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Carne de frango desafia as intempéries

Em meio ao ambiente econômico deprimido que afeta praticamente todos os setores do país, as maiores empresas do setor – BRF e JBS Foods – estão embaladas pelos bons ventos do mercado externo, agora mais favoráveis devido à desvalorização do real e ao surto de gripe aviária que atinge alguns competidores como os EUA.

Até mesmo no mercado interno, onde o quadro de inflação elevada e fraca demanda preocupa frigoríficos de carne bovina, a indústria de carne de frango pode se beneficiar. Por ser a proteína mais barata, o produto vem ganhando espaço na preferência do consumidor em detrimento da carne bovina, que enfrenta resistência diante dos preços persistentemente altos.

“A carne de frango é muito conectada com a carne bovina. Quando se tem um patamar elevado, você estimula o consumo de frango”, diz o analista do Rabobank Adolfo Fontes. Mas o estímulo ao consumo não é o único efeito positivo para a indústria. Segundo ele, o cenário também abre espaço para uma alta das cotações da carne de frango, na medida em que o diferencial de preços entre a carne bovina e o produto permanece elevado.

Conforme cálculos elaborados pela consultoria Agrifatto, o preço do frango congelado no atacado paulista está 66% mais barato do que a carcaça bovina em 2015, ante a média anual de 58%. Segundo a analista Lygia Pimentel, da Agrifatto, trata-se da maior diferença desde 2007. Na prática, isso significa que o preço da carne de frango tem mesmo espaço para aumentar e, ainda assim, seguir mais vantajoso do que nessa média histórica.

Para o analista da MB Agro, César Castro Alves, a valorização do dólar também é um fator de pressão “altista” sobre as cotações de frango no mercado doméstico, por conta do impacto do câmbio sobre os custos na compra do farelo de soja usado na ração das aves.

E mesmo que essa alta não ocorra, Alves destaca que as chances de queda dos preços daqui para frente são mínimas, o que é positivo dado que a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), estima que a produção nacional de carne de frango aumentará 3% neste ano.

“O cenário é mais prejudicial para a carne bovina e acaba contribuindo para que não tenha chance de a carne de frango ficar mais barata”, considera o analista, que salienta o comportamento da indústria, que não ampliou a oferta de frango a ponto de colocar os preços em risco, ao contrário do que ocorria no passado.

É esse comportamento, aliado à boa demanda externa e aos custos confortáveis dos grãos, que ajudou a impulsionar as margens das empresas para níveis históricos. No último trimestre de 2014, a BRF, maior produtora e exportadora de carne de frango do Brasil, atingiu uma margem Ebitda 21,9%. No mesmo período, a JBS Foods teve uma margem de 18%. A expectativa é que a margem se mantenha em patamar elevado.

Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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