calote, sem me pagar.

    Abracos a todos

  67. Sérgio Marchió disse:

    Tenho informação segura de dentro de um frigorifico que a taxa padrão de retalhos de 3% chega a alcançar 6%.

    Por esta carne eles não pagam. Num grande volume estes percentuais somente, podem garantir um lucro astronomico, no meu humilde entender.

    Sds

  68. ROSANO PROCOPIO DUARTE disse:

    Prof Pedro,

    Parabéns pelo artigo.

    Acredito que a uma boa resposta gere pelo menos mais duas boas perguntas.

    O sr foi muito feliz ao meu ver em seu ultimo paragráfo.

    Mas na cadeia da carne ainda temos:

    – os propriétarios/admnistradores de grande parte dos matadouros que ainda estão acostumados a tirar lucro da carne ilegalmente, seja sonegando impostos, balança desaferida a seu favor, toalete exagerado; e

    – existe uma preocupação em fazer faturamento alto em detrimento do lucro, pois com o faturamento alto se consegue altos financiamentos, dinheiro este que na maioria das vezes é desviado para outros fins, não sendo investido no próprio frigorifico.

    Carne dá lucro sim, desde que bem trabalhada; agora o tamanho do lucro parece não satisfazer a ganancia dos empresários da carne.

    Como em outros ramos de atividade temos os honestos, os de bons costumes, como também a outra face da moeda, que somente visa o dinheiro no bolso, não importando de que forma seja.

    Trabalho com carne desde criança, meu pai tinha um açougue, um dia resolveu parar e eu abri o meu primeiro açougue com 14 anos, quando ainda se abatia boi nas fazendas, depois abriu-se o primeiro frigorífico municipal ,onde tercerizávamos o abate, hoje tenho um entreposto de desossa suina e bovina com inspeção federal e entendo que o resultado só vem, se gerenciarmos a empresa com o profissionalismo devido; vender abaixo do custo, pegar dinheiro em banco, no meu entender, não é profissionalismo, é desonestidade, pois quando a corda arrebentar, deixa -se um rastro de prejuízo para trás, arrebentando -se com a nossa já pouca credibilidade junto a pecuaristas e o mercado em geral.

    Desejo sinceramente que esta crise da carne, surta algum efeito no sentido de moralizar o nosso ramo de atividade.

    Um fraternal abraço.

  69. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezados amigos e demais leitores, cujos nomes faço questão de listar, com os meus agradecimentos pela participação:

    Cezar Augusto Castro de Almeida, de Salvador, Bahia;
    Anisio Gonçalves Guimarães Neto, de Brasília, DF;
    Guilherme Augusto Vieira, Professor, de Salvador, Bahia;
    Humberto de Freitas Tavares, Engenheiro e Pecuarista, de Ribeirão Preto, SP;
    Danilo Montagneri, de Baytaporã, MS;
    Angélica Simone Cravo Pereira, Professora da USP, em Pirassununga, SP.

    Desculpem-me pela resposta coletiva, mas o trabalho aumentou muito com o início das aulas, que coincide com o período de atribuição de bolsas do curso de pós-graduação e o cadastramento dos alunos que irão recebê-las. Então, de agora em diante, se ainda surgirem cartas, terei que respondê-las desta maneira.

    Com certeza, vocês perceberam bem que a idéia do texto foi a de criar uma situação propícia a que aqueles que estivessem com um osso engasgado na garganta, como eu, se sentissem convidados a dar sua opinião. E vocês já devem ter percebido também o que pode nos acontecer se sobrarem apenas duas ou três megaempresas financeiramente sólidas, aí ou se vende o gado a elas ou sei lá como serão abatidos nossos mais de 30 milhões de cabeças de gado por ano.

    Mas se servir de consolo, nos Estados Unidos, o prejuízo do produtor para cada cabeça que sai dos confinamentos para o abateouro está variando entre 150 e 200 US dolares.

    Um abraço a todos
    PEdeFelício

  70. Juliana Mardegan Ferreira disse:

    Corrupção:

    acto ou efeito de corromper;
    podridão;
    decomposição;
    putrefacção;
    devassidão;
    adulteração;
    suborno;
    prevaricação.

    Carne realmente não dá lucro, o que sustenta o luxo daqueles que estão no topo da cadeia tem outro nome.

    Parabéns Prof. pelo excelente artigo, é prazeroso ler suas sábias palavras. Parabenizo também o comentário da Professora Angélica. Acredito que a “maldição” seja apenas uma consequencia da “sujeira” que nossos olhos não veem (mas nosso bolso sente).

