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Carne bovina: restrições na argentina podem impactar mercado global, diz Rabobank

Ao analisar o mercado de carne bovina a nível mundial, o Rabobank, em relatório relativo ao terceiro trimestre de 2021, deu uma atenção especial à Argentina, analisando que as limitações impostas pelo governo do país em junho em relação aos volumes e aos tipos de carne bovina que poderiam ser exportadas pelo país, após a suspensão dos embarques por 30 dias imposto pelo governo em maio, deverão trazer impactos no mercado global.

Segundo o analista em Proteína Animal do Rabobank, Angus Gidley-Baird, a Argentina foi o quinto maior exportador mundial de carne bovina em 2020 e o segundo maior fornecedor ao mercado da China. Pelas novas cotas, agora os embarques da Argentina ficarão limitados a 50% do volume médio mensal que foi exportado pelo país entre julho e dezembro de 2020. O primeiro prazo para revisão é no final de agosto, com possibilidade de prorrogação até dezembro.

O Rabobank acredita que esse novo sistema de cotas não tenha fim em agosto, embora possa sofrer algumas alterações que amenizem os impactos das restrições, especialmente em relação à China e Israel, os maiores mercados em carne bovina do país. Baird lembra que em 16 de agosto o governo argentino informou que permitiria uma cota adicional de 3.500 toneladas mensais para embarques a Israel.

O analista ressalta que há vários cenários possíveis no que diz respeito às projeções de embarques de carne bovina pela Argentina neste ano.

O primeiro deles seria uma redução de 50% nos volumes exportados, de acordo com o respectivo mês do ano anterior, a todos os destinos, exceto países identificados (como Estados Unidos, União Europeia e Israel) até dezembro de 2021, o que levaria a uma queda de 23,5% nas exportações em relação a 2020.

O segundo cenário reduziria em 50% os volumes exportados, de acordo com o respectivo mês do ano anterior, a todos os destinos, com exceção da China e dos países identificados até dezembro de 2021, o que reduziria os embarques do país em 9,5%.

Já o terceiro cenário reduziria as exportações em 50% para todos os mercados, de acordo com o respectivo mês do ano anterior até agosto, com uma retomada das exportações a todos os destinos a partir de setembro.

Para Baird, entretanto, o segundo cenário tende a ser o mais provável, com uma retomada dos embarques para a China, o que atenderia as principais demandas do setor produtivo e aumentaria a disponibilidade de carne bovina no mercado interno.

O Rabobank enfatiza que as restrições de embarques impostam pela Argentina podem vir a reduzir a produção de carne bovina do país entre 4% e 5% neste ano, favorecendo uma maior participação do Brasil e do Uruguai nas exportações de carne bovina.

No caso brasileiro, por exemplo, as exportações de carne bovina para a China melhoraram significativamente em junho e julho. As exportações brasileiras em junho (82 mil toneladas) aumentaram 22% em relação a maio e, em julho, tiveram outro aumento de 11%, atingindo 91 mil toneladas, o maior volume deste ano.

No Uruguai, dados do Instituto Nacional de Carnes (INAC) mostraram que no primeiro semestre de 2021 as exportações de carne bovina do país para a Argentina atingiram o maior nível em 10 anos, com volumes ao redor de 1.400 toneladas. O Rabobank destaca ainda que embarques de carne bovina do Uruguai para a China aumentaram 45% no primeiro semestre, atingindo cerca de 146 mil toneladas e os volumes para Israel aumentaram 83,6%, para 8,2 mil toneladas.

Covid, setor de food service e preços da carne bovina

O Rabobank sinaliza que o aumento do número global de casos de Covid-19 em meados de junho, após o pico registrado no final de abril, volta a trazer preocupação. Segundo o analista Sênior em Proteína Animal do banco, Angus Gidley-Baird, os números de casos na Europa, na região do Mediterrâneo Oriental, na África e na região do Pacífico Ocidental tiveram grandes aumentos. “Os números do varejo de alimentos permanecem fortes e as vendas de food service ainda estavam melhorando em junho, mas a nova variedade Delta e o aumento do número de casos podem impactar o food service nos próximos meses”, alerta.

O Rabobank entende que as restrições climáticas e de oferta deverão manter os principais preços dos grãos utilizados na ração animal em patamares elevados. As previsões do banco para trigo, milho e soja permanecem otimistas em termos de preços no quarto trimestre de 2021, o que criará pressões de aumento de custos para os orçamentos de rações.

O banco sinaliza também que preços do gado nos principais países exportadores de carne bovina continuaram subindo ou permaneceram estáveis até o segundo trimestre de 2021. “Argentina e Canadá foram as exceções notáveis, com uma contração bastante dramática nos preços do gado, bem como no Brasil, onde os preços do gado interromperam sua tendência de alta”, detalha Baird.

Fonte: Canal Rural.

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