Apesar da demanda firme, a apreciação do Real perante o dólar atingiu em cheio a rentabilidade dos exportadores. A margem da indústria já é negativa nas vendas de carne bovina para o Egito, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. No primeiro semestre, o país africano foi o segundo principal importador do produto nacional, de acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Neste momento, a situação dos exportadores de carne bovina é ainda pior que a dos exportadores de carne suína e de frango, tendo em vista que o preço em dólar do produto in natura caiu 0,4% na comparação de junho o mês anterior, conforme os dados da Secex. Além disso, fazer o repasse necessário dos preços para recompor a margem não é simples.
Pelos cálculos da MB Agro, o diferencial entre o preço da carne bovina exportada pelo país e o do boi gordo estava em 7% em maio – o número de junho ainda não havia sido fechado. No início de 2016, esse índice estava em 28%.
Na avaliação do analista Adolfo Fontes, do Rabobank, a apreciação do dólar pode reduzir o ritmo de crescimento dos embarques ao exterior no segundo semestre.
Para a indústria de carne bovina, a exportação menos rentável se soma ao preço mais alto do boi gordo, insumo responsável por cerca de 80% dos custos de produção dos frigoríficos. Além disso, o consumo de carne bovina no mercado doméstico segue em queda e pode atingir o menor patamar, em termos per capita, em 20 anos. A expectativa é que só haja uma recuperação em 2017.
Fonte: Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.