    Como moradora de Juina, cidade que vem sofrendo claramente o efeito da “marolinha”, e como credora do Independência, fica aqui um grito de indignação pela situação em que se encontra o setor que alimenta a população e pelo descaso de nossos governantes.

    Grande abraço,

  71. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezados Senhores

    Eduardo Piccoli Machado, produtor rural de Alegrete, RS.
    João Jacintho, de Ribeirão Preto, SP.
    Sérgio Marchió, de Mineiros, Go. e
    Rosano Procopio Duarte, de Itabira, M.G., onde nasceu o grande poeta, quem sabe o maior de todos, Carlos Drummond de Andrade.

    Meus agradecimentos pelos comentários. Com certeza os leitores irão apreciar os pontos de vista manifestados pelos senhores.

    Abraços a todos
    PEdeFelício

  72. Selmo de Melo e Souza disse:

    Parabens também Prof. pelo execelente artigo. Vejo que as suas palavras traduzem com exatidão o meu pensamento a respeito da situação que passamos no Brasil.

    O governo inundou os grandes frigoríficos com milhões ou bilhões de reais que sairam dos nossos bolsos e nos colocaram em uma posição de extrema dificuldade. Não desoneraram o setor de carnes, e as pequenas unidades, aquelas que trabalhavam no mercado interno, sofreram muito, como nós pecuaristas, e nestes últimos 4 anos são poucos os que sobreviveram desse massacre. Não vou me prolongar porque o seu artigo é espetacular e mostra como estamos reféns desta politica maluca do BNDS e de pessoas inescrupulosas do setor de carnes.

    Parabéns!

  73. Fábio Reis disse:

    Como um idealizador e professor de faculdade, no meu ponto de vista o guru deveria criar um projeto apresentado um modelo ideal, defender a tese e vende-lo para o mercado.

    E não esquecer do mercado para escoar a produção.

  74. Adriano Vaz de Lima disse:

    Prof. Pedro,

    somente para ilustrar
    http://www.vesteyfoods.com/pt/vestey-group/vestey-group-history.html

    abraço
    Adriano

  75. Luis Magalhães disse:

    Prezado Pedro Eduardo de Felício

    Sou português e vivo em Portugal, mas, virei fã do agronegócio no Brasil e sou investidor em gado no Pará, pensando, a médio prazo, ter o meu agronegócio na sua bela terra que adoro.

    Desde que comecei a investir pelo puro gozo que esta área me dava (veio de família – o meu avô tinha uma fezenda em Moçambique – Africa), que fiquei fá deste site, e dos fantásticos artigos publicados por excelentes profissionais, que me permitem “beber” informação e conhecer melhor a realidade do negócio. Hoje, já não me considero leigo, mas, sei que tenho imenso a aprender. Assim, é sempre com prazer que leio os artigos publicados, e, com imenso prazer que li o seu.

    Tocou num ponto pouco abordado, e apresentou pontos de vista válidos e que fazem todo o sentido. Há algumas regras básicas na economia, e eu sempre ouvi falar que, em momentos de crise, se mexe melhor quem é maleável, ao contrário do Titanic que era demasido grande para poder virar o rumo a tempo de não bater no iceberg – ia demasiado rápido e foi demasiado incauto. E ainda que, a tempos de bonança sucedem sempre tempos de penúria, ora, cabe à gestão preparar as empresas para quando esse periodo chegar. Pensar que as expansões são eternas é um erro fatal que está comprovado economicamente.

    Um abraço de Portugal

  76. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezada Zootecnista Juliana Mardegan Ferreira, de Juína – Mato Grosso, agradeço muito a sua participação, que pelo visto fecha o debate. A situação realmente ainda pode ficar pior do que eu escrevi. Dois economistas famosos estiveram em S. Paulo semana passada, participando de palestras e debates para empresários. Um deles, Dr. Rubini, havia previsto a crise que estamos vivendo, e foi ele quem disse que, ou saímos da crise em meados do ano que vem, se os governos fizerem tudo certinho, ou ninguém poderá prever quando sairemos dela…e crescenta: os governos não estão acertando nas medidas que estão tomando.
    abraços
    PEdeFelício

  77. Antônio Cícero Pires de Campos Jr. disse:

    Lendo as palavras do professor, me ocorreu o que me disse meu tratorista que apesar de poucos estudos tem uma sabedoria que as vezes invejo.

    Disse me certo dia, que o alheio chora o dono. E eu penso que o juros que o alheio cobra são maiores que a pessoa (grupo) que pegou pode pagar. Com certeza a falta de trigo limpo a longo prazo prejudica toda a sabedoria dos investimentos.

  78. Alex Bastos disse:

    Caro Professor Pedro Felício,

    Parabéns pelo artigo, não vou rasgar muita seda em elogios a sua pessoa, pois sabes da admiração e respeito que tenho pelo seu profissionalismo desde meu tempo acadêmico, perdurando ate hoje, onde têm ensinamentos seu, estou lá, sentado na primeira fileira, quer seja em Minas, São Paulo, Bahia ou Rio Grande do Sul.

    Ao passar esses anos, com a oportunidade de conhecê-lo melhor e consolidar uma amizade contigo, observei que seu caráter pessoal ultrapassa o profissional.

    Quanto à matéria concordo que a maldição da matança com certeza ainda perdura, só mudando o nome dos atores e a causa da maldição, pois temos os ditos empresários visando lucro fácil para comprarem suas fazendas, apartamentos, casas e automóveis de luxo a qualquer preço, nem que tenha que beber o sangue e o suor dos “magarefes” e pecuaristas fornecedores de matéria prima, com o gravame mencionado, aval da nossa instituição de fomento ao desenvolvimento, que acaba se tornando sócia destes empresários.

    Derrubar boi e sangrá-lo é para qualquer um, podendo ser visto em muitos de nossos municípios brasileiros, analfabetos por situação, movimentando quantias significativas de dinheiro sem ter ao menos patrimônio para tal. Como comentando no artigo, o gargalo é retalhar os 250 Kg de carcaça em mais de 50 cortes e distribuí-los para diversos mercados com prazo de validade vencendo a cada dia.

    Cheguei ao Estado da Bahia no final de 2001, para trabalhar na Secretaria de Agricultura deste Estado, Coordenando um programa que tinha naquela época a denominação de “Modernização de Frigoríficos”.

    A partir daí mergulhei em uma realidade muito diferente do aprendido na faculdade em Minas Gerais, do vivido no eixo centro oeste/sudeste do Brasil e da passagem pelo Estado da California-USA. Fui crítico por varias vezes ao ver todos os frigoríficos do estado realizando prestação de serviço, ou seja, terceirizando abate, hoje somente 1 (um) dos 22 (vinte e dois) frigoríficos de bovinos do Estado não realiza o abate terceirizado, pois foi adquirido por um grupo que tem frigoríficos em outros estados e não tem o costume e interesse comercial de realizar tal serviço.

    Como funciona a prestação de serviço? O Sr. Manuel, açougueiro que vende um ou dois bois por semana no seu Box do mercado da cidade e ou em seu açougue, pode comprar esse um ou dois bois, levá-los na sua F-100 até o frigorífico mais próximo, aproximadamente raios de 100 a 120 km, costuma ser transportado em caminhão boiadeiro com mais animais de outros açougueiros onde é dividido o frete. No frigorífico com SIE ou SIF, corre o padrão do abate, determinado pela legislação, retornando-se as carcaças e miúdos para local de origem, onde são comercializados.

    Socialmente isto é muito bom, alias é o recomendado pela FAO, com este modelo, não há a necessidade de ter um micro frigorífico para abate de 20 a 50 animais em cada município e se funcionar em 100% da intenção, reduz drasticamente o abate clandestino e não exclui o pequeno comerciante.

    No estado da Bahia a febre da metodologia americana não chegou, nossos frigoríficos têm capacidade de abate media de 300 a 400 bovinos/dia, somente 1(um), recém inaugurado, tem capacidade de abater 700 bovinos/dia e 4 (quatro) industrias com capacidade para 500 bovinos/dia. Vale ressaltar que temos uma população de mais de 14 milhões de habitantes considerando um consumo expressivo.

    E por incrível que parece, tudo vai bem por aqui saímos de 560 mil animais abatidos sob inspeção em 2003 para mais de 1milhão em 2008, sem aumentar muito o numero de nossas indústrias. O valor médio de nossa arroba não é um dos piores em relação aos demais Estados da Federação, como dizem e pensam por aí, muitos paulistas e goianos vieram buscar boi magro ano passado na Bahia, na falta do boi, provocado pelas capacidade de abate das industrias superiores ao seus rebanhos em alguns Estados, o que não é nosso caso, pois temos um rebanho e seu desfrute superior à capacidade de abate das industrias frigoríficas instaladas em solo baiano.

    Temos novas indústrias sendo construídas todas com a visão de prestação de serviço terceirizado, que apresenta o inconveniente ao meu ponto de vista, é que, qualquer “lábia boa/ bom de conversa” ou aprendiz daquele empresário comentado no começo desta manifestação, com um celular e um bom escritório móvel, começa a abater e vender carne para mercadinhos e até hipermercados, andando numa bicicleta que não é sua, quando leva o primeiro calote no pagamento (comum neste setor), começa a pedalar a bicicleta ladeira abaixo, quando bate com a cara no murro já está levando 30 a 60 dias de bois comprados na sua aventura de milionário, porem pensando bem hoje em dia, tem muita indústria grande com endereço fixo e muitos bens que também quebram, abrem concordata e também levam 30 a 60 dias de bois comprados, deixando o pecuarista a ver navios. Só resta uma saída para o pecuarista vender e orar nos trintas dias seguidos ou vender mais barato a vista.

    Concordamos que copia de modelos já estabelecidos em certas regiões ou países não é o melhor caminho, a exemplo, temos diferenças gritantes em nosso próprio país, entre o sul, centro-oeste e nordeste, cada região tem suas particularidades.

    O relato a respeito da Bahia foi na intenção de mostrar que existe algo diferente, que querendo ou não, vem perdurando ao longo do tempo com alguns ajustes na tradição. Como bom goiano, não poderia deixar de mencionar Cora Coralina “o saber se aprende com os mestres. A sabedoria, só com o corriqueiro da vida”. As planilhas se perdem, pois não tem olhos para a sociabilidade da região e do povo, mencionada em seu artigo.

    Carne não dá lucro para a indústria é uma verdade, mas alguém está ganhando, para mim é a revenda, pois o consumidor paga bem na gôndola e nos restaurantes pela carne que consome, temos que montar uma tabela inversa, começando com os valores praticados nas gôndolas das principais capitais do país, me proponho realizar a pesquisa em Salvador. Para desmistificar os ganhos de todo elo da cadeia.

    Outra fonte que ajudava muito na composição do preço da arroba junto às indústrias frigoríficas era o Couro, que nos dias atuais, praticamente se anulou devido ao valor de mercado. Para se ter exemplos da força do couro, temos 7 (sete) indústrias frigoríficas no Estado que foram construídas e praticamente viabilizadas com lucros do mercado do couro, que ajudava muito quando se faz prestação de serviço de abate terceirizado.

    Para concluir, me lembro de duas matérias da revista DBO, da Jornalista Maristela Franco, ambas, capa da revistas, que tem muito a ver com o comentado, uma de setembro de 2004, “Cadeia Problemática” que tinha uma planilha na pagina 93, que indicava que o preço a pagar pela @ sem lucro era de R$ 51,52 e com lucro R$ 49,64. Com um detalhe que naquela época, se não me falha a memória a arroba estava cotada a mais de R$ 56,00. E a outra matéria com o titulo “Liderança sobre pressão” que comentava sobre o protecionismo, barreiras sanitárias e infra-estrutura, desafios que teríamos que enfrentar para nos mantermos líderes da exportação (titulo recém conquistado naquela época), a qual tem muito a ver com a carta em destaque do Bento. Essas matérias foram publicadas em 2004, já se passaram 4 (quatro) anos, é fato que ninguém discordou ou se lembrou de traçar diretrizes.”Quanto mais se sobe, de mais alto se pode cair”.

    Aguardando as próximas partes.
    Abraço

  79. Jose Caetano Jr disse:

    Olá Pedro, como vai?

    Adorei seu artigo.

    Coerente e provocativo, como sempre.

    Grande abraço,

  80. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezados Senhores:

    Selmo de Mello e souza, pecuarista em Araçatuba, SP.
    Fábio Reis, pecuarista em Monte Alegre de Minas, MG.
    Adriano Vaz de Lima, de S. J. da Boa Vista.
    Luiz Magalhães, de Portugal.
    Antonio Cícero Pires de Campos Jr., médico veterinário de Goiânia, Go.
    Alex Bastos, Zootecnista, coordenador de Modernização de Pecuária do Estado da Bahia.
    José Caetano Jr.

    Sou grato a todos os senhores por apresentarem no BeefPoint os seus pontos de vista. Como eu já disse anteriormente, devido à sobrecarga de trabalho, não estou podendo responder às cartas individualmente. Entretanto, estou muito feliz com a atenção que a matéria despertou nos leitores, motivando tantos a escrever e expressar opiniões.

    A carta do Alex Bastos é longa, mas quem se interessa pela pecuária da Bahia tem que ler o texto que ele escreveu porque se trata de um documento da experiência profissional deste Zootecnista-Pensador que eu admiro e que gosta de citar aquela que para mim é a maior de todas as poetisas, Cora Coralina.

    Quem não conhece sua obra, me faça o favor de não morrer sem tê-la conhecido. A história da vida dela também vale a pena. E quem puder, visite a casa em que ela viveu em Goiás Velho. Tanta simplicidade chega a ser comovente e quem tem sentimentos, ali chora de emoção.

    Ao sr. Fábio Reis, devo dizer que notei uma certa ironia no seu comentário, não tem problema, mas saiba que não vendo projetos, sou professor e amo minha profissão. Os artigos que me arrisco a publicar são para esclarecer e fazer pensar, não necessariamente para conquistar a concordância do leitor.

    Adriano Vaz de Lima, muito obrigado pelo link que eu não tinha, meus alunos já se interessaram e foram ver, mas eu ainda não tive tempo.

    Para quem quiser ler outros artigos que escrevo, tomo a liberdade de dar o link http://www.fea.unicamp.br/carnes

    Abraços a todos
    PEdeFelício

  81. ivan régis dallazen disse:

    Em poucas palavras , um artigo animal , um artigo sensacional , parabens

  82. Ricardo Flores Bagolin disse:

    Professor Eduardo.

    Em primeiro lugar, meu chapéu e em segundo meus parabéns.

    Nós, riograndenses de nascimento sabemos bem como funcionaram os ciclos das grandes companhias de carnes no ínicio do século passado, sabemos que em cem anos elas alavancaram um desenvolvimento econômico, social e cultural muito grande. Foram o estopim de uma grande revolução pecuária no sul do Brasil, mas também foram realmente responsáveis pela decadência anos mais tarde.

    Hoje vemos talvez um quadro muito semelhante que já não mais agrada aos olhos de quem vê e observa atentamente a realidade da indústria frigorífica nacional.

    Sem pretender ilustrar mais nada, encerro minha participação cumprimentando-o e deixando um grande e cortês abraço a este formador de opiniões tão seleto que és.

    Cumprimento também meus conterrâneos Fernando Costa Beber (dos tempos de associação rural em Santa Maria) e ao Mestre e posso assim dizer amigo Dr. Mário Kurtz Filho. Grande abraço desde Rondônia.

    P.s.: A situação dos frigoríficos aqui está ficando a cada dia pior diga-se de passagem.

  83. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezado Senhor Ivan Régis Dallazen, engenheiro de Rio das Antas, Santa Catarina, agradeço suas palavras, especialmente o “artigo animal” que gostei muito. Recentemente li um artigo, se não estou enganado no jornal Valor, de um analista econômico, explicando sobre o “Animal” que toma conta dos empresários e os fazem sair comprando empresas com dinheiro emprestado, sem pensar muito nas consequências. Mas se o meu texto servir para que alguém chame a atenção para o problema fazendo-os refletir um pouquinho que seja sobre o que acontecerá com as famílias dos seus empregados se algo sair errado, terá válido a pena todo o esforço.
    Abraços
    PEdeFelício

  84. Vangelio Mondelli Neto disse:

    Prezado Pedro,

    Nem tudo é maldição, a benção desse negócio por incrível que pareça é ter compartilhado dos seus conhecimentos e carinho nos seus ensinamentos, estendo tambem o mesmo comentário a homens que tenho a benção de contar em amizade, aconselhamentos e sabedoria nessa labuta, que são Vasco Picchi, Nelson Pineda, Helinho Zancopé, e o grande Dr. Christovan.

    Todos vão me permitir com certeza a tão somente refletir, porque a hora é oportuna. O saudoso Geraldo Bordon uma ocasião me disse dentro do Sindicato do Frio: “Menino, trata esse negócio de senhor, porque se você tratar de você, ele não vai desculpar seu desrespeito!”, outra eu tenho do baixinho Helio Zancopé: “frigorifico é que nem monjolo, o rabo se refrescando dentro dágua e o bico sempre seco”.

    Somos a história dessa produção, dessa industria, e convicto assisto sempre o mesmo filme, poderiamos com certeza até escrever um livro sobre tudo e todos que conhecemos nesse negócio, alguns até pitorescos e com apelidos peculiares, mas acho que o certo é agir, lutar com humildade e sem megalomania, o dissabor do pecuarista passa pelo desespero do frigorifico.

    Profissionalisar, tecnificar ou aumentar a matança?

    Triste duvida!

    Serenidade, pois achavam que até pepita de ouro conseguia-se na bílis de um boi.

    O que não se consegue adequar pelo amor, acaba se ajustando pela dor.

    É uma industria muito apaixonante, todos vocês são testemunha disso, ela envolve e consome, um verdadeiro vício.

