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Campilobacteriose genital bovina e triconomose bovina – doenças que afetam a reprodução em bovinos de corte

A mortalidade embrionária e fetal em bovinos é um problema de grande importância para todos os sistemas de criação. Mesmo onde não acontece em grandes proporções, é uma condição que carece de monitoramento constante, tal a possibilidade de perdas decorrentes da elevação na sua ocorrência. Os agentes infecciosos causadores das doenças da reprodução têm certa predisposição para os órgãos genitais. As principais causas infecciosas de morte embrionária e fetal em bovinos são: Tricomonose, Campilobacteriose, Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Diarreia Viral Bovina (BVD), Leptospirose e Brucelose.

Introdução

A interação entre os aspectos sanitários e a eficiência reprodutiva em rebanhos de corte e leite é de grande importância e tem sido demonstrada em inúmeros trabalhos. Os diferentes agentes infecciosos podem afetar a reprodução das fêmeas e dos machos bovinos de diversas formas: alterando a qualidade e quantidade dos gametas, dificultando ou impedindo a fecundação, alterando o ambiente ideal para desenvolvimento do embrião e provocando morte embrionária ou fetal, dependendo da fase da gestação (GIOSO et al., 2009).

A mortalidade embrionária e fetal em bovinos é um problema de grande importância para todos os sistemas de criação. Mesmo onde não acontece em grandes proporções, é uma condição que carece de monitoramento constante, tal a possibilidade de perdas decorrentes da elevação na sua ocorrência.

Assim, mesmo quando a produção de gametas e a qualidade dos mesmos não são afetadas, o principal efeito nefasto destes agentes ocorre devido à perda de viabilidade embrionária, do concepto ou feto.

Os agentes infecciosos causadores das doenças da reprodução têm certa predisposição para os órgãos genitais. As principais causas infecciosas de morte embrionária e fetal em bovinos são: Tricomonose, Campilobacteriose, Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Diarreia Viral Bovina (BVD), Leptospirose e Brucelose.

Neste módulo, começaremos a abordar duas das principais doenças específicas da reprodução que causam diminuição da produtividade na bovinocultura de corte, principalmente em regime extensivo e com o uso da monta natural: a Campilobacteriose Genital Bovina e a Tricomonose Bovina.

Agentes etiológicos, epidemiologia e perdas econômicas

Trata-se de uma bactéria (Campylobacter fetus subespécie venerealis) e um protozoário (Tritrichomonas foetus), que causam problemas reprodutivos principalmente em fêmeas bovinas.
A presença de Campylobacter fetus, subespécie venerealis e Tritrichomonas foetus, agentes causadores da campilobacteriose e tricomonose, tem sido relatada em rebanhos bovinos de diferentes regiões do Brasil. Dependendo da área estudada, a elevada prevalência dessas doenças se constitui em um dos principais fatores sanitários que interferem nos índices reprodutivos do rebanho bovino (Figura 1).
Alguns fatores de risco são considerados importantes para a disseminação dessas doenças, tal como a utilização de manejo reprodutivo com monta natural, o uso de touros com idade superior a cinco anos no rebanho e a utilização de touro de repasse em propriedades que utilizam a inseminação artificial (PELLEGRIN, 1999).
Figura 1 – Estudos de frequência de Campilobacteriose Genital Bovina no Brasil de 1956 a 2005. Fonte: Stynen e Neta (2006).

Nas fêmeas, a doença caracteriza-se por infertilidade temporária e, como resultado, podem apresentar cervicite, endometrite e salpingite (STOESSEL, 1982). A alteração mais frequente é a repetição de cios em intervalos regulares ou irregulares, impondo aos produtores, significativas perdas econômicas, traduzidas pelo aumento de intervalos de partos e, como consequência, menor produtividade (leite ou carne). Adicionalmente, outros impactos econômicos são considerados como a necessidade de descarte de animais inférteis e reposição de animais (tanto machos como fêmeas).

A importância da tricomonose e campilobacteriose bovina pode ser verificada pelos efeitos diretos e indiretos sobre a performance reprodutiva e, consequentemente, sobre a produtividade dos rebanhos infectados. As perdas com esta doença em gado de corte podem ser relacionadas com os custos com tratamento, custos com sacrifício, com reposição de animais infectados e o mais importante: queda na produção de bezerros pela demora no estabelecimento da prenhez a termo.

Transmissão

O habitat natural destes agentes é o trato reprodutivo dos bovinos; no touro eles colonizam a mucosa prepucial e na vaca a mucosa da vagina, cérvix, útero e tubas uterinas. Nos machos, a infecção limita-se à cavidade prepucial e não se observam anormalidades clínicas nos animais infectados (DEKEYSER, 1984).

Portanto, por serem portadores assintomáticos, os touros são caracterizados como os grandes responsáveis pela difusão da doença no rebanho (GARCIA et al., 1993). Animais mais velhos têm maior probabilidade de serem disseminadores, isto por que apresentam maior profundidade das criptas da mucosa prepucial, o que favorece a instalação e permanência dos agentes, devido às condições ideais de microaerofilia (atmosfera contendo cerca de 10% de CO2 e 5% de O2) para o seu desenvolvimento. A infecção persiste no macho durante toda a vida, sendo que o mesmo não produz anticorpos específicos contra os agentes. A fêmea, embora possa eliminar o parasito, não apresenta imunidade frente às novas infecções, após transcorrer um período muito longo de tempo.

A transmissão ocorre pela cópula, sendo transmitido do macho para a fêmea, e vice-versa. Menos frequente, a transmissão não venérea pode ocorrer por fômites, cama, vagina artificial, instrumentos obstétricos e sêmen contaminado (PELLEGRIN, 1999).

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Este curso será instruído por Marilu Martins Gioso, que possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa (2001), mestrado em Medicina Veterinária – Reprodução Animal pela Universidade Federal de Viçosa (2003) e doutorado em Medicina Veterinária – Reprodução Animal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) – Campus Botucatu (2006). Atualmente é professora titular da graduação em Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade José do Rosário Vellano e professora da pós-graduação (nível mestrado) em Ciência Animal e Reprodução Animal nesta mesma instituição.
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