Carne bovina, fundamental na alimentação infantil

Não é segredo que o Brasil enfrenta graves problemas relacionados à nutrição infantil. Não apenas pela desnutrição que acomete milhões de crianças, mas também pelos hábitos alimentares errôneos praticados por grande parte da população. Acostumadas com alimentação desbalanceada, rica em gorduras e açúcares, é cada vez maior o número de crianças obesas e anêmicas, sendo que muitas vezes as duas doenças acontecem simultaneamente, uma vez que mesmo obesa uma criança pode desenvolver anemia devido ao baixo consumo de nutrientes essenciais.

A deficiência de ferro é hoje o distúrbio alimentar mais freqüente entre as crianças do mundo todo. No Brasil, cerca de 40% das crianças sofrem de anemia por deficiência de ferro, problema que poderia ser resolvido apenas com alimentação correta, dispensando o uso de medicamentos.

A anemia pode se desenvolver devido à pouca ingestão de ferro ou por absorção insuficiente, ou seja, nem todos os alimentos que contêm ferro proporcionam absorção do nutriente satisfatória pelo organismo. Existem vários alimentos ricos em ferro, mas, entre eles, a carne vermelha é o que apresenta melhor absorção.

É muito fácil encontrar no mercado biscoitos e outros produtos voltados para crianças com adição de ferro. O difícil é dizer quanto desses ‘alimentos’ devem ser ingeridos para suprir as necessidades diárias, uma vez que a porcentagem do nutriente é pequena e ainda agregada a ingredientes pouco saudáveis. No caso da carne, 100 gramas diárias de fígado seriam o suficiente para evitar os problemas relacionados à deficiência de ferro na alimentação, como déficit neurológico, retardo no crescimento, fadiga e diminuição da capacidade de aprendizado.

Além de abundante fonte de ferro, a carne bovina é fonte de proteína, zinco e vitamina B12, nutrientes necessários tanto para desenvolvimento intelectual quanto físico. Durante os primeiros anos de vida, a criança precisa de grande quantidade protéica para ter desenvolvimento saudável. A melhor proteína que a criança pode receber é a do leite materno, mas como não é possível consumir leite materno por toda a infância, entra em cena a segunda melhor proteína: a carne vermelha.

Entre os outros elementos citados, o zinco assume função no crescimento, imunidade, fertilidade e replicação celular, enquanto a falta dele pode causar retardo no crescimento, problemas de pele e agravar uma série de doenças na vida adulta. Já a vitamina B12 incentiva a formação de glóbulos vermelhos e sua falta causa perda na capacidade de concentração e memória.

A ingestão de carne é um hábito que a criança deve adquirir o mais cedo possível. É importante incluí-la nas sopas e papinhas dos bebês, pois além de suprir as necessidades de ferro e zinco a carne ajuda a desenvolver a mastigação, o que pode prevenir problemas de dentição mais tarde. Outro hábito que recomendo é o uso de carnes com ossos no preparo de sopas, pois o osso deposita cálcio no caldo, enriquecendo a alimentação.

Os hábitos alimentares corretos devem ser rigorosamente seguidos desde a infância para proporcionar desenvolvimento saudável e também para evitar o aparecimento de doenças na vida adulta. Incentivando o consumo de doces, refrigerantes e frituras, o adulto está induzindo um conceito errado de alimentação. Se desde cedo a criança for acostumada com verduras, legumes e carnes, ela não rejeitará esses alimentos mais tarde. Além disso, muitas coisas podem ser feitas para tornar a carne atrativa para as crianças, como espetinho de carne com legumes, hambúrguer, bolinho ou carne moída. Vale lembrar que não precisa ser corte traseiro: as carnes dianteiras têm o mesmo valor nutricional e preço mais acessível.