    Rogamos por consenso, por prudência e até mesmo por novos modelos tanto em gestão como em regras na comercialização, mas que há um enigma desde os primórdios dessa industria, isso o Pedro tem razão!

    Saúde companheiros, e te parabenizar Pedro Felício é monótono, eu queria é te agradecer.

  85. Dante Pazzanese Lanna disse:

    Pedro,

    Gostei muito do seu artigo no BeefPoint, mas nas duas vezes anteriores que comecei a escrever algo percebi a dificuldade de discutir assunto tão complexo. E compreendi melhor a sua coragem e o valor de expor suas idéias, parabéns. Estas questões são importantes demais.

    Quanto aos seus comentários sobre Tamanho x Competição e Logística x Viabilidade, tem muita coisa que eu ainda tenho enormes dúvidas.

    Mas a verdade é que o frigorífico é muito parecido com o setor bancário. Ele é muito alavancado e muito rápido. O patrimônio é simplesmente NADA, comparado ao GIRO. E como os bancos, acho que frigoríficos precisam de um PROER. Alguns PROERes. Talvez eu discorde que o tamanho seja um problema relevante. É a relação GIRO/PATRIMONIO. Tanto que mesmo frigoríficos pequenos quebram de forma espetacular. Obvio que os impactos são menores. Mas na situação atual, se tivéssemos centenas de pequenos, dezenas quebrariam.

    Portanto, vejo a “maldição da carne” como o fato de que, diferentemente dos bancos, é muito mais difícil arranjar amigos para salvar quem “kill for a living”.

    Teríamos muito mais a discutir, pois seu artigo é muito abrangente e toca vários outros assuntos que são tão difíceis quanto apaixonantes.

    É inevitável notar que as suas análises estão sempre atreladas às dimensões mais humanas das coisas, certamente uma das razões pelas quais é uma pessoa tão querida em nosso meio.

    Forte abraço e parabéns mais uma vez,
    Dante

  86. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezados Senhores

    Ricardo Flores Bagolin, de Rolim de Moura, Rondonia
    Vangelio Mondelli Neto, da Agropecuária Santa Marina e
    Dante Pazzanese Lanna, professor da ESALQ-USP.

    Sou muito grato pelos comentários que dispensam respostas e levam à reflexão tanto ou até mais do que o próprio texto que causou todo esse movimento.

    Sr. Bagolin, eu nunca estive em Rondonia, mas se um dia tiver oportunidade irei procurá-lo para tomar um mate contigo, temos uns riograndenses aqui na pós-graduação, mas eles não são dos bons não, trocaram o mate pelo café.

    Amigo Vangelio, pouco nos encontramos, mas a amizade está sempre viva, obrigado pelos comentários e venha me visitar na Unicamp quando puder.

    Caro Prof. Dante Lanna, você sabe o quanto eu aprecio ler o que você escreve e ouvir o que você tem a dizer, é sempre um grande aprendizado. Essa idéia de pensar nos frigoríficos como bancos pode ser muito interessante, quem sabe se eles não deveriam ser monitorados também pelo Banco Central para que não saiam dos trilhos. Seria muito bom para os pecuaristas.

    Um grande abraço a vocês e a todos que nos prestigiaram com os seus comentários.

    PEdeFelício

  87. José Roberto Puoli disse:

    Bom dia Pedro,

    Saudações campograndenses.

    Sabe, eu li e reli este artigo algumas veses e os comentários, também.

    Sempre vejo as informações de quanto está a arroba e quanto o frigorífico está faturando com a venda da carne da carcaça do animal. Se não me engano é o chamado equivalente físico. Este está sempre abaixo do valor da arroba e pelo que entendi, este é o motivo pelo qual você fala que a carne não dá lucro.

    Vejo duas coisas extremamente claras.

    1. O pecuarista recebe somente pela carcaça, mas vende o boi todo para o frigorífico. Portanto, têm todos os outros integrantes do produto que o frigorífico comprou e não pagou por eles. Os quais quando vendido aumentam muito a receita daquele boi para o frigorífico. Minha humilde e simplória conclusão, como tudo na vida, é que esta relação de equivalente físico, é só mais um parâmetro, mas não é um bom parâmetro para medir lucratividade.

    2. Se, e este é um grande se, o valor final apurado pela venda de todos os componentes do boi não for suficiente para pagar as contas e ter lucro, tem que procurar uma maneira de melhorar o valor da venda ou diminuir o valor da compra. É muito simples e claro.

    Pedro, sinceramente, é um negócio como outro qualquer. E que normalmente tem uma margem operacional pequena. O que deveria ser o principal ponto administrativo, fazer saldo de caixa nas fases boas para suportar as fases difíceis. Só isso.

    Na minha opinião, e de maneira geral, pois, existem várias exceções, o que falta na industria frigorífica é saúde/competência administrativa. É um enorme absurdo o que estão querendo fazer com o dinheiro público. Isto significa privatizar o lucro e socializar o prejuizo.

    Como o Dante disse muito bem, o patrimônio deles é minúsculo quando comparado com a quantidade de dinheiro que eles faturam. Aí, infelizmente, quando acontece o que aconteceu recentemente, o produtor perde muito, e sózinho. Ninguém fala de arrumar dinheiro para ajudar os produtores que não receberam.

    Abração grande.

  88. Leocádio Cezar Ribeiro Cunha disse:

    Peço permissão aos autores das correspondências enviadas sobre este artigo, para assinar em conjunto os comentários enviados.

    Li boa parte deles e confesso que em dois anos de leitura dos artigos do BeefPoint, nenhum me chamou tanta a atenção. O professor Pedro Eduardo foi muito feliz em suas considerações em gênero, número e grau. Não precisamos acrescentar uma vírgula ao seu ensaio. É tudo o que os interessados na área produtiva de carnes precisavam saber.

    Acredito que mais que informação, este trabalho é profético. Tenho ouvido no mercado que alguns frigoríficos estão construindo abatedouros para até 10.000 cabeças/dia. Haja boi! Haja mão-de-obra para matar tanto boi! Não haverá maldição que dê conta de tanta matança.

  89. Rafael Vicentini disse:

    Sem dúvida, belíssimo texto, especialmente pela riqueza histórica.

    Contudo, sob uma observação exclusivamente pragmática, evidencia-se que os problemas que a indústria da carne enfrenta hoje, e que, aliás, historicamente, como claramente demonstra o professor, sempre enfrentou, são fruto de um elemento chave: a falta de boa gestão, isto é, de falta de planejamento estratégico, de boas práticas de governança, de operações seguras e consistentes com produtos financeiros (como hedge), tanto para insumos como para câmbio (no caso dos exportadores), de boa gestão de dívida, de investimento em tecnologia para agregar valor, de transparência, dentre outros.

    É flagrante a falta de profissionalismo na gestão de alguns dos principais “players” do mercado de carnes brasileiro, que a qualquer sopro de mudanças, não se incomodam em quebrar todo e qualquer avanço de governança e retroceder. Que não se incomodam em mudar planos de longo prazo, diante circustâncias que influem no curto prazo. E assim, se nas principais empresas se encontra tal flagelo, o que dizer das pequenas?

    Nessas certamente, os problemas são muito piores.

    O momento para o setor é chave, nunca dantes houve tal paradigma. Com o “boom” de cresimento econômico global, com o crédito farto, com o aumento espantaso do consumo de alimentos, com o entrada do capital estrangeiro no Brasil e também com o renascimento do mercado de capitais brasileiro, com a grande oferta de gado e a grande procura de carne, com o câmbio farovárel, de 1999 à 2007, muitos abatedouros se agigantaram, contudo muitas vezes, esse cresimento exponencial, não foi seguido por uma melhora semelhante no que diz respeito a gestão e profissionalismo. A consolidação, como diria Thelles (da ambev), vem em momentos de maré baixa. E isso é que certamente ocorrerá.

    Como jurista e interessado em Direito Concorrencial, posso afirmar que nem toda consolidação é ruim para a concorrência. Quando esta não decorre de práticas como dunping, trusts e cartéis, que ferem a autonomia do mercado, ela é benéfica à todos, pois, se deu pela eficiência tecnológica, jurídica e administrativa daqueles que foram responsáveis pela consolidação.

    Assim, posso concluir que aqueles que se preparam para o momento de “vacas magras”, quiça, “magerrímas” sobreviverá e consolidará, no bom sentido, o mercado de carnes brasileiro, desencandeando quem sabe no futuro uma evolução gerencial dos própios pecuaristas, que talvez sofram da mesma falta de profissionalismo.

    Me desculpem pela prolíxidade e ousadia.

  90. juraci de paiva junior disse:

    Felicitações, meu grande e admirável mestre!

    Não tenho nenhuma noção de economia, mas vejo nosso problema da pecuária, neste caso o da carne e também o do leite, pois, quando o leite está em baixa, se matam as vacas, como uma bomba de efeito retardado, tendo em vista que, a fartura esteve na mesa do varejo às custas das dificuldades que os pecuaristas enfrentaram de 2004 para cá.

    Neste período de crise, você ia nos nossos frigoríficos aqui do estado, muitas vezes só tinha fêmeas nos currais, e o que é pior, quase sempre novilhas, reflexo de uma crise silenciosa que ainda vai render muito.

    Você vai de Goiânia à ponte do Itacaiu sobre o rio araguaia, trajeto de + ou – 380 Km, percebe -se que nossos rebanhos foram aniquilados, só tem pastos vedados; não se vê caminhões boiadeiro na estrada. Agora com a crise lá fora vem a quebradeira dos frigoríficos, consequentemente a cartelização da industria e baixa de preço como sempre vemos.

    Eu imagino, meu professor, quanto tempo esse povo lá fora vai levar para voltar a comer carne; o nosso rebanho comido pouco a pouco, primeiro pela crise interna e agora por esta externa.

    Eu acho que, somos nós pecuarista, é que estamos pagando por esta maldição?

    Um grande abraço e parabens pelo excepcional artigo,

  91. eduardo ramalho disse:

    Caro Pedro

    Acredito que praticamente todas as industrias frigorificas pequenas e grandes que operam hoje começaram pequenas, sendo assim elas são viaveis em algum momento da sua trajetoria, acho que o grande problema é a ganancia do ser humano, quando o credito se torna muito grande então se planejam e executam grandes projetos sempre em cima do credito alheio, e ai a historia nos mostra tudo o que aconteceu e ainda esta por acontecer. Vejo que em um segmento onde se projeta tão infimas margens de lucro deva-se difundir o conceito de se trabalhar com o proprio dinheiro ou um minimo de alavancagem sobre o seu patrimonio. Façamos uma campanha pelo pagamento a vista, como se fosse uma revolução como a diretas já, ai os senhores verão que os projetos ficarão do tamanho que a perna de cada um alcançar, grandes e pequenos e ai não teriamos margens negativas como no começo de todas as boas industrias do mercado e elas estão ai, é so procurar e vender a vista.

    Parabens pelo impacto do seu pensamento ou conclusão.

    Um forte abraço.

  92. Pedro Eduardo de Felício disse:

    Prezados Senhores
    Eng. Agronomo José Roberto Puoli, especialista em Pecuária de Corte, de Campo Grande, MS.
    Sr. Leocádio Cezar Ribeiro Cunha, gerente comercial em Antonina, Paraná.
    Sr. Rafael de Queiroz, assessor jurídico, em Barretos, SP.

    Agradeço os comentários ao texto “Carne não dá lucro” que escrevi num momento de comoção com os acontecimentos vividos pelas empresas, uma em especial, que vinha valorizando como nunca no país a implementação de moderna tecnologia de abate, desossa etc.

    José Roberto, eu sei o que você está dizendo com relação aos subprodutos comestíveis e não comestíveis do boi, o chamado quinto quarto, mas esta parte tradicionalmente foi a parte que deveria custear toda a operação de abate e veja só o que aconteceu com o preço do couro desde o início da crise no ano passado.

    Claro que as empresas tentam otimizar o aproveitamento dessa parte para pagar as despesas de mão de obra, energia elétrica etc, mas nem sempre conseguem.

    Sr. Leocádio, eu não tinha ouvido falar nesse número tão absurdo, espero que não seja verdade, porque os maiores frigoríficos americanos têm um problema sério com a contaminação da carne porque não há tempo suficiente para esterilizar facas, serras e outros equipamentos em água a 85ºC, e acabam fazendo recall de carne contaminada por isso e também pela perfuração de vísceras brancas na apressada evisceração, sem contar com os acidentes de trabalho (fala-se em registros em livros separados, um para a fiscalização e outro para uso interno).

    Sr. Rafael, obrigado pelas explicações sobre direito concorrencial terei sempre em mente suas observações muito pertinentes nas minhas pregações contra o domínio do mercado da carne por meia dúzia de frigoríficos e a posse de grandes números de cabeças de gado pelas indústrias que miram na regularização da oferta e acertam na contenção dos preços na entressafra.

    Aproveito as cartas de vocês que mencionaram alguma coisa sobre investimentos em tecnologia para me penitenciar por uma omissão no artigo. Tenho que reconhecer que as maiores empresas do ramo (algumas menores também) investiram muito dinheiro em tecnologia desde o transporte do gado até o tratamento de efluentes, mas principalmente no ambiente interno do frigorífico para assegurar o fornecimento de carne de altíssima qualidade higiênica e sanitária no mercado interno e nas exportações.

    Peço desculpas pela omissão, porque este era um ponto muito importante que eu devia ter exaltado.

    Abraços e agradecimentos sinceros
    PEdeFelício

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