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‘Carne bovina’ e ‘produção de gado’ são diferentes para o consumidor, explica especialista americano

As “respostas” que a indústria vem fornecendo tendem a focar na alimentação da população mundial e na manutenção de alimentos abundantes e acessíveis. Porém, disse Lundeen, essas não são questões feitas pelos consumidores. Eles geralmente aceitam esses pontos e até mesmo os consideram garantidos.

Como sabemos na vida cotidiana, quando presumimos que entendemos as preferências, desejos e preocupações de alguém, com frequência estamos errados. A indústria de carne bovina está aprendendo essa lição com relação aos consumidores. Antes de podermos entender o que eles querem, precisamos perguntar a eles. E mesmo isso, não é simples.

Em uma apresentação no Congresso Internacional de Pecuária, realizado em Denver, John Lundeen, diretor executivo sênior de pesquisa de mercado da Associação Nacional de Produtores de Carne Bovina dos Estados Unidos (NCBA), descreveu alguns esforços para aprender mais sobre os consumidores de carne bovina e o que esses estudos revelam. A boa notícia é que a maioria dos consumidores adora carne bovina e as mensagens certas podem motivá-los a consumir mais do produto. Entretanto, existem pontos que a indústria precisa resolver.

Veja o exemplo das percepções dos consumidores sobre “carne bovina” versus suas percepções sobre “produção de gado”. Em uma pesquisa com os consumidores, pesquisadores descobriram que 72% dos participantes achavam que os pontos positivos da carne ultrapassavam muito ou um pouco os negativos, com o resto acreditando que os pontos negativos ultrapassavam bastante ou um pouco os positivos. Eles também descobriram uma forte correlação disso com o consumo.

Os consumidores que acreditavam que os pontos positivos ultrapassavam bastante os negativos (grupo 1) comiam carne bovina em média 2,5 vezes por semana, enquanto aqueles que acreditavam que os positivos ultrapassavam um pouco os negativos (grupo 2) consumiam carne bovina em média duas vezes por semana. Entre os consumidores que acreditavam que os pontos negativos ultrapassavam um pouco os positivos (grupo 3), o consumo caía para 1,5 vezes por semana. Lundeen disse que um trabalho informativo poderia mover o grupo 2 ao grupo 1 e parte do grupo 3 ao grupo 2, aumentando o consumo de carne bovina.

Entretanto, quando os pesquisadores perguntaram aos consumidores suas percepções sobre a produção de gado, a porcentagem indicando que acreditava que os pontos positivos ultrapassava muito ou um pouco os negativos caiu para 61%, uma queda de 11% com relação às percepções referentes à carne. Um estudo de 2011 sobre confinamentos também mostrou uma desconexão nas formas como os consumidores viam a produção de carne bovina.

Pesquisadores mostraram imagens aos consumidores e avaliaram suas reações. Ao mostrar uma imagem de pecuaristas em um cavalo movimentando o gado em uma pastagem verde, 74% dos consumidores gostaram. Somente 40%, entretanto, acreditavam que a imagem refletia de forma precisa a indústria de carne bovina. Ao mostrar imagens de gado em um confinamento ou de animais alinhados no cocho, somente 23% gostaram, mas cerca de 60% acreditavam que isso reflete a indústria.

Na era da comunicação instantânea de hoje, mensagens negativas podem se espalhar rapidamente. Em uma análise recente da cobertura da mídia sobre carne bovina, pesquisadores descobriram que na mídia tradicional como a impressa, rádio e televisão, 42% das histórias se relacionavam à economia, como o custo da carne e o efeito da seca em seus preços. Vinte e um por cento das histórias se relacionavam à segurança da carne bovina e outras 21% eram sobre questões ambientais. Porém, quando os pesquisadores avaliaram a mídia social online, o tom tende a ser mais negativo. A análise mostrou que a maioria das discussões na mídia social sobre carne bovina focava em segurança, nutrição, meio-ambiente e direitos dos animais. Somente 13% das discussões eram relacionadas a fatores econômicos da carne bovina.

Como mudar essas percepções? Um primeiro passo, disse Lundeen, é responder às perguntas que os consumidores estão realmente fazendo, ao invés de responder o que queremos. As “respostas” que a indústria vem fornecendo tendem a focar na alimentação da população mundial e na manutenção de alimentos abundantes e acessíveis. Porém, disse Lundeen, essas não são questões feitas pelos consumidores. Eles geralmente aceitam esses pontos e até mesmo os consideram garantidos.

Ao invés disso, os consumidores estão fazendo questões sobre como as práticas de produção moderna afetam a saúde de sua família em longo prazo. Eles estão questionando as formas como os produtores rurais tratam seus animais e estão perguntando sobre impactos ambientais da produção de carne bovina. As mensagens que ressoam em uma pesquisa com consumidores incluem as que informam que os produtores de carne estão trabalhando para melhorar as práticas de produção, tratando os animais de forma humana e protegendo o meio-ambiente, enquanto produzem um alimento seguro e saudável.

No mesmo estudo sobre as mensagens do confinamento mencionado acima, os pesquisadores descobriram que mensagens relacionadas à saúde humana eram importantíssimas para a confiança dos consumidores. Entretanto, fornecer informações sobre o cuidado do gado, dietas dos animais e o envolvimento humano nos confinamentos ressoou fortemente junto aos consumidores. Muitos, por exemplo, não sabiam que os confinamentos usam nutricionistas profissionais para formular dietas saudáveis para o gado ou que funcionários interagem com o gado todos os dias para checar problemas de saúde.

Lembram dos grupos citados anteriormente, onde o grupo 1 acredita que os pontos positivos da carne bovina ultrapassam bastante os negativos, o grupo 2 acredita que os positivos ultrapassam um pouco os negativos e o grupo 3 acredita que os negativos ultrapassam um pouco os positivos? Depois dessa exposição às mensagens sobre cuidados com o gado e nutrição, junto com outras informações positivas e factuais sobre a engorda do gado, 23% das pessoas do grupo 3 mudaram para o grupo 2, sugerindo que seu consumo de carne bovina também aumentaria. Entretanto, para 22% dos consumidores inicialmente no grupo 1, suas percepções sobre a engorda do gado realmente caiu um pouco após aprender mais sobre o processo, indicando que alguns consumidores prefeririam não saber mais sobre de onde vem seu alimento.

Quando se fala de percepções da tecnologia usada na produção de carne bovina, Lundeen disse que as pesquisas mostraram que 73% dos consumidores estão confortáveis com isso se for melhorar a segurança da carne bovina, 65% se melhorar o cuidado ou o conforto do gado e 65% se for para tratamento médico. Entretanto, esses números caem para 46% se for para manter o preço da carne bovina acessível, 36% para ajudar novos produtores a entrar no negócio e 27% para melhorar o rendimento da carne magra. Sete por cento indicam que preferem que essas tecnologias não sejam usadas.

A reportagem é da Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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