O sucesso de qualquer projeto é tentar entender a demanda do consumidor e atendê-la de forma viável – por Roberto Barcellos
21 de maio de 2014
Participe do Evento Final – Rally da Pecuária 2014
21 de maio de 2014

Câmbio mantém atrativas as exportações do agronegócio

Segundo cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o faturamento das exportações do agronegócio em moeda nacional aumentou 9% no comparativo do primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2013. O impulso veio da combinação de desvalorização cambial (IC-Agro/Cepea) de 11% com aumento do volume exportado (IVE-Agro/Cepea) em pouco mais de 2%. Em dólares, contudo, o faturamento baixou 1,4%, já que os preços, também em dólares, recuaram 4,8% no comparativo dos primeiros trimestres. Da combinação entre valorização do real e queda dos preços internacionais em dólar (IPE-Agro/Cepea) resultou a elevação de 6% do índice de atratividade das vendas externas (IAT-Agro/Cepea).

De 2000 a 2014, os preços em dólares (IPE-Agro/Cepea) dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro quase dobraram, um crescimento de 92,25%. A tendência de avanço é observada em quase todo o período, com pico de valorização no ano de 2011 e leve reversão de tendência a partir de então. Especificamente no primeiro trimestre de 2014, os preços externos caíram quase 5% frente à média do ano de 2013 (Figura 1).

Os preços em reais, que representam a atratividade das exportações nacionais (IAT-Agro/Cepea), tiveram aumento de aproximadamente 1% no período de 2000 a 2014. No primeiro trimestre de 2014 especificamente, houve recuperação da atratividade das exportações brasileiras de quase 4% comparativamente à média do ano 2013. O volume exportado (medido pelo IVE-Agro/Cepea), por sua vez, cresceu 165,73% entre 2000 e 2014, apresentando forte crescimento das médias anuais de 2000 a 2013 e reversão de tendência no início de 2014 (Figura 1).

Captura de Tela 2014-05-21 às 16.06.13

Figura 1 – Índice de Preços de Exportação do Agronegócio (IPE-Agro/Cepea) em dólar, Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE-Agro/Cepea), Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) e o Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea).  Dados anualizados. Para o ano de 2014, considera-se a média de janeiro até março.
Fonte: Cepea/Esalq-USP

Em março de 2014, comparativamente a março de 2013, o volume exportado pelo agronegócio apresentou crescimento de 10%. Na comparação trimestral, janeiro a março de 2014 comparado com janeiro a março de 2013, o crescimento foi de pouco mais de 2% .

Já os preços em dólares dos produtos exportados pelo agronegócio (IPE-Agro/Cepea) abriram o ano na trajetória de queda iniciada em maio de 2013. A partir de fevereiro, no entanto, passaram a se recuperar. Especificamente na comparação dos valores observados em março de 2014 e em março de 2013, ainda há queda de 1,9%. Na média do primeiro trimestre de 2014 frente ao primeiro trimestre de 2013, a redução foi maior, em torno de 5%.

Quanto ao Índice de Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea), o movimento foi de queda de janeiro a julho de 2013. A partir de então, o real passou a se desvalorizar diante das moedas dos principais parceiros comerciais, sendo que, de agosto de 2013 a março de 2014, houve maior oscilação, mas em torno de um nível superior ao observado no período anterior. Na comparação entre trimestres (1º. 2014/1º. 2013), o real se desvalorizou mais de 11% em relação à cesta de moedas de seus principais parceiros comerciais; no comparativo específico de março/14 com março do ano passado, a desvalorização foi de 12%.

Desde o ano 2000 (início dessas análises) o agronegócio brasileiro vem aumentando sua participação no comércio internacional, o que se evidencia pelo aumento crescente do volume exportado. No primeiro trimestre de 2014, aparticipação do setor foi de 45% no valor (faturamento) das exportações totais brasileiras.

Na comparação dos primeiros trimestres de 2014 e 2013, registraram-se aumento de 2,3% no volume exportado, redução de 4,8% nos preços em dólares, desvalorização de 11% na taxa de câmbio efetiva real do agronegócio e alta de 6% na atratividade (IAT-Agro/Cepea) das exportações nacionais. Como resultado, o valor exportado em dólar caiu 1,4% nesse período, mas em Real, aumentou 9%.

Destacaram-se pelo crescimento de volume embarcado a soja em grão, carne bovina, óleo de soja, café, farelo de soja, madeira e celulose. Em termos de preços, apresentaram ganhos apenas frutas e o farelo de soja. Com a forte desvalorização da moeda nacional observada nesse início de ano, em torno de 11%, mesmo vendendo a preços menores em dólar, a maioria dos setores conseguiu manter atratividade positiva, com exceção das carnes de aves, açúcar, óleo de soja, café e milho.

Para os próximos meses espera-se aumento nas quantidades exportadas, principalmente dos produtos da soja, uma vez que, com o final da colheita da oleaginosa esperado para o segundo trimestre do ano, haverá maior disponibilidade do produto para embarque. Quanto aos preços de exportação, há maiores incertezas, pois, de um lado, a demanda por alimentos deve continuar firme mesmo com a redução no ritmo de crescimento da economia chinesa, principal parceiro comercial do Brasil.

Do lado da oferta, eventos climáticos já impactaram a safra brasileira no início de 2014, provocando redução na disponibilidade dos produtos exportados pelo agronegócio. Ainda há perspectivas de que a safra norte-americana também seja afetada por adversidades climáticas em 2014, o que pode diminuir a oferta mundial de produtos agrícolas para este ano e impactar positivamente os preços externos.

Fonte: Cepea/Esalq-USP, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

 

 

 

 

 

 

